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Dissertações |
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LILIANE RIBEIRO SANTOS
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SOCIEDADE CIVIL, PARTICIPAÇÃO DIGITAL E MEIO AMBIENTE: análise do debate político promovido por representantes do CONSEMA-SP nas redes sociais de internet.
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Orientador : CLAUDIO LUIS DE CAMARGO PENTEADO
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Data: 09/03/2023
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O presente trabalho tem como tema a análise da participação cidadã promovida por membros de instituições participativas, através de suas redes sociais de internet. Para tal, foi estudado o caso do Conselho Estadual de Meio Ambiente do estado de São Paulo (CONSEMA). A participação cidadã como dispositivo democrático se torna ainda mais importante para transformação de um cenário de crise ambiental, agravada pela condução da política ambiental controversa do governo Bolsonaro. A gestão do meio ambiente nesse governo se caracterizou por redução orçamentário, desmonte de órgãos de proteção do governo e da sociedade civil, aumento dos índices de destruição dos recursos naturais, entre outros. No estado de São Paulo, devido às junções, iniciadas pelo governo Dória, o meio ambiente perdeu o status de Secretaria de Estado e passou a ser tratado em nível de subsecretaria, levantando questionamentos sobre a isonomia em decisões de conflito entre as pastas centralizadas no mesmo órgão, o que reforça a importância de discussões cada vez mais participativas na política ambiental. Considerando a internet como um potencial canal de promoção de tal participação, a pