Registro Eletrofisiológico e Manipulação da Atividade Neural do Córtex Pré-Frontal de Ratos Durante o Aprendizado Temporal
A percepção temporal é essencial para a adaptação e sobrevivência de diversas espécies, contudo sua compreensão ainda está somente no início. Sabe-se que diversas regiões encefálicas e alguns tipos de neurônios apresentam atividade correlacionada a tarefas de estimação temporal em animais treinados. O que foi pouco estudado, no entanto, é como estas atividades emergem com o aprendizado. Em parte, a escassez de resultados sobre isto vem do fato que aprendizagem em tarefas de estimação temporal costuma levar muitas sessões para ser observada. Em trabalhos recentes, adaptamos o treinamento em uma tarefa de DRRD (do inglês \textit{Differential Reinforcement of Response Duration}), de forma a observar aprendizado já na primeira sessão de treinamento. Tal mudança possibilita acompanhar a evolução da atividade de neurônios individuais durante a aprendizagem. Este estudo teve o objetivo de analisar o padrão de atividade neural no córtex pré-frontal e do estriado durante a aprendizagem de estimação temporal na tarefa de DRRD. Para isso, adaptamos a tarefa e o aparato experimental para realizar os estudos eletrofisiológicos. Foram realizados registros extracelulares em quatro ratos com implantes crônicos de matrizes de 32 eletrodos no córtex pré-frontal medial. Realizamos, também, experimentos farmacológicos para entender o efeito da inativação do córtex pré-frontal e do estriado com microinjeções de muscimol. E por fim realizamos foto-estimulação optogenética do córtex pré-frontal durante o aprendizado da tarefa. Nossos resultados indicam que existem células no córtex pré-frontal medial cuja atividade codifica intervalos temporais, o que está de acordo com a literatura. Além disso, observamos que parte destas células apresentam modulação do padrão de disparos ao longo do aprendizado. No entanto, ao utilizar um decodificador temporal, notamos uma queda no seu poder de redição durante o aprendizado. Nossos estudos farmacológicos sugerem que a integridade do córtex pré-frontal medial possui um papel importante no aprendizado da tarefa, mas não na expressão do comportamento. Já o estriado parece ser necessário somente para a expressão comportamental, de acordo com resultados de experimentos farmacológicos. Finalmente, os experimentos de estimulação optogenética indicam que a estimulação simultânea a resposta do animal prejudica o aprendizado.