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Dissertações |
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LUANA DOS SANTOS DE OLIVEIRA
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ANÁLISE BIOMECÂNICA E NEURAL DA INICIAÇÃO DO PASSO DURANTE CONFLITO COGNITIVO-MOTOR NA DOENÇA DE PARKINSON
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Orientador : DANIEL BOARI COELHO
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Data: 9/Jan/2024
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Introdução: O processo de iniciação do passo é particularmente interessante para a doença de Parkinson (DP) porque combina elementos cognitivos e motores para preparar o movimento (conhecido como ajustes posturais antecipatórios, APA) e executá-lo (conhecido como o passo em si). Os distúrbios do início do passo na DP incluem APAs hipocinéticos (escala reduzida) e bradicinéticos (tempo anormal). O fato de que esse programa motor da iniciação ao passo pode ser alterado por emoções, atenção e gatilhos externos sugere que existe um mecanismo fisiopatológico complexo que envolve não apenas as redes locomotoras, mas também áreas corticais e o sistema dos gânglios da base. O início do passo na DP é frequentemente afetado por bloqueios motores (um subtipo do fenômeno conhecido como Congelamento da Marcha, CM). No entanto ainda não se sabe exatamente quais substratos neurais realmente estão envolvidos neste sintoma. A falta de um entendimento mais aprofundado sobre as regiões cerebrais envolvidas no processamento cognitivo-motor durante atividades ecológicas como dar o passo, dificulta a interpretação e, consequentemente, o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes. Objetivos: Avaliar a resposta biomecânica e a hemodinâmica de ambos os córtices pré-frontais dorsolaterais e da área motora suplementar durante o início do passo sob conflito cognitivo-motor em pessoas com e sem congelamento de marcha na Doença de Parkinson. Métodos: Participaram desse estudo 35 indivíduos diagnosticados com doença de Parkinson idiopática (16 com congelamento de marcha) e 17 indivíduos neurologicamente sadios. As respostas hemodinâmicas da área motora suplementar (AMS) e do córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL) foram avaliadas usando espectroscopia funcional no infravermelho próximo (fNIRS) durante uma tarefa de iniciação do passo sob conflito cognitivo-motor para selecionar o pé para dar o passo (condições congruentes e incongruentes). As seguintes variáveis foram analisadas: (a) tempo de início do APA; (b) duração do APA; (c) amplitude do APA; (d) número de APAs; (e) número de erros na tarefa; e (f) análise de primeiro nível (valores GLM beta) relacionados à iniciação do passo para a AMS e CPFDL. Com os dados normalizados, foi utilizado uma ANOVA de dois fatores: 3 (grupo: Controle, DP CM+ e DP CM-) e 2 (condição: Congruente e Incongruente). Para as análises de interações e diferenças encontradas no teste ANOVA, será utilizado o post hoc de Bonferroni. O nível de significância para todas as análises foi 0.05. As análises estatísticas foram realizadas com o programa R. Resultados: A amplitude do APA indicou efeito principal significante de grupo, com DP CM+ apresentando valores menores do que saudáveis, e condição, com a condição tendo menores valores do que a condição incongruente. O delay do APA mostrou efeito principal de significante de grupo, com saudáveis apresentando menores valores do que DP CM+ e DP CM-, sendo que estes não apresentaram diferenças entre si; e de condição, com a condição congruente tendo menores valores do que a condição incongruente. A análise da oxi-Hb para a AMS indicou efeito principal de grupo, com maiores valores do grupo saudáveis em relação a DP CM+; e de condição, com a condição congruente apresentando maiores valores do que a condição incongruente. A análise da oxi-Hb para a CPFDL indicou efeito principal de grupo, com maiores valores do grupo saudáveis em relação a DP CM+ e DP CM-, sendo que estes não diferiram entre si; e de condição, com a condição congruente apresentando menores valores do que a condição incongruente. Discussão: A resposta biomecânica e a hemodinâmica durante a iniciação ao passo foi influenciada pela complexidade da tarefa cognitiva-motora: (1) desempenho da iniciação ao passo é prejudicado quando a tarefa exige maior controle inibitório, (2) uma maior participação de áreas corticais pré-frontais quando a tarefa exige maior controle inibitório. Indivíduos com DP exibem piores respostas biomecânicas e reduzida resposta hemodinâmica durante a iniciação ao passo em relação a saudáveis. Isso pode refletir danos corticais e/ou de vias múltiplas, com subsequente uso deficiente de recursos cognitivos e motores. Indivíduos com DP CM+ exibem menor resposta hemodinâmica na AMS durante a iniciação ao passo, indicando que essa área pode estar envolvida no congelamento da marcha.
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Introdução: O processo de iniciação do passo é particularmente interessante para a doença de Parkinson (DP) porque combina elementos cognitivos e motores para preparar o movimento (conhecido como ajustes posturais antecipatórios, APA) e executá-lo (conhecido como o passo em si). Os distúrbios do início do passo na DP incluem APAs hipocinéticos (escala reduzida) e bradicinéticos (tempo anormal). O fato de que esse programa motor da iniciação ao passo pode ser alterado por emoções, atenção e gatilhos externos sugere que existe um mecanismo fisiopatológico complexo que envolve não apenas as redes locomotoras, mas também áreas corticais e o sistema dos gânglios da base. O início do passo na DP é frequentemente afetado por bloqueios motores (um subtipo do fenômeno conhecido como Congelamento da Marcha, CM). No entanto ainda não se sabe exatamente quais substratos neurais realmente estão envolvidos neste sintoma. A falta de um entendimento mais aprofundado sobre as regiões cerebrais envolvidas no processamento cognitivo-motor durante atividades ecológicas como dar o passo, dificulta a interpretação e, consequentemente, o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes. Objetivos: Avaliar a resposta biomecânica e a hemodinâmica de ambos os córtices pré-frontais dorsolaterais e da área motora suplementar durante o início do passo sob conflito cognitivo-motor em pessoas com e sem congelamento de marcha na Doença de Parkinson. Métodos: Participaram desse estudo 35 indivíduos diagnosticados com doença de Parkinson idiopática (16 com congelamento de marcha) e 17 indivíduos neurologicamente sadios. As respostas hemodinâmicas da área motora suplementar (AMS) e do córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL) foram avaliadas usando espectroscopia funcional no infravermelho próximo (fNIRS) durante uma tarefa de iniciação do passo sob conflito cognitivo-motor para selecionar o pé para dar o passo (condições congruentes e incongruentes). As seguintes variáveis foram analisadas: (a) tempo de início do APA; (b) duração do APA; (c) amplitude do APA; (d) número de APAs; (e) número de erros na tarefa; e (f) análise de primeiro nível (valores GLM beta) relacionados à iniciação do passo para a AMS e CPFDL. Com os dados normalizados, foi utilizado uma ANOVA de dois fatores: 3 (grupo: Controle, DP CM+ e DP CM-) e 2 (condição: Congruente e Incongruente). Para as análises de interações e diferenças encontradas no teste ANOVA, será utilizado o post hoc de Bonferroni. O nível de significância para todas as análises foi 0.05. As análises estatísticas foram realizadas com o programa R. Resultados: A amplitude do APA indicou efeito principal significante de grupo, com DP CM+ apresentando valores menores do que saudáveis, e condição, com a condição tendo menores valores do que a condição incongruente. O delay do APA mostrou efeito principal de significante de grupo, com saudáveis apresentando menores valores do que DP CM+ e DP CM-, sendo que estes não apresentaram diferenças entre si; e de condição, com a condição congruente tendo menores valores do que a condição incongruente. A análise da oxi-Hb para a AMS indicou efeito principal de grupo, com maiores valores do grupo saudáveis em relação a DP CM+; e de condição, com a condição congruente apresentando maiores valores do que a condição incongruente. A análise da oxi-Hb para a CPFDL indicou efeito principal de grupo, com maiores valores do grupo saudáveis em relação a DP CM+ e DP CM-, sendo que estes não diferiram entre si; e de condição, com a condição congruente apresentando menores valores do que a condição incongruente. Discussão: A resposta biomecânica e a hemodinâmica durante a iniciação ao passo foi influenciada pela complexidade da tarefa cognitiva-motora: (1) desempenho da iniciação ao passo é prejudicado quando a tarefa exige maior controle inibitório, (2) uma maior participação de áreas corticais pré-frontais quando a tarefa exige maior controle inibitório. Indivíduos com DP exibem piores respostas biomecânicas e reduzida resposta hemodinâmica durante a iniciação ao passo em relação a saudáveis. Isso pode refletir danos corticais e/ou de vias múltiplas, com subsequente uso deficiente de recursos cognitivos e motores. Indivíduos com DP CM+ exibem menor resposta hemodinâmica na AMS durante a iniciação ao passo, indicando que essa área pode estar envolvida no congelamento da marcha.
