EFEITOS MICROESTRUTURAIS DA DESCONTAMINAÇÃO POR RADIAÇÃO UV-C DE MÁSCARAS E PROTETORES FACIAIS
A radiação UV-C tem sido amplamente empregada para descontaminação de ambientes e de dispositivos médico-hospitalares, ganhando destaque principalmente durante a pandemia do Covid-19. Embora seja bastante eficaz, pouco se sabe sobre os efeitos de múltiplas exposições sobre a microestrutura de diferentes materiais, o que pode interferir principalmente na durabilidade dos mesmos. Assim, este estudo objetivou avaliar os efeitos composicionais, de tensão superficial e morfológicos exercidos pela radiação UV-C em dispositivos de uso rotineiro durante a pandemia do Covid-19, tais como máscaras e protetores faciais, após diferentes exposições à radiação. Para tal, amostras de máscaras N95, protetores faciais e máscaras de nebulização foram preparadas e submetidas à descontaminação por radiação UV-C empregando dispositivo comercial, em diferentes exposições: 0 exposição (grupo controle), 1, 10, 30 e 90 exposições. As mudanças composicionais foram avaliadas por espectroscopia de absorção no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR); a molhabilidade foi avaliada por análise de tensão superficial e ângulo de contato, e as alterações morfológicas analisadas por microscopia eletrônica de varredura. A análise estatística foi efetuada empregando-se o teste de Kruskal-Wallis e Student-Newmann-Keuls, considerando o nivel de significância estatística de 5%. Foi possível evidenciar uma relação positiva entre o número de exposições e as alterações composicionais nas amostras, relacionadas principalmente ao conteúdo de plastificante dos protetores faciais e máscaras de nebulização. O número de exposições ocasionou mudanças na molhabilidade das máscaras N95, provavelmente em decorência as alterações morfológicas observadas. Desta forma, pode-se concluir que a radiação UV-C pode alterar as características microestruturais de máscaras e protetores faciais, em uma relação positiva com o aumento do tempo de exposição.