Empatia e Modulação por Valência em Intentional Binding: Interações Socioafetivas no Senso de Agência
Este projeto visa esclarecer a influência da valência emocional sobre a percepção de agência, como evidenciada através de binding temporal - a contração subjetiva do intervalo entre ação e consequência - bem como suas correlações com o traço individual de empatia e indicadores psicofisiológicos do impacto da valência dos estímulos. Achados recentes discordam quanto a consequências positivas manifestadas após uma ação individual levarem ou não a um binding temporal mais forte, quando comparadas com consequências negativas (Yoshie & Haggard, 2013, 2017). As discrepâncias na literatura possivelmente se dão pelo excesso de subjetividade nas tarefas experimentais ou por covariadas omitidas nos protocolos, que desconsideram aspectos sócio-afetivos como empatia.
Neste projeto, adaptamos os protocolos experimentais originais introduzindo um método de escolha forçada entre dois intervalos em uma tarefa de discriminação temporal. Investigamos, em experimentos distintos, a correlação da magnitude da modulação por valência com o traço individual de empatia, e com a variação em parâmetros psicofisiológicos em resposta aos estímulos. Se, usando o novo método psicofísico, a existência de modulação de binding temporal por valência da consequência for confirmada, esperamos encontrar evidências de que voluntários com maiores escores em habilidades empáticas experimentam a percepção de agência em um grau maior em resposta a estímulos positivos. A nível intra-sujeito, esperamos que uma assinatura psicofisiológica do impacto da valência esteja correlacionada com a modulação do binding temporal na direção prevista.
Apresentamos, neste texto, os resultados de um levantamento prévio para verificar escores de arousal e de valência dos estímulos auditivos usados no estudo original de Yoshie e Haggard (2013) – vocalizações com carga afetiva – em um grupo de voluntários que também responderam à versão Brasileira da Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal (EMRI; Davis, 1983). Além de confirmar a classificação de valência dos estímulos, o levantamento mostra que existe correlação significativa entre as avaliações de valência por parte dos voluntários e os escores destes de empatia como medido pela EMRI. São apresentados resultados preliminares de um experimento realizado através de plataforma online que aplica a metodologia proposta para a verificação da ocorrência de binding intencional e a modulação deste, em observadores que também respondem à EMRI. Ainda é detalhado o experimento presencial que relaciona a modulação afetiva, se ocorrer, com as variações em estado afetivo conforme medidas pelo registro psicofisiológico, mais especificamente por condutância dérmica e taxa cardíaca. Possíveis conclusões são discutidas.