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VICTOR NOGUEIRA DIAS GABIATTI
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Empatia e Modulação por Valência em Intentional Binding: Interações Socioafetivas no Senso de Agência
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Orientador : PETER MAURICE ERNA CLAESSENS
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Data: 17/Jan/2024
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Este projeto visa esclarecer a influência da valência emocional sobre a percepção de agência, como evidenciada através de binding temporal - a contração subjetiva do intervalo entre ação e consequência - bem como suas correlações com o traço individual de empatia e indicadores psicofisiológicos do impacto da valência dos estímulos. Achados recentes discordam quanto a consequências positivas manifestadas após uma ação individual levarem ou não a um binding temporal mais forte, quando comparadas com consequências negativas (Yoshie & Haggard, 2013, 2017). As discrepâncias na literatura possivelmente se dão pelo excesso de subjetividade nas tarefas experimentais ou por covariadas omitidas nos protocolos, que desconsideram aspectos sócio-afetivos como empatia.
Neste projeto, adaptamos os protocolos experimentais originais introduzindo um método de escolha forçada entre dois intervalos em uma tarefa de discriminação temporal. Investigamos, em experimentos distintos, a correlação da magnitude da modulação por valência com o traço individual de empatia, e com a variação em parâmetros psicofisiológicos em resposta aos estímulos. Se, usando o novo método psicofísico, a existência de modulação de binding temporal por valência da consequência for confirmada, esperamos encontrar evidências de que voluntários com maiores escores em habilidades empáticas experimentam a percepção de agência em um grau maior em resposta a estímulos positivos. A nível intra-sujeito, esperamos que uma assinatura psicofisiológica do impacto da valência esteja correlacionada com a modulação do binding temporal na direção prevista.
Apresentamos, neste texto, os resultados de um levantamento prévio para verificar escores de arousal e de valência dos estímulos auditivos usados no estudo original de Yoshie e Haggard (2013) – vocalizações com carga afetiva – em um grupo de voluntários que também responderam à versão Brasileira da Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal (EMRI; Davis, 1983). Além de confirmar a classificação de valência dos estímulos, o levantamento mostra que existe correlação significativa entre as avaliações de valência por parte dos voluntários e os escores destes de empatia como medido pela EMRI. São apresentados resultados preliminares de um experimento realizado através de plataforma online que aplica a metodologia proposta para a verificação da ocorrência de binding intencional e a modulação deste, em observadores que também respondem à EMRI. Ainda é detalhado o experimento presencial que relaciona a modulação afetiva, se ocorrer, com as variações em estado afetivo conforme medidas pelo registro psicofisiológico, mais especificamente por condutância dérmica e taxa cardíaca. Possíveis conclusões são discutidas.
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Este projeto visa esclarecer a influência da valência emocional sobre a percepção de agência, como evidenciada através de binding temporal - a contração subjetiva do intervalo entre ação e consequência - bem como suas correlações com o traço individual de empatia e indicadores psicofisiológicos do impacto da valência dos estímulos. Achados recentes discordam quanto a consequências positivas manifestadas após uma ação individual levarem ou não a um binding temporal mais forte, quando comparadas com consequências negativas (Yoshie & Haggard, 2013, 2017). As discrepâncias na literatura possivelmente se dão pelo excesso de subjetividade nas tarefas experimentais ou por covariadas omitidas nos protocolos, que desconsideram aspectos sócio-afetivos como empatia.
Neste projeto, adaptamos os protocolos experimentais originais introduzindo um método de escolha forçada entre dois intervalos em uma tarefa de discriminação temporal. Investigamos, em experimentos distintos, a correlação da magnitude da modulação por valência com o traço individual de empatia, e com a variação em parâmetros psicofisiológicos em resposta aos estímulos. Se, usando o novo método psicofísico, a existência de modulação de binding temporal por valência da consequência for confirmada, esperamos encontrar evidências de que voluntários com maiores escores em habilidades empáticas experimentam a percepção de agência em um grau maior em resposta a estímulos positivos. A nível intra-sujeito, esperamos que uma assinatura psicofisiológica do impacto da valência esteja correlacionada com a modulação do binding temporal na direção prevista.
Apresentamos, neste texto, os resultados de um levantamento prévio para verificar escores de arousal e de valência dos estímulos auditivos usados no estudo original de Yoshie e Haggard (2013) – vocalizações com carga afetiva – em um grupo de voluntários que também responderam à versão Brasileira da Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal (EMRI; Davis, 1983). Além de confirmar a classificação de valência dos estímulos, o levantamento mostra que existe correlação significativa entre as avaliações de valência por parte dos voluntários e os escores destes de empatia como medido pela EMRI. São apresentados resultados preliminares de um experimento realizado através de plataforma online que aplica a metodologia proposta para a verificação da ocorrência de binding intencional e a modulação deste, em observadores que também respondem à EMRI. Ainda é detalhado o experimento presencial que relaciona a modulação afetiva, se ocorrer, com as variações em estado afetivo conforme medidas pelo registro psicofisiológico, mais especificamente por condutância dérmica e taxa cardíaca. Possíveis conclusões são discutidas.
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NATALIA CONTO SOARES
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Deficiência de glicose e sua relação com substratos energéticos na viabilidade neuronal
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Orientador : FERNANDO AUGUSTO DE OLIVEIRA RIBEIRO
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Data: 5/Fev/2024
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A desregulação da homeostasia da glicose no cérebro vem sendo associada com processos neurodegenerativos. A redução do aporte de glicose para neurônios pode comprometer sua função e/ou predispor a célula á morte. Resultados prévios do laboratório mostram que neurônios morrem quando mantidos em glicemia de 2,5mM, o que na literatura é descrito como nossa condição fisiológica de glicose no sistema nervoso central (SNC). Neste sentido esses resultados sugerem que neurônios possuem um suporte energético adicional ao SNC. Assim, astrócito os quais são conhecidos por transportar lactato aos neurônios, surgem como candidato a este importante aporte energético fazendo com que os neurônios não sejam somente dependentes da glicose extracelular. Baseando-se no que foi descrito acima, o presente estudo tem como objetivo investigar a dependência neuronal destes substratos (glicose e lactato) e investigar o papel do astrócito como fornecedor destes substratos energéticos.
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A desregulação da homeostasia da glicose no cérebro vem sendo associada com processos neurodegenerativos. A redução do aporte de glicose para neurônios pode comprometer sua função e/ou predispor a célula á morte. Resultados prévios do laboratório mostram que neurônios morrem quando mantidos em glicemia de 2,5mM, o que na literatura é descrito como nossa condição fisiológica de glicose no sistema nervoso central (SNC). Neste sentido esses resultados sugerem que neurônios possuem um suporte energético adicional ao SNC. Assim, astrócito os quais são conhecidos por transportar lactato aos neurônios, surgem como candidato a este importante aporte energético fazendo com que os neurônios não sejam somente dependentes da glicose extracelular. Baseando-se no que foi descrito acima, o presente estudo tem como objetivo investigar a dependência neuronal destes substratos (glicose e lactato) e investigar o papel do astrócito como fornecedor destes substratos energéticos.
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TATIANA PRETE CAVALLARI
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O uso do fNIRS em pesquisas relacionadas a alfabetização de crianças autistas: Uma revisão sistemática
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Orientador : MARCELO SALVADOR CAETANO
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Data: 6/Fev/2024
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Os índices em relação ao analfabetismo ainda são altos e preocupantes no Brasil, de acordo com Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF). Enquanto as matrículas de alunos com diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) só vêm aumentando na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I, criando maior demanda de Educação Inclusiva, vide dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e CENSO Escolar. Compreendendo que a Neurociência pode colaborar com a educação e também o aluno como um ser biopsicossocial, juntamente com os conceitos da epigenética e do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), articulados com os movimentos sociais em prol da neurodiversidade e a justificativa da necessidade de políticas educacionais mais assertivas com metodologias direcionadas à alfabetização de crianças autista (TEA), que o tema sobre o uso do fNIRS como ferramenta de neuroimagem em estudos da alfabetização de crianças autista coexiste e se torna emergente. O objetivo foi realizar uma revisão sistemática dos estudos que utilizaram a técnica de Espectroscopia Funcional de Infravermelho Próximo (fNIRS), atualmente uma das ferramenta de neuroimagem que permite registros de ativação neural de forma naturalística por ser vestível, não invasiva, segura e adequada em experimentos com crianças e sobre processos cognitivos de alfabetização. Foram selecionados 103 estudos dentro do tema onde 38 deles traziam experimentos com fNIRS e população autista e 27 sendo com crianças. Conclui-se sobre a necessidade de novas produções científicas acerca do tema, com critérios mais rigorosos de inclusão de participantes e que o fNIRS tem demonstrado ser uma técnica promissora e adequada para estudos com crianças referente ao aprendizado, atentando-se aos devidos cuidados nas filtragem dos artefatos de movimentos e fisiológicos, considerando e ponderando certas limitações por apenas coletar dados da superfície do córtex, não abrangendo áreas mais profundas que são também importantes nos processos cognitivos de leitura e escrita.
