Desenvolvimento de hidrogel à base de gelatina associado ao fosfato tricálcico e azul de metileno para uso em enxertia óssea
A busca por biomateriais e técnicas que minimizem o número de intervenções cirúrgicas e que propiciem um reparo eficiente ainda se faz necessária. Neste sentido, biomateriais que promovam o reparo de tecidos duros e moles, e que associem a atividade de descontaminação simultânea do sítio cirúrgico se tornam interessantes principalmente nos procedimentos de enxertia óssea intraorais, considerando que a cavidade bucal possui microrganismos que podem comprometer o sucesso do procedimento. Assim, este estudo objetivou desenvolver um biomaterial que facilite um procedimento de enxertia óssea com descontaminação simultânea local. O biomaterial proposto possui base de gelatina associado ao fosfato tricálcico (TCP), um potente agente que promove a remineralização óssea, e ao azul de metileno, um fotossensibilizador empregado em terapia fotodinâmica antimicrobiana (aPDT). Para tal, filmes densos de gelatina com TCP foram preparados usando a técnica de dissolução da gelatina em solvente 2,2,2 trifluoretanol-TFE 5%. Após, a incorporação de azul de metileno a 0,005% foi efetuada por meio de intumescimento. A caracterização dos filmes foi efetuada por microscopia eletrônica de varredura (MEV), testes de intumescimento, espectroscopia de absorção no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) e análise termogravimétrica (TGA). Também foram efetuados testes de citotoxicidade, usando células Vero, assim como testes de redução microbiana com S. aureus. Foi possível notar a formação de um filme estável, com o predomínio de TCP na porção inferior, e de coloração azul uniforme, o que sugere a incorporação de ambos os solutos na membrana de gelatina. A comprovação desta incorporação foi confirmada pelas análises de FTIR e de MEV. Tais filmes não se apresentaram citotóxicos na ausência de luz; contudo, após a irradiação dos filmes com laser vermelho, de comprimento de onda de 660 nm, observou-se mais de 90% de redução bacteriana. Pode-se concluir que o hidrogel desenvolvido apresenta-se promissor para futura aplicação clínica.