A influência da ablação cardíaca na caracterização eletrofisiológica do átrio isolado de ratos
O estudo e caracterização de parâmetros eletrofisiológicos calculados a partir de eletrogramas do átrio permite o entendimento das características do miocárdio e sua propagação da atividade elétrica. Neste projeto, a atividade elétrica do átrio isolado de ratos foi estudada através do mapeamento elétrico e óptico realizados respectivamente no epicárdio e endocárdio após a ablação do epicárdio em diferentes estratégias de tempo de duração (0,5 s, 1 s, 1,5 s, 2 s, 3 s e 4 s). Métodos: Após a ablação do nodo sino atrial, o átrio foi estimulado eletricamente por um pulso retangular com taxa de repetição entre 5 Hz e 5,5 Hz. A atividade elétrica do epicárdio foi adquirida por 8 eletrodos espaçados de forma equidistante em um cateter circular de 0,2 mm de diâmetro (100 KHz). Simultaneamente, a atividade elétrica do endocárdio foi adquirida pelo mapeamento óptico com uma câmera CCD (868 Hz, 82x82 pixels, tamanho do pixel 16μm×16μm). Os procedimentos experimentais foram realizados pelos colaboradores deste projeto no Institute of Biomedical Engineering of the Karlsruhe Institute of Technology. Para cada protocolo, eletrogramas com duração de 4s foram analisados em off-line através do software Matlab (MathWorks, R2019a). Pré-processamento: os sinais unipolares do epicárdio foram reamostrados para 5 kHz e filtrados por um filtro passa-alta com frequência de corte de 0.5 Hz (ordem 2, Butterworth) e um notch em 50 Hz. Os eletrogramas ópticos foram filtrados por um filtro Gaussiano. As análises foram realizadas no domínio do tempo e da frequência. No domínio do tempo, as métricas calculadas foram: duração do potencial de ação óptico (OAPD30, OAPD50 e OAPD70), mapas isócronos, velocidade de condução (para os sinais ópticos) e tempo e atraso entre ativações (sinais ópticos e elétricos). A análise em frequência foi realizada pela Fourier em tempo discreto (segmentos de 4 s, janela tipo Hanning, zero padding de 5x e passo de frequência de 0.05 Hz) para identificação da frequência dominante no espectro, definida como frequência de maior pico. O índice de organização (OI) foi calculado como a área da frequência dominante e de seus harmônicos sobre a área total do espectro. Resultados: A morfologia dos eletrogramas ópticos e elétricos foram alterados conforme o aumento do tempo de ablação dificultando a identificação dos tempos de ativação e repolarização. Ademais, a amplitude pico a pico (p=0,001, F=2501,6) e o tempo entre ativações (p = 0.001, F = 13070) também reduziram, sendo o tempo de ablação de 4 s o que maior trouxe impacto nestas variáveis (p=0,001, F=85,58). OAPD30, OAPD50 e OAPD70 foram de 14 ms, 20 ms e 30 ms respectivamente. Após 4 s de ablação, estes valores foram reduzidos para 8 ms, 10 ms e 10 ms, respectivamente. Os mapas isócronos mostram a propagação das frentes de ondas com velocidade de condução de 862,39 mm/s. As áreas abladas alteraram o padrão de propagação e sua velocidade de condução foi reduzida para 4,92 mm/s. O atraso entre os sinais ópticos e elétricos foi de 42 ms. A FD e OI reduziram com o aumento do tempo de ablação (6.7 Hz e 0.8 para o baseline vs. 5.4 Hz e 0.4 para 4 s) implicando em eletrogramas fracionados. Conclusão: Através da caracterização de métricas tradicionais aplicadas aos eletrogramas elétricos e ópticos foi possível identificar as alterações importantes das regiões ablacionadas, em especial para tempos de ablação longos.