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Os índices em relação ao analfabetismo ainda são altos e preocupantes no Brasil, de acordo com Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF). Enquanto as matrículas de alunos com diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) só vêm aumentando na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I, criando maior demanda de Educação Inclusiva, vide dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e CENSO Escolar. Compreendendo que a Neurociência pode colaborar com a educação e também o aluno como um ser biopsicossocial, juntamente com os conceitos da epigenética e do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), articulados com os movimentos sociais em prol da neurodiversidade e a justificativa da necessidade de políticas educacionais mais assertivas com metodologias direcionadas à alfabetização de crianças autista (TEA), que o tema sobre o uso do fNIRS como ferramenta de neuroimagem em estudos da alfabetização de crianças autista coexiste e se torna emergente. O objetivo foi realizar uma revisão sistemática dos estudos que utilizaram a técnica de Espectroscopia Funcional de Infravermelho Próximo (fNIRS), atualmente uma das ferramenta de neuroimagem que permite registros de ativação neural de forma naturalística por ser vestível, não invasiva, segura e adequada em experimentos com crianças e sobre processos cognitivos de alfabetização. Foram selecionados 103 estudos dentro do tema onde 38 deles traziam experimentos com fNIRS e população autista e 27 sendo com crianças. Conclui-se sobre a necessidade de novas produções científicas acerca do tema, com critérios mais rigorosos de inclusão de participantes e que o fNIRS tem demonstrado ser uma técnica promissora e adequada para estudos com crianças referente ao aprendizado, atentando-se aos devidos cuidados nas filtragem dos artefatos de movimentos e fisiológicos, considerando e ponderando certas limitações por apenas coletar dados da superfície do córtex, não abrangendo áreas mais profundas que são também importantes nos processos cognitivos de leitura e escrita.
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DANIEL QUINTELA BERTUZZI
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Explorando Interações entre Estímulos Complexos Visuais e Auditivos por meio de Associações Intermodais e Respostas Pupilares
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Orientador : PATRICIA MARIA VANZELLA
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Data: 27/Fev/2024
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Indivíduos naturalmente fazem associações sistemáticas entre características de estímulos sensoriais diferentes. Essas associações são conhecidas como correspondências intermodais. Estas ocorrem entre várias combinações sensoriais, mas as associações entre estímulos visuais e auditivos complexos e seu impacto nas respostas pupilares ainda são pouco exploradas na literatura científica. O presente estudo tem como objetivo investigar as correspondências intermodais sistemáticas entre estímulos visuais figurativos (especificamente representações do sol e da lua) e trechos musicais. Dividido em dois experimentos, o primeiro examinou as correspondências intermodais sistemáticas por meio de tarefas de diferencial semântico e associação direta. O segundo experimento teve como objetivo entender como essas interações sensoriais intermodais afetam as respostas pupilares. Os resultados do primeiro experimento indicam uma forte e significativa relação entre obras visuais (pinturas) e estímulos auditivos (trechos musicais) em termos de associações semânticas e diretas, apontando para uma conexão perceptual intermodal entre esses estímulos. Já os resultados do segundo experimento sugerem efeitos de congruência na resposta pupilar.
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Indivíduos naturalmente fazem associações sistemáticas entre características de estímulos sensoriais diferentes. Essas associações são conhecidas como correspondências intermodais. Estas ocorrem entre várias combinações sensoriais, mas as associações entre estímulos visuais e auditivos complexos e seu impacto nas respostas pupilares ainda são pouco exploradas na literatura científica. O presente estudo tem como objetivo investigar as correspondências intermodais sistemáticas entre estímulos visuais figurativos (especificamente representações do sol e da lua) e trechos musicais. Dividido em dois experimentos, o primeiro examinou as correspondências intermodais sistemáticas por meio de tarefas de diferencial semântico e associação direta. O segundo experimento teve como objetivo entender como essas interações sensoriais intermodais afetam as respostas pupilares. Os resultados do primeiro experimento indicam uma forte e significativa relação entre obras visuais (pinturas) e estímulos auditivos (trechos musicais) em termos de associações semânticas e diretas, apontando para uma conexão perceptual intermodal entre esses estímulos. Já os resultados do segundo experimento sugerem efeitos de congruência na resposta pupilar.
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LUIS FERNANDO FONTOURA DE OLIVEIRA
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Análise de sinais eletrofisiológicos durante o aprendizado temporal
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Orientador : MARCELO BUSSOTTI REYES
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Data: 1/Mar/2024
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O tempo é uma característica fundamental do mundo físico e, assim, um importante componente do comportamento animal. Contudo, as bases neurobiológicas da capacidade de cronometragem de intervalos ainda não foram plenamente resolvidas. Duas regiões frequentemente implicadas como centrais a essa capacidade: o córtex pré-frontal (CPF) e o estriado (STR). Contudo, resultados experimentais recentes do grupo de pesquisa apontam para uma dissociação entre esses dois sistemas ao longo da aprendizagem, com maior engajamento do CPF durante a aquisição, mas não na expressão do comportamento temporal, e o oposto para o estriado. Neste trabalho propõe-se uma análise exploratória de dados eletrofisiológicos resultantes desses experimentos utilizando três métricas: um índice de sequencialidade dos disparos de potenciais de ação, um índice de redimensionamento dessa atividade de spikes, e a estimativa do acoplamento entre frequências de potenciais de campo local. Resultados obtidos na análise da primeira métrica sugerem que a diferença de sequencialidade entre essas duas regiões, observada em outros trabalhos e que pode ser um mecanismo para essa cronometragem, também existe neste conjunto de dados, apesar das diferenças entre os dois desenhos experimentais.
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O tempo é uma característica fundamental do mundo físico e, assim, um importante componente do comportamento animal. Contudo, as bases neurobiológicas da capacidade de cronometragem de intervalos ainda não foram plenamente resolvidas. Duas regiões frequentemente implicadas como centrais a essa capacidade: o córtex pré-frontal (CPF) e o estriado (STR). Contudo, resultados experimentais recentes do grupo de pesquisa apontam para uma dissociação entre esses dois sistemas ao longo da aprendizagem, com maior engajamento do CPF durante a aquisição, mas não na expressão do comportamento temporal, e o oposto para o estriado. Neste trabalho propõe-se uma análise exploratória de dados eletrofisiológicos resultantes desses experimentos utilizando três métricas: um índice de sequencialidade dos disparos de potenciais de ação, um índice de redimensionamento dessa atividade de spikes, e a estimativa do acoplamento entre frequências de potenciais de campo local. Resultados obtidos na análise da primeira métrica sugerem que a diferença de sequencialidade entre essas duas regiões, observada em outros trabalhos e que pode ser um mecanismo para essa cronometragem, também existe neste conjunto de dados, apesar das diferenças entre os dois desenhos experimentais.
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KATARINA DUARTE FERNANDES
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INVESTIGAÇÃO DA AQUISIÇÃO DAS HABILIDADES ARITMÉTICAS EM RELAÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DE FUNÇÕES EXECUTIVAS EM AMOSTRA DE ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL
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Orientador : KATERINA LUKASOVA
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Data: 19/Mar/2024
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O desempenho em aritmética é mediado por diversas funções cognitivas, entre elas habilidades linguísticas, senso numérico e memória operacional. Sabe-se que o desempenho cognitivo muda durante o desenvolvimento. Porém, encontramos certa variabilidade nos resultados dos estudos que buscam entender a relação entre desempenho em memória operacional e senso numérico com a aritmética em crianças de diferentes anos escolares. Estudos de neuroimagem mostraram que a ativação e a conectividade de regiões intraparietais e da rede frontoparietal estão relacionadas com o processamento de tarefas numéricas. Também já foi relatada a existência de relação da ativação de áreas da rede frontoparietal durante o estado de repouso com o desempenho matemático. No entanto, ainda não está bem estabelecida a relação da conectividade da atividade espontânea interna do córtex pré-frontal com a cognição aritmética em crianças. O presente trabalho é dividido em dois estudos, cada um com o objetivo voltado à investigação de uma das lacunas acima mencionadas. Os participantes do estudo 1 foram 131 alunos dos anos iniciais do ensino fundamental. As funções cognitivas avaliadas foram senso numérico, memória operacional fonológica e visuoespacial, e uma tarefa aritmética. Os resultados da parte 1 do estudo indicam que tanto o desempenho em aritmética quanto no senso numérico e em memória operacional foram menores nas crianças com dificuldade em leitura. Encontrou-se também uma associação entre as funções cognitivas avaliadas e o desempenho aritmético, que variou conforme os anos escolares. Na parte 2, os participantes foram uma amostra de 85 crianças, que além das medidas cognitivas utilizadas no primeiro estudo, tiveram as medidas de conectividade da atividade espontânea do córtex pré-frontal coletadas usando fNIRS. Os resultados do estudo 2 indicam que a conectividade interhemisférica da região dorsolateral está correlacionada com o desempenho aritmético, senso numérico e memória visuoespacial. Os resultado também indicam que a conectividade entre as regiões do pré-frontal dorsolateral de cada hemisfério é maior nos participantes que estavam no 4º e 5º anos escolares do que nos participantes do 2º e 3º anos.
