Efeito da estimulação/mediação na cognição e a aprendizagem escolar de crianças de 5-6 anos da educação infantil
A aprendizagem é um processo contínuo, que ocorre ao longo da vida, tanto em situações cotidianas como também em situações sistematizadas. Com os avanços das pesquisas em neurociência foi possível compreender que as vivências e os fatores ambientais são fundamentais para o desenvolvimento das funções cognitivas. Já nos anos pré escolares pode-se iniciar um trabalho de intervenção cognitiva, promovendo o desenvolvimento precoce das habilidades que posteriormente, no ensino fundamental, favorecerão passagem pela alfabetização e matemática. Entre as intervenções fundamentadas e avaliadas pelo crivo cientifico encontra-se a mediação cognitiva, sendo essa uma técnica na qual um sujeito (mediador) mais experiente estrutura os estímulos, com o objetivo de ampliar o potencial de aprendizagem. Estratégias de mediação podem ser utilizadas no ambiente familiar, mas podem ser transformadas em ações pedagógicas a serem aplicadas na escola. O presente trabalho tem por objetivo avaliar o efeito da mediação cognitiva no desempenho escolar em crianças de 5 e 6 anos que estejam frequentando a escola de educação infantil. Participaram desta pesquisa 50 crianças de ambos os sexos, matriculadas em uma escola municipal na capital de São Paulo. As crianças foram divididas em dos grupos, o grupo experimental (n=25) que passou pelo processo de mediação e o grupo controle, que continuou atividades escolares regulares. Todos voluntários assinaram termo de consentimento livre e esclarecido.. Intervenção aconteceu num período de 10 semanas, com 2 sessões a cada semana, de aproximadamente 30 minutos, para cada grupo. Para avaliar funções cognitivas relevantes para a aprendizagem foram usados instrumentos aplicados em dois momentos: pré e pós intervenção. Foram usados: a escala de Maturidade Mental Columbia para avaliação da maturidade cognitiva; o Token Test para linguagem receptiva; Teste de Nomeação de figuras para linguagem expressiva; Teste Visuoespacial para habilidade visuoespacial, Teste de Escrita para verificar a hipótese de escrita e Teste de capacidade matemática, que avalia conhecimento dos conceitos de grandeza. O questionário do nível socioeconômico ABIPEME e o questionário contendo um breve histórico da criança, foram respondidos pelos pais ou responsáveis. Resultados das avaliação pré e pós intervenção, obtidos por meio das análises estatísticas não paramétricos mostraram melhora pós intervenção no grupo experimental na linguagem receptiva (Token Teste; M[Pré] = 107,9; M[Pós] = 119,2; p = 0,04), linguagem expressiva (Teste de Nomeação de figuras; M[Pré] = 75,8; M[Pós] = 76,0 ; p = 0,05) e na capacidade matemática (M[Pré] = 6,1; M[Pós] = 6,6; p = 0,001). A habilidade visuoespacial foi um outro achado deste estudo, apontando uma diferença significativa no desempenho pós intervenção (Teste visuoespacial; M[Pré] = 1,5; M[Pós] = 1,8; p = 0,03). Essas evidências apontam que a estimulação por meio da mediação cognitiva foi efetiva para melhor desempenho de algumas das habilidades escolares e funções cognitivas, resultado que corrobora com parte dos achados descritos na literatura. Enquanto os achados na literatura relatam melhora na volição e na qualidade da interação professor e aluno, presente estudo mostrou que mediação pode influenciar positivamente desenvolvimento das habilidades de linguagem e favorecer desempenho em tarefas visuoespaciais e matemática