Desenvolvimento de matriz de microeletrodos para mapeamento epicárdico de coração isolado de coelho em setup experimental
Introdução: Registros de alta densidade da sequência de ativação elétrica cardíaca são valiosos na pesquisa, pois fornecem caracterização espaço-temporal e eletrofisiológica dos tecidos biológicos estudados. Matrizes de microeletrodos (Microelectrode Arrays - MEAs) disponíveis comercialmente têm sido amplamente utilizadas para adquirir essas informações eletrofisiológicas de alta densidade, porém não podem ser usadas com facilidade em um coração de um coelho, devido à sua pequena área de mapeamento e geometria não condizente com a curvatura do epicárdio.
Objetivos: O objetivo desse projeto é desenvolver uma matriz de microeletrodos capaz de mapear diferentes áreas do epicárdio, em especial do átrio esquerdo de um coração isolado de coelho em perfusão Langendorff, atuando em conjunto com mapeamento ótico da atividade elétrica.
Métodos: De forma iterativa foram criadas diversas versões de MEAs, validando a sua estabilidade mecânica em contato com o epicárdio do coração mapeado, qualidade do sinal elétrico e interferência com o sistema de mapeamento ótico. Os MEAs foram conectados à um headstage de 64 canais (Intan, EUA), então conectados à uma placa de aquisição de 256 canais (Open Ephys, EUA) a uma taxa de amostragem de 2kHz por canal. Após o coração ter sido isolado, reperfundido e inserido em um tanque de mapeamento os MEAs foram posicionados no átrio esquerdo e avaliados quanto à qualidade do sinal elétrico adquirido e estabilidade dos sinais elétricos dos eletrodos ao longo do experimento. Para avaliação da interferência com o sistema de mapeamento ótico, os MEAs foram caracterizados com um espectrômetro de fibra ótica (Ocean Optics, EUA) com foco na faixa da frequência de emissão de fluorescência do composto utilizado para mapeamento ótico, 730 nm.
Resultados: Os MEAs criados, foram progressivamente modificados, primeiramente pela troca do material base de silicone para PET, melhorando significativamente a transmitância em 730 nm e posteriormente realizando troca de material e aumento da área do eletrodo com a finalidade de melhorar a qualidade dos sinais elétricos adquiridos, sendo a última versão composta de folha de PET de 0,40mm de espessura, eletrodos polidos de platina-íridio de 1 mm² em uma matriz 4x4, ligados através de cabos esmaltados ao sistema de aquisição.
Conclusões: Os MEAs customizados cumpriram a sua função, permitindo a aquisição confiável e com qualidade dos sinais elétricos epicárdicos com mínima interferência no sistema de mapeamento óptico, apenas devido aos própios eletrodos que impedem a transmissão do sinal ótico através dos MEAs.