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O desempenho em aritmética é mediado por diversas funções cognitivas, entre elas habilidades linguísticas, senso numérico e memória operacional. Sabe-se que o desempenho cognitivo muda durante o desenvolvimento. Porém, encontramos certa variabilidade nos resultados dos estudos que buscam entender a relação entre desempenho em memória operacional e senso numérico com a aritmética em crianças de diferentes anos escolares. Estudos de neuroimagem mostraram que a ativação e a conectividade de regiões intraparietais e da rede frontoparietal estão relacionadas com o processamento de tarefas numéricas. Também já foi relatada a existência de relação da ativação de áreas da rede frontoparietal durante o estado de repouso com o desempenho matemático. No entanto, ainda não está bem estabelecida a relação da conectividade da atividade espontânea interna do córtex pré-frontal com a cognição aritmética em crianças. O presente trabalho é dividido em dois estudos, cada um com o objetivo voltado à investigação de uma das lacunas acima mencionadas. Os participantes do estudo 1 foram 131 alunos dos anos iniciais do ensino fundamental. As funções cognitivas avaliadas foram senso numérico, memória operacional fonológica e visuoespacial, e uma tarefa aritmética. Os resultados da parte 1 do estudo indicam que tanto o desempenho em aritmética quanto no senso numérico e em memória operacional foram menores nas crianças com dificuldade em leitura. Encontrou-se também uma associação entre as funções cognitivas avaliadas e o desempenho aritmético, que variou conforme os anos escolares. Na parte 2, os participantes foram uma amostra de 85 crianças, que além das medidas cognitivas utilizadas no primeiro estudo, tiveram as medidas de conectividade da atividade espontânea do córtex pré-frontal coletadas usando fNIRS. Os resultados do estudo 2 indicam que a conectividade interhemisférica da região dorsolateral está correlacionada com o desempenho aritmético, senso numérico e memória visuoespacial. Os resultado também indicam que a conectividade entre as regiões do pré-frontal dorsolateral de cada hemisfério é maior nos participantes que estavam no 4º e 5º anos escolares do que nos participantes do 2º e 3º anos.
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FELIPE RODRIGUES BEZERRA
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Processamento de homógrafos interlinguísticos em bilíngues e multilíngues não-balanceados e tardios: uma investigação sobre a proficiência, a frequência de uso das línguas e o controle inibitório no acesso lexical
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Orientador : MARIA TERESA CARTHERY GOULART
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Data: 24/Jun/2024
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O presente estudo teve como objetivo investigar a influência de fatores linguísticos e cognitivos no acesso lexical de bilíngues e multilíngues. Este estudo foi conduzido em duas etapas: (1) construção e avaliação dos parâmetros psicolinguísticos de duas listas de estímulos contendo homógrafos interlinguísticos inglês-alemão e inglês-português e (2) investigação do acesso lexical e semântico de bilíngues português-inglês e multilíngues falantes de português, inglês e alemão. A primeira etapa foi publicada como artigo no periódico Cadernos de Linguística (Bezerra et al. 2023) e permitiu disponibilizar duas listas de pares de palavras em inglês, que podem ser utilizadas em tarefas de julgamento de associação semântica. As duas listas totalizam 258 pares de palavras, divididos entre associados e não-associados, sendo 46 pares contendo primes homógrafos inglês-alemão (Lista 1) e 40 pares contendo primes homógrafos inglês-português (Lista 2), além de pares de palavras controle (sem homógrafos), associados entre si ou não. As palavras em cada lista estão caracterizadas e balanceadas quanto à frequência em inglês, português e alemão; comprimento (número de letras) e grau de associação semântica entre os pares. Na segunda etapa, utilizamos essas listas de estímulos em tarefa de julgamento semântico realizada em inglês por 31 pessoas bilíngues e 27 multilíngues, com idades variando entre 18 e 67 anos. Verificamos a influência da proficiência e frequência de uso das línguas adicionais e da capacidade de controle inibitório sobre o tempo de resposta na tarefa, utilizando seis modelos lineares de efeitos mistos, três para a Lista 1 e três para a Lista 2. Como resultado, todos os modelos evidenciaram que os pares contendo palavras homógrafas produziram tempos de resposta mais longos, e não foram influenciados significativamente pela proficiência e frequência de uso das línguas adicionais e nem pelo controle inibitório. O nível de proficiência gerou respostas mais rápidas em ambos os grupos na Lista 1, enquanto a frequência de uso do alemão gerou respostas mais lentas no grupo multilíngue na lista L2. Ademais, o grupo multilíngue foi significativamente mais lento nas condições com homógrafos na lista 1, indicando que os bilingues não sofreram influência dos homógrafos inglês-alemão. Adicionalmente, verificamos que os multilíngues apresentaram tempos de resposta maiores no bloco com homógrafos inglês-alemão em comparação ao bloco com homógrafos português-inglês, indicando que a interferência entre duas línguas adicionais é maior em comparação à língua materna e adicional.
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O presente estudo teve como objetivo investigar a influência de fatores linguísticos e cognitivos no acesso lexical de bilíngues e multilíngues. Este estudo foi conduzido em duas etapas: (1) construção e avaliação dos parâmetros psicolinguísticos de duas listas de estímulos contendo homógrafos interlinguísticos inglês-alemão e inglês-português e (2) investigação do acesso lexical e semântico de bilíngues português-inglês e multilíngues falantes de português, inglês e alemão. A primeira etapa foi publicada como artigo no periódico Cadernos de Linguística (Bezerra et al. 2023) e permitiu disponibilizar duas listas de pares de palavras em inglês, que podem ser utilizadas em tarefas de julgamento de associação semântica. As duas listas totalizam 258 pares de palavras, divididos entre associados e não-associados, sendo 46 pares contendo primes homógrafos inglês-alemão (Lista 1) e 40 pares contendo primes homógrafos inglês-português (Lista 2), além de pares de palavras controle (sem homógrafos), associados entre si ou não. As palavras em cada lista estão caracterizadas e balanceadas quanto à frequência em inglês, português e alemão; comprimento (número de letras) e grau de associação semântica entre os pares. Na segunda etapa, utilizamos essas listas de estímulos em tarefa de julgamento semântico realizada em inglês por 31 pessoas bilíngues e 27 multilíngues, com idades variando entre 18 e 67 anos. Verificamos a influência da proficiência e frequência de uso das línguas adicionais e da capacidade de controle inibitório sobre o tempo de resposta na tarefa, utilizando seis modelos lineares de efeitos mistos, três para a Lista 1 e três para a Lista 2. Como resultado, todos os modelos evidenciaram que os pares contendo palavras homógrafas produziram tempos de resposta mais longos, e não foram influenciados significativamente pela proficiência e frequência de uso das línguas adicionais e nem pelo controle inibitório. O nível de proficiência gerou respostas mais rápidas em ambos os grupos na Lista 1, enquanto a frequência de uso do alemão gerou respostas mais lentas no grupo multilíngue na lista L2. Ademais, o grupo multilíngue foi significativamente mais lento nas condições com homógrafos na lista 1, indicando que os bilingues não sofreram influência dos homógrafos inglês-alemão. Adicionalmente, verificamos que os multilíngues apresentaram tempos de resposta maiores no bloco com homógrafos inglês-alemão em comparação ao bloco com homógrafos português-inglês, indicando que a interferência entre duas línguas adicionais é maior em comparação à língua materna e adicional.
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ANDRÉA FERREIRA DE AZEVEDO ALMEIDA
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Desenvolvimento e avaliação de um protocolo de intervenção musical no treino das habilidades de consciência fonológica e leitura em crianças em fase de alfabetização.
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Orientador : KATERINA LUKASOVA
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Data: 22/Ago/2024
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Estudos de Neurociências têm destacado os benefícios da música no desenvolvimento da linguagem, porém seu papel específico no processo de alfabetização de crianças ainda não está bem estabelecido. O presente estudo objetivou desenvolver e avaliar efeito de um protocolo de intervenção musical na percepção de ritmo, processamento tonal (memória musical) e melodia, além dos benefícios nas habilidades cognitivas relacionadas à alfabetização, tais como memória de trabalho, consciência fonológica, fluência verbal, nomeação rápida e vocabulário. Inicialmente foi desenvolvido um protocolo de intervenção musical para ser aplicado em sala de aula com atividades musicais utilizando o canto e a percussão corporal como estratégias lúdicas. Depois foi feito estudo para avaliação da intervenção com 45 crianças (28 meninas) de 6 anos (M=6,2, DP=0,45) do primeiro ano de ensino fundamental em uma escola no ABC Paulista, organizadas em grupo experimental e grupo controle. Os testes neuropsicológicos foram usados para avaliação da Memória de trabalho; Vocabulário receptivo; Leitura de palavras; Bateria Montreal de Habilidades Musicais; Teste de Consciência Fonológica. As pontuações foram analisadas com a ANOVA de medidas repetidas que mostraram diferenças significativas entre pré e pós intervenção para melodia, ritmo e memória musical (p <0,001), mas não em outras habilidades cognitivas. As análises de correlações de Spearman mostraram relação moderada entre ritmo e melodia (rho = 0,597; p < 0,001), memória musical e melodia (rho = 0,442; p < 0,002), memória musical e ritmo (rho = 0,563, p < 0,001), habilidades leitura de palavras e ritmo (rho = 0,369, p = 0,013), consciência fonológica fonêmica e ritmo (rho = 0,343, p = 0,021). A análise de regressão linear stepwise indicou o ritmo como preditor para leitura de palavras e a melodia para consciência fonológica fonêmica pós-intervenção.O protocolo de intervenção musical promoveu melhorias nas habilidades musicais treinadas, mostrou boa aplicabilidade no contexto de aula e pode ser incluído no material pedagógico regular. Em relação às habilidades cognitivas relacionadas à alfabetização os resultados foram inconclusivos. Embora não tenha sido encontrado efeito direto da intervenção, a relação entre o ritmo e leitura das palavras, assim como entre a melodia e consciência fonológica fonêmica indicam relação entre as habilidades musicais e a leitura, especialmente em crianças no início do processo de alfabetização. Outros fatores, como o tempo de intervenção, idade, experiência musical e o nível do funcionamento prévio das outras habilidades cognitivas devem ser considerados e investigados futuramente.
