Relação entre parâmetros comportamentais e a expressão dos transportadores de glicose em um modelo de esquizofrenia
A esquizofrenia é um transtorno neuropsiquiátrico crônico e altamente incapacitante que afeta cerca de 1% da população. Os tratamentos farmacológicos disponíveis não são eficazes para todos os pacientes devido a heterogeneidade de sintomas e ainda causam efeitos colaterais incômodos, sendo, portanto, imprescindível o desenvolvimento de modelos experimentais para o estudo dos mecanismos fisiopatológicos deste transtorno. Apesar de diversas hipóteses já terem sido propostas para explicar a sintomatologia desta desordem sua etiologia é complexa e ainda desconhecida; neste sentido, distúrbios na neurotransmissão glutamatérgica devido à hipofunção do receptor NMDA (N-metil-D-aspartato) têm sido propostos como umas das causas da fisiopatologia da doença. Dessa forma, a administração de cetamina, um antagonista dos receptores NMDA, é utilizada para mimetizar alterações comportamentais e neurofisiológicas semelhante às encontradas em pacientes com esquizofrenia. No entanto, a vasta maioria dos estudos que utilizam a cetamina fazem uso do tratamento agudo e em animais adultos, além disso os animais são testados imediatamente após a injeção da droga. Neste contexto, os efeitos do tratamento crônico e a longo prazo da cetamina durante a adolescência são escassos. Almejando investigar esta conjectura, o presente trabalho focou em desenvolver um paradigma farmacológico como modelo preditivo para o estudo da esquizofrenia através da administração crônica de cetamina na adolescência. Os resultados mostraram que o tratamento crônico com cetamina foi capaz de mimetizar sintomas positivos, negativos e cognitivos. Além disso alterações nos transportadores de glicose foram observadas no hipocampo, indicando possíveis anormalidades bioenergéticas neste modelo. Estes dados, em conjunto, sugerem que a cetamina administrada cronicamente na adolescência causa alterações duradouras no sistema nervoso central e, mimetizam sintomas positivos, negativos, cognitivos e bioenergéticos observados na esquizofrenia.