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Estudos de Neurociências têm destacado os benefícios da música no desenvolvimento da linguagem, porém seu papel específico no processo de alfabetização de crianças ainda não está bem estabelecido. O presente estudo objetivou desenvolver e avaliar efeito de um protocolo de intervenção musical na percepção de ritmo, processamento tonal (memória musical) e melodia, além dos benefícios nas habilidades cognitivas relacionadas à alfabetização, tais como memória de trabalho, consciência fonológica, fluência verbal, nomeação rápida e vocabulário. Inicialmente foi desenvolvido um protocolo de intervenção musical para ser aplicado em sala de aula com atividades musicais utilizando o canto e a percussão corporal como estratégias lúdicas. Depois foi feito estudo para avaliação da intervenção com 45 crianças (28 meninas) de 6 anos (M=6,2, DP=0,45) do primeiro ano de ensino fundamental em uma escola no ABC Paulista, organizadas em grupo experimental e grupo controle. Os testes neuropsicológicos foram usados para avaliação da Memória de trabalho; Vocabulário receptivo; Leitura de palavras; Bateria Montreal de Habilidades Musicais; Teste de Consciência Fonológica. As pontuações foram analisadas com a ANOVA de medidas repetidas que mostraram diferenças significativas entre pré e pós intervenção para melodia, ritmo e memória musical (p <0,001), mas não em outras habilidades cognitivas. As análises de correlações de Spearman mostraram relação moderada entre ritmo e melodia (rho = 0,597; p < 0,001), memória musical e melodia (rho = 0,442; p < 0,002), memória musical e ritmo (rho = 0,563, p < 0,001), habilidades leitura de palavras e ritmo (rho = 0,369, p = 0,013), consciência fonológica fonêmica e ritmo (rho = 0,343, p = 0,021). A análise de regressão linear stepwise indicou o ritmo como preditor para leitura de palavras e a melodia para consciência fonológica fonêmica pós-intervenção.O protocolo de intervenção musical promoveu melhorias nas habilidades musicais treinadas, mostrou boa aplicabilidade no contexto de aula e pode ser incluído no material pedagógico regular. Em relação às habilidades cognitivas relacionadas à alfabetização os resultados foram inconclusivos. Embora não tenha sido encontrado efeito direto da intervenção, a relação entre o ritmo e leitura das palavras, assim como entre a melodia e consciência fonológica fonêmica indicam relação entre as habilidades musicais e a leitura, especialmente em crianças no início do processo de alfabetização. Outros fatores, como o tempo de intervenção, idade, experiência musical e o nível do funcionamento prévio das outras habilidades cognitivas devem ser considerados e investigados futuramente.
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THAYNA MAGALHÃES NOVAES
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EFEITO DO CONGELAMENTO DA MARCHA NO CONTROLE POSTURAL DURANTE POSTURA ERETA QUIETA EM INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE PARKINSON
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Orientador : DANIEL BOARI COELHO
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Data: 22/Ago/2024
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Estudos revelam uma conexão entre o congelamento da marcha (Freezing of Gait - FoG) e o controle postural em indivíduos com doença de Parkinson (DP), sugerindo que indivíduos com FoG possuem mais instabilidade em diversos aspectos do controle postural comparados àqueles sem FoG. No entanto, os métodos tradicionais de avaliação do controle postural durante postura quieta, como o equilibrium score, enfrentam críticas por potenciais imprecisões, levantando questões sobre a necessidade de abordagens mais precisas, como a análise do centro de pressão (CP), para uma avaliação mais acurada do controle postural em pacientes com FoG. Este estudo investigou o impacto do FOG no controle postural em indivíduos com DP sob diferentes condições sensoriais e estados de medicação. Foi analisada uma amostra de 32 indivíduos, explorando variáveis do CP em postura ereta quieta, sobre uma plataforma de força, em quatro condições sensoriais distintas. As avaliações biomecânicas incluíram análises do CP em direções anteroposterior e mediolateral, focando na área de excursão, raiz quadrada média, velocidade média de oscilação e frequência de oscilação do CP. A análise estatística foi conduzida utilizando modelos lineares de efeitos mistos. Os resultados indicaram ausência de diferenças significativas em controle postural entre indivíduos com e sem FoG nas condições de olhos abertos e superfície rígida, olhos fechados e superfície rígida, e superfície maleável com olhos abertos. Contudo, na condição de superfície maleável com olhos fechados, observou-se uma diferença significativa nas variáveis do CP no estado ON de medicação, sugerindo que a medicação dopaminérgica pode especificamente exacerbar déficits de integração sensorial em indivíduos com FoG, contribuindo para maior instabilidade. Estes achados ressaltam que o controle postural durante a postura quieta não difere significativamente entre indivíduos com e sem FOG, apoiando que estes dois fenômenos podem acontecer independentemente em condições estáveis.
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Estudos revelam uma conexão entre o congelamento da marcha (Freezing of Gait - FoG) e o controle postural em indivíduos com doença de Parkinson (DP), sugerindo que indivíduos com FoG possuem mais instabilidade em diversos aspectos do controle postural comparados àqueles sem FoG. No entanto, os métodos tradicionais de avaliação do controle postural durante postura quieta, como o equilibrium score, enfrentam críticas por potenciais imprecisões, levantando questões sobre a necessidade de abordagens mais precisas, como a análise do centro de pressão (CP), para uma avaliação mais acurada do controle postural em pacientes com FoG. Este estudo investigou o impacto do FOG no controle postural em indivíduos com DP sob diferentes condições sensoriais e estados de medicação. Foi analisada uma amostra de 32 indivíduos, explorando variáveis do CP em postura ereta quieta, sobre uma plataforma de força, em quatro condições sensoriais distintas. As avaliações biomecânicas incluíram análises do CP em direções anteroposterior e mediolateral, focando na área de excursão, raiz quadrada média, velocidade média de oscilação e frequência de oscilação do CP. A análise estatística foi conduzida utilizando modelos lineares de efeitos mistos. Os resultados indicaram ausência de diferenças significativas em controle postural entre indivíduos com e sem FoG nas condições de olhos abertos e superfície rígida, olhos fechados e superfície rígida, e superfície maleável com olhos abertos. Contudo, na condição de superfície maleável com olhos fechados, observou-se uma diferença significativa nas variáveis do CP no estado ON de medicação, sugerindo que a medicação dopaminérgica pode especificamente exacerbar déficits de integração sensorial em indivíduos com FoG, contribuindo para maior instabilidade. Estes achados ressaltam que o controle postural durante a postura quieta não difere significativamente entre indivíduos com e sem FOG, apoiando que estes dois fenômenos podem acontecer independentemente em condições estáveis.
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FELIPE DIEGO TORO HERNÁNDEZ
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Modulação Afetiva de Binding Intencional com Estímulos Linguísticos: Psicofísica e Neuropsicofisiologia
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Orientador : PETER MAURICE ERNA CLAESSENS
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Data: 29/Ago/2024
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O efeito de intentional binding refere-se à compressão subjetiva do tempo entre dois eventos, geralmente quando uma ação voluntária é percebida como causadora de um resultado subsequente. Esse efeito é frequentemente utilizado como uma medida implícita do Sentido de Agência (SoA), a sensação de controle sobre eventos externos que alinha nossas ações aos seus resultados. Embora o SoA seja geralmente influenciado por estados afetivos—onde resultados negativos são percebidos como menos conectados ao self do que resultados positivos—os resultados do intentional binding têm sido inconsistentes. Medidas explícitas (por exemplo, autorrelatos) têm consistentemente mostrado a modulação afetiva do SoA, mas medidas implícitas, como o intentional binding, continuam controversas, com alguns estudos mostrando efeitos variados ou nenhum efeito. Para entender melhor os fatores que influenciam a modulação afetiva do intentional binding, este projeto avaliou o fenômeno usando estímulos de palavras emocionais. Primeiro, foi realizada uma análise psicolinguística para criar categorias emocionais (positivas, negativas, neutras) e igualar variáveis entre essas categorias (por exemplo, comprimento das palavras, concretude, frequência). Questionários mediram Familiaridade e Idade de Aquisição, confirmando os valores de Valência Emocional e Excitação. Embora Familiaridade e Idade de Aquisição tenham diferido entre as condições, as medidas pós-hoc de Valência Emocional e Excitação permaneceram consistentes. Em seguida, foram realizados dois experimentos de escolha forçada com duas alternativas (2AFC). No primeiro experimento, exploramos a modulação afetiva do intentional binding dentro de um modelo preditivo, onde os participantes podiam prever os resultados emocionais. Manipulamos três fatores: agência (ativa vs. passiva), valência emocional (neutra, positiva, negativa) e a razão de duração do intervalo, baseada nas diferenças individuais de limiar perceptivo (JND). Entre 33 participantes, os resultados indicaram intervalos percebidos como mais curtos em testes de agência em comparação com testes passivos, consistente com o intentional binding (β = 0.237 ± 0.09, z = 2.76, p<.01), mas não foi encontrada modulação afetiva. No segundo experimento, a previsibilidade foi adicionada como um fator (testes previsíveis vs. imprevisíveis), com 40 participantes. Replicamos o efeito de intentional binding (β = 0.284 ± 0.095, z = 3.00, p < .01) e novamente não encontramos modulação afetiva. No entanto, foi observado um efeito principal da valência emocional: palavras positivas induziram uma compressão temporal mais forte do que palavras negativas (β = -0.268 ± 0.117, z = -2.28, p < .05). Discutimos as implicações da influência emocional na percepção de intervalos temporais, juntamente com os mecanismos que orientam a agência e a previsibilidade no intentional binding.
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O efeito de intentional binding refere-se à compressão subjetiva do tempo entre dois eventos, geralmente quando uma ação voluntária é percebida como causadora de um resultado subsequente. Esse efeito é frequentemente utilizado como uma medida implícita do Sentido de Agência (SoA), a sensação de controle sobre eventos externos que alinha nossas ações aos seus resultados. Embora o SoA seja geralmente influenciado por estados afetivos—onde resultados negativos são percebidos como menos conectados ao self do que resultados positivos—os resultados do intentional binding têm sido inconsistentes. Medidas explícitas (por exemplo, autorrelatos) têm consistentemente mostrado a modulação afetiva do SoA, mas medidas implícitas, como o intentional binding, continuam controversas, com alguns estudos mostrando efeitos variados ou nenhum efeito. Para entender melhor os fatores que influenciam a modulação afetiva do intentional binding, este projeto avaliou o fenômeno usando estímulos de palavras emocionais. Primeiro, foi realizada uma análise psicolinguística para criar categorias emocionais (positivas, negativas, neutras) e igualar variáveis entre essas categorias (por exemplo, comprimento das palavras, concretude, frequência). Questionários mediram Familiaridade e Idade de Aquisição, confirmando os valores de Valência Emocional e Excitação. Embora Familiaridade e Idade de Aquisição tenham diferido entre as condições, as medidas pós-hoc de Valência Emocional e Excitação permaneceram consistentes. Em seguida, foram realizados dois experimentos de escolha forçada com duas alternativas (2AFC). No primeiro experimento, exploramos a modulação afetiva do intentional binding dentro de um modelo preditivo, onde os participantes podiam prever os resultados emocionais. Manipulamos três fatores: agência (ativa vs. passiva), valência emocional (neutra, positiva, negativa) e a razão de duração do intervalo, baseada nas diferenças individuais de limiar perceptivo (JND). Entre 33 participantes, os resultados indicaram intervalos percebidos como mais curtos em testes de agência em comparação com testes passivos, consistente com o intentional binding (β = 0.237 ± 0.09, z = 2.76, p<.01), mas não foi encontrada modulação afetiva. No segundo experimento, a previsibilidade foi adicionada como um fator (testes previsíveis vs. imprevisíveis), com 40 participantes. Replicamos o efeito de intentional binding (β = 0.284 ± 0.095, z = 3.00, p < .01) e novamente não encontramos modulação afetiva. No entanto, foi observado um efeito principal da valência emocional: palavras positivas induziram uma compressão temporal mais forte do que palavras negativas (β = -0.268 ± 0.117, z = -2.28, p < .05). Discutimos as implicações da influência emocional na percepção de intervalos temporais, juntamente com os mecanismos que orientam a agência e a previsibilidade no intentional binding.
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CAYO ANTÔNIO SOARES DE ALMEIDA
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NOX2 regula a epileptogênese na epilepsia do lobo temporal
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Orientador : ALEXANDRE HIROAKI KIHARA
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Data: 24/Mai/2024
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Epilepsia do Lobo Temporal (ELT) está frequentemente relacionada ao estresse oxidativo e à neuroinflamação. Ambos os processos acompanham as alterações observadas na epileptogênese e, em última análise, envolvem classes distintas de células, incluindo astrócitos, micróglia e subtipos neurais específicos. Por esse motivo, moléculas associadas ao estresse oxidativo e à neuroinflamação têm sido propostas como alvos potenciais para estratégias terapêuticas. Diante disso, o principal objetivo deste estudo foi avaliar a contribuição do complexo enzimático NOX2, principal gerador de espécies reativas de oxigênio (ROS) no encéfalo, em crises epilépticas induzidas por pentilenotetrazol (PTZ), no status epilepticus (SE) e nos estágios iniciais da epileptogênese no modelo ELT induzido por ácido caínico (KA), um agonista de receptores glutamatérgicos. Neste estudo, foram necessários camundongos machos da linhagem C57BL/6J (Wild Type) e gp91phox- (NOX2 Knockout) provenientes do biotério da Universidade Federal do ABC (CEUA-UFABC: 7873070722). Para avaliar a evolução comportamental das crises, foi utilizado a escala de Racine. Além disso, foi analisado a modulação glial por imunofluorescência após indução de crises agudas. Para avaliar alterações durante o SE e no período latente, medidas de oxidação de proteínas e lipídios foram utilizadas para inferir os níveis de ROS. Ensaios de western blot foram realizados para verificar níveis de proteínas inflamatórias. Um ensaio multiplex baseado em beads magnéticas foi empregado para determinar a modulação imunológica a partir dos níveis de citocinas pró e anti-inflamatórias 2h e 96h após o início do SE induzido por KA em camundongos C57BL/6J e gp91phox-. Foi realizada análise de imunofluorescência no hipocampo 2h e 96h após o início do SE induzido por KA. Neurodegeneração do hipocampo foi avaliada pelo ensaio de fluoro-jade C. Registros eletrofisiológicos foram realizados para analisar a atividade epileptiforme a partir da assinatura eletrocorticográfica. Culturas de células primárias do hipocampo foram realizadas para avaliar a viabilidade celular e modulação de células glias após exposição ao KA. Os resultados demonstraram que camundongos gp91phox- são mais resistentes a crises agudas induzidas pelo PTZ; expressão de células glias são reguladas, bem como sua morfologia 24h após a indução de uma crise epiléptica aguda. O modelo de SE e epileptogênese induzido por KA demonstrou ser eficiente para estudo da influência de NOX2 nas fases iniciais da ELT. Além disso, os fatores neuroinflamatórios foram regulados de forma diferente em camundongos C57BL/6J e gp91phox-, dependendo da progressão da doença; além disso, foi observada menor degeneração celular em camundongos gp91phox- e diferenças eletrofisiológicas entre as linhagens de camundongos estudadas. A partir desses achados, observa-se que a neuroinflamação desempenha um papel crucial na instalação e desenvolvimento da ELT; além disso, a evolução da doença se mostra codependente às ROS. Ao neutralizar o aspecto funcional de NOX2, foi possível observar melhora na intensidade das crises epilépticas agudas, nas taxas de liberação de fatores neuroinflamatórios, na modulação eletrofisiológica e de células gliais e, por fim, na neurodegeneração. Em conclusão, este estudo pode trazer novos insights sobre alvos celulares e moleculares no tratamento de pacientes refratários à medicação disponível.
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Epilepsia do Lobo Temporal (ELT) está frequentemente relacionada ao estresse oxidativo e à neuroinflamação. Ambos os processos acompanham as alterações observadas na epileptogênese e, em última análise, envolvem classes distintas de células, incluindo astrócitos, micróglia e subtipos neurais específicos. Por esse motivo, moléculas associadas ao estresse oxidativo e à neuroinflamação têm sido propostas como alvos potenciais para estratégias terapêuticas. Diante disso, o principal objetivo deste estudo foi avaliar a contribuição do complexo enzimático NOX2, principal gerador de espécies reativas de oxigênio (ROS) no encéfalo, em crises epilépticas induzidas por pentilenotetrazol (PTZ), no status epilepticus (SE) e nos estágios iniciais da epileptogênese no modelo ELT induzido por ácido caínico (KA), um agonista de receptores glutamatérgicos. Neste estudo, foram necessários camundongos machos da linhagem C57BL/6J (Wild Type) e gp91phox- (NOX2 Knockout) provenientes do biotério da Universidade Federal do ABC (CEUA-UFABC: 7873070722). Para avaliar a evolução comportamental das crises, foi utilizado a escala de Racine. Além disso, foi analisado a modulação glial por imunofluorescência após indução de crises agudas. Para avaliar alterações durante o SE e no período latente, medidas de oxidação de proteínas e lipídios foram utilizadas para inferir os níveis de ROS. Ensaios de western blot foram realizados para verificar níveis de proteínas inflamatórias. Um ensaio multiplex baseado em beads magnéticas foi empregado para determinar a modulação imunológica a partir dos níveis de citocinas pró e anti-inflamatórias 2h e 96h após o início do SE induzido por KA em camundongos C57BL/6J e gp91phox-. Foi realizada análise de imunofluorescência no hipocampo 2h e 96h após o início do SE induzido por KA. Neurodegeneração do hipocampo foi avaliada pelo ensaio de fluoro-jade C. Registros eletrofisiológicos foram realizados para analisar a atividade epileptiforme a partir da assinatura eletrocorticográfica. Culturas de células primárias do hipocampo foram realizadas para avaliar a viabilidade celular e modulação de células glias após exposição ao KA. Os resultados demonstraram que camundongos gp91phox- são mais resistentes a crises agudas induzidas pelo PTZ; expressão de células glias são reguladas, bem como sua morfologia 24h após a indução de uma crise epiléptica aguda. O modelo de SE e epileptogênese induzido por KA demonstrou ser eficiente para estudo da influência de NOX2 nas fases iniciais da ELT. Além disso, os fatores neuroinflamatórios foram regulados de forma diferente em camundongos C57BL/6J e gp91phox-, dependendo da progressão da doença; além disso, foi observada menor degeneração celular em camundongos gp91phox- e diferenças eletrofisiológicas entre as linhagens de camundongos estudadas. A partir desses achados, observa-se que a neuroinflamação desempenha um papel crucial na instalação e desenvolvimento da ELT; além disso, a evolução da doença se mostra codependente às ROS. Ao neutralizar o aspecto funcional de NOX2, foi possível observar melhora na intensidade das crises epilépticas agudas, nas taxas de liberação de fatores neuroinflamatórios, na modulação eletrofisiológica e de células gliais e, por fim, na neurodegeneração. Em conclusão, este estudo pode trazer novos insights sobre alvos celulares e moleculares no tratamento de pacientes refratários à medicação disponível.
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DAYSE SOUZA AQUINO
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RELAÇÃO ENTRE LINGUAGEM E AÇÃO: PROCESSAMENTO LÉXICO-SEMÂNTICO DE VERBOS NA DOENÇA DE PARKINSON
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Orientador : MARIA TERESA CARTHERY GOULART
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Data: 23/Jul/2024
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A possibilidade de comprometimento das habilidades léxico- semânticas em pessoas com doença de Parkinson - DP não são um consenso na literatura, além disso, há uma variabilidade de delineamentos experimentais para investigar seus correlatos neurais, deixando uma lacuna na literatura. Sendo assim, foram conduzidas análises a partir de Modelos Lineares Generalizados – GLM para investigar o processamento léxico-semântico de verbos de ação em pessoas com DP e controles típicos, avaliando se os efeitos de complexidade semântica dos verbos e se o tipo de tarefa linguística (processamento léxico-semântico superficial ou profundo) influencia em seu desempenho. Dito isso, os resultados deste percurso investigativo serão apresentados por meio de dois artigos: a) O primeiro investigou o desempenho de 32 pessoas com doença de Parkinson e 27 controles típicos em tarefas de nomeação e associação semântica de verbos de ação. Para ambas as tarefas o grupo com DP mostrou déficits em relação aos controles típicos. A característica de imageabilidade influenciou a recuperação lexical do grupo DP, na direção de uma facilitação com o aumento dessa variável. Adicionalmente, imageabilidade interagiu com acionalidade e revelou que o aumento da imageabilidade para verbos com alta acionalidade, diminuem a acurácia. Já na associação semântica, apenas acionalidade mostrou resultados significativos, em que quanto maior o conteúdo motor dos verbos, maior declínio para associar semanticamente verbos de ação, em especial no grupo DP. b) No segundo artigo, por sua vez, participaram do estudo 22 pessoas com doença de Parkinson e 23 controles típicos que realizaram tarefas de decisão lexical – DL e julgamento semântico - JS de verbos de ação. Os resultados apontam que acionalidade e especificidade são características de complexidade semântica que diferenciam os grupos na tarefa de decisão lexical, afetando a acurácia e tempos de reações do grupo DP, na direção de um déficit de processamento semântico. Para JS, por sua vez, a variável de senso corporal e especificidade parecem apresentar efeitos no grupo DP, que não foram encontrados para população saudável. Novamente verbos específicos são mais difíceis de processar semanticamente para os pacientes, além disso, senso corporal levou a maiores tempos de reação no grupo DP, conforme o seu aumento. Finalmente, tomados em conjunto, os resultados apontam que tanto aspectos lexicais, quanto semânticos são afetados por efeitos de complexidade semântica dos verbos de ação, em uma população com déficits ligados ao movimento. Adicionalmente, sugere-se a existência de uma rede semântica de ação afetada na DP, com prejuízos seletivos para processamento léxico- semântico de verbos de ação que tenham traços semânticos relacionados a padrões motores ou de movimento. Esses achados sustentam uma visão mais flexível da Teoria da Cognição Corporificada que pressupõe que piores desempenhos serão dependentes da tarefa e dos traços semânticos dos estímulos, assim como observado aqui.
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Mostrar Abstract
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A possibilidade de comprometimento das habilidades léxico- semânticas em pessoas com doença de Parkinson - DP não são um consenso na literatura, além disso, há uma variabilidade de delineamentos experimentais para investigar seus correlatos neurais, deixando uma lacuna na literatura. Sendo assim, foram conduzidas análises a partir de Modelos Lineares Generalizados – GLM para investigar o processamento léxico-semântico de verbos de ação em pessoas com DP e controles típicos, avaliando se os efeitos de complexidade semântica dos verbos e se o tipo de tarefa linguística (processamento léxico-semântico superficial ou profundo) influencia em seu desempenho. Dito isso, os resultados deste percurso investigativo serão apresentados por meio de dois artigos: a) O primeiro investigou o desempenho de 32 pessoas com doença de Parkinson e 27 controles típicos em tarefas de nomeação e associação semântica de verbos de ação. Para ambas as tarefas o grupo com DP mostrou déficits em relação aos controles típicos. A característica de imageabilidade influenciou a recuperação lexical do grupo DP, na direção de uma facilitação com o aumento dessa variável. Adicionalmente, imageabilidade interagiu com acionalidade e revelou que o aumento da imageabilidade para verbos com alta acionalidade, diminuem a acurácia. Já na associação semântica, apenas acionalidade mostrou resultados significativos, em que quanto maior o conteúdo motor dos verbos, maior declínio para associar semanticamente verbos de ação, em especial no grupo DP. b) No segundo artigo, por sua vez, participaram do estudo 22 pessoas com doença de Parkinson e 23 controles típicos que realizaram tarefas de decisão lexical – DL e julgamento semântico - JS de verbos de ação. Os resultados apontam que acionalidade e especificidade são características de complexidade semântica que diferenciam os grupos na tarefa de decisão lexical, afetando a acurácia e tempos de reações do grupo DP, na direção de um déficit de processamento semântico. Para JS, por sua vez, a variável de senso corporal e especificidade parecem apresentar efeitos no grupo DP, que não foram encontrados para população saudável. Novamente verbos específicos são mais difíceis de processar semanticamente para os pacientes, além disso, senso corporal levou a maiores tempos de reação no grupo DP, conforme o seu aumento. Finalmente, tomados em conjunto, os resultados apontam que tanto aspectos lexicais, quanto semânticos são afetados por efeitos de complexidade semântica dos verbos de ação, em uma população com déficits ligados ao movimento. Adicionalmente, sugere-se a existência de uma rede semântica de ação afetada na DP, com prejuízos seletivos para processamento léxico- semântico de verbos de ação que tenham traços semânticos relacionados a padrões motores ou de movimento. Esses achados sustentam uma visão mais flexível da Teoria da Cognição Corporificada que pressupõe que piores desempenhos serão dependentes da tarefa e dos traços semânticos dos estímulos, assim como observado aqui.
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BRUNA PETRUCELLI ARRUDA
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EFEITO DA MELATONINA NA NEUROINFLAMAÇÃO E PLASTICIDADE CEREBRAL APÓS ASFIXIA PERINATAL
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Orientador : SILVIA HONDA TAKADA
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Data: 30/Jul/2024
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A asfixia perinatal é um problema de saúde pública mundial que afeta aproximadamente 60% dos recém-nascidos prematuros de baixo peso e leva à mortalidade ou a distúrbios neurológicos. Para estudar essa condição, utilizamos um modelo de anóxia neonatal global e não invasivo em ratos P1, que simula as condições clínicas de prematuros. Entre as diferentes alterações causadas por esse modelo, destacam-se a diminuição do volume e da neurogênese do hipocampo, além de prejuízos no aprendizado e na memória. Até o momento, a única terapia disponível para diminuir as sequelas causadas pela asfixia é a hipotermia, porém não pode ser aplicada em prematuros, o que torna imprescindível a busca de outros agentes terapêuticos para essa população. Dito isso, a melatonina é um hormônio com ação antioxidante e anti-inflamatória que demonstra eficácia no tratamento de diferentes lesões cerebrais. Portanto, nosso objetivo é avaliar o efeito da melatonina na morte celular, neuroinflamação, comportamento e plasticidade hipocampal adulta de ratos Wistar após anóxia neonatal. Para isso, com peso entre 6-8 g (P1), os animais foram submetidos à anóxia neonatal por 25 minutos e então ressuscitados. 5 min, 24 h e 48 h depois, eles receberam injeção i.p. de melatonina (15 mg/kg). Até o momento, 72h após a anóxia, os animais foram eutanasiados para análise de morte celular, ativação microglial e astrogliose reativa. Com 6 e 7 semanas, os animais foram submetidos aos testes: reconhecimento de objetos, labirinto em y e labirinto de Barnes para análise de aprendizagem e memória, e campo aberto e labirinto em cruz elevado para análise de comportamento do tipo ansioso/hiperativo. Em P72, os animais foram eutanasiados para análise da plasticidade hipocampal. Como resultados parciais, a melatonina diminuiu a morte celular causada pela anóxia, e tanto o grupo anóxia de veículo quanto o grupo de anóxia de melatonina tinham menos células GFAP-positivas no CA1 do hipocampo. No teste de reconhecimento de objetos, a melatonina diminuiu o tempo de exploração do novo objeto em comparação com o grupo anóxia do veículo. No teste de campo aberto, a melatonina diminuiu o comportamento exploratório que após anóxia neonatal, e no teste do labirinto em cruz elevado, o grupo anóxia veículo passou mais tempo nos braços abertos. Em P72, a melatonina reduziu o prejuízo na neurogênese e na morfologia hipocampal após anóxia neonatal. Sendo assim, a melatonina diminuiu prejuízos causados pela anóxia neonatal tanto no período agudo quanto na idade adulta.
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A asfixia perinatal é um problema de saúde pública mundial que afeta aproximadamente 60% dos recém-nascidos prematuros de baixo peso e leva à mortalidade ou a distúrbios neurológicos. Para estudar essa condição, utilizamos um modelo de anóxia neonatal global e não invasivo em ratos P1, que simula as condições clínicas de prematuros. Entre as diferentes alterações causadas por esse modelo, destacam-se a diminuição do volume e da neurogênese do hipocampo, além de prejuízos no aprendizado e na memória. Até o momento, a única terapia disponível para diminuir as sequelas causadas pela asfixia é a hipotermia, porém não pode ser aplicada em prematuros, o que torna imprescindível a busca de outros agentes terapêuticos para essa população. Dito isso, a melatonina é um hormônio com ação antioxidante e anti-inflamatória que demonstra eficácia no tratamento de diferentes lesões cerebrais. Portanto, nosso objetivo é avaliar o efeito da melatonina na morte celular, neuroinflamação, comportamento e plasticidade hipocampal adulta de ratos Wistar após anóxia neonatal. Para isso, com peso entre 6-8 g (P1), os animais foram submetidos à anóxia neonatal por 25 minutos e então ressuscitados. 5 min, 24 h e 48 h depois, eles receberam injeção i.p. de melatonina (15 mg/kg). Até o momento, 72h após a anóxia, os animais foram eutanasiados para análise de morte celular, ativação microglial e astrogliose reativa. Com 6 e 7 semanas, os animais foram submetidos aos testes: reconhecimento de objetos, labirinto em y e labirinto de Barnes para análise de aprendizagem e memória, e campo aberto e labirinto em cruz elevado para análise de comportamento do tipo ansioso/hiperativo. Em P72, os animais foram eutanasiados para análise da plasticidade hipocampal. Como resultados parciais, a melatonina diminuiu a morte celular causada pela anóxia, e tanto o grupo anóxia de veículo quanto o grupo de anóxia de melatonina tinham menos células GFAP-positivas no CA1 do hipocampo. No teste de reconhecimento de objetos, a melatonina diminuiu o tempo de exploração do novo objeto em comparação com o grupo anóxia do veículo. No teste de campo aberto, a melatonina diminuiu o comportamento exploratório que após anóxia neonatal, e no teste do labirinto em cruz elevado, o grupo anóxia veículo passou mais tempo nos braços abertos. Em P72, a melatonina reduziu o prejuízo na neurogênese e na morfologia hipocampal após anóxia neonatal. Sendo assim, a melatonina diminuiu prejuízos causados pela anóxia neonatal tanto no período agudo quanto na idade adulta.
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CLAUDIA EUNICE NEVES DE OLIVEIRA
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Ajustes posturais antecipatórios na iniciação do passo e seus correlatos corticais frontais
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Orientador : DANIEL BOARI COELHO
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Data: 3/Set/2024
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A doença de Parkinson (DP) é uma condição neurodegenerativa caracterizada por sintomas motores como tremor de repouso, bradicinesia, rigidez muscular e instabilidade postural. Esses sintomas aumentam o risco de quedas, tornando crucial a investigação de métodos que possam melhorar a iniciação do passo. Este estudo avaliou o efeito agudo da estimulação transcraniana por corrente contínua de alta definição (HD-tDCS) anódica sobre a área motora suplementar (AMS) na modulação das áreas cognitivas do córtex pré-frontal e no desempenho da iniciação do passo em uma tarefa de conflito cognitivo-motor em indivíduos com DP. Participaram deste estudo 22 voluntários diagnosticados com DP idiopática, classificados entre os estágios II e III na escala de Hoehn & Yahr. Os participantes foram submetidos a um protocolo experimental triplo cego cross-over, incluindo sessões de HD-tDCS ativa e sham ativo, com avaliação das respostas cinéticas, cinemáticas e hemodinâmicas cerebrais pela espectroscopia funcional no infravermelho próximo durante a tarefa de iniciação do passo. Os resultados mostraram que a estimulação HD-tDCS anódica sobre a AMS reduziu a duração e aumentou a amplitude dos ajustes posturais antecipatórios (APAs), além de melhorar a precisão na execução da tarefa de iniciação do passo. A análise hemodinâmica revelou uma diminuição na atividade do córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL) pós-estimulação, indicando uma menor demanda cognitiva para o controle motor, enquanto a atividade da AMS foi facilitada, sugerindo um aumento na eficiência neural do circuito motor. Esses achados enfatizam o papel crucial da AMS no planejamento e na execução de movimentos auto-iniciados, oferecendo novas perspectivas terapêuticas para a reabilitação motora em indivíduos com DP. A facilitação da AMS através da HD-tDCS pode potencialmente melhorar a mobilidade e reduzir o risco de quedas. Em conclusão, a estimulação HD-tDCS anódica da AMS mostrou-se uma intervenção promissora para melhorar a iniciação do passo em indivíduos com DP, sugerindo uma abordagem inovadora para a reabilitação motora que pode ser incorporada à prática clínica a fim de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos.
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A doença de Parkinson (DP) é uma condição neurodegenerativa caracterizada por sintomas motores como tremor de repouso, bradicinesia, rigidez muscular e instabilidade postural. Esses sintomas aumentam o risco de quedas, tornando crucial a investigação de métodos que possam melhorar a iniciação do passo. Este estudo avaliou o efeito agudo da estimulação transcraniana por corrente contínua de alta definição (HD-tDCS) anódica sobre a área motora suplementar (AMS) na modulação das áreas cognitivas do córtex pré-frontal e no desempenho da iniciação do passo em uma tarefa de conflito cognitivo-motor em indivíduos com DP. Participaram deste estudo 22 voluntários diagnosticados com DP idiopática, classificados entre os estágios II e III na escala de Hoehn & Yahr. Os participantes foram submetidos a um protocolo experimental triplo cego cross-over, incluindo sessões de HD-tDCS ativa e sham ativo, com avaliação das respostas cinéticas, cinemáticas e hemodinâmicas cerebrais pela espectroscopia funcional no infravermelho próximo durante a tarefa de iniciação do passo. Os resultados mostraram que a estimulação HD-tDCS anódica sobre a AMS reduziu a duração e aumentou a amplitude dos ajustes posturais antecipatórios (APAs), além de melhorar a precisão na execução da tarefa de iniciação do passo. A análise hemodinâmica revelou uma diminuição na atividade do córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL) pós-estimulação, indicando uma menor demanda cognitiva para o controle motor, enquanto a atividade da AMS foi facilitada, sugerindo um aumento na eficiência neural do circuito motor. Esses achados enfatizam o papel crucial da AMS no planejamento e na execução de movimentos auto-iniciados, oferecendo novas perspectivas terapêuticas para a reabilitação motora em indivíduos com DP. A facilitação da AMS através da HD-tDCS pode potencialmente melhorar a mobilidade e reduzir o risco de quedas. Em conclusão, a estimulação HD-tDCS anódica da AMS mostrou-se uma intervenção promissora para melhorar a iniciação do passo em indivíduos com DP, sugerindo uma abordagem inovadora para a reabilitação motora que pode ser incorporada à prática clínica a fim de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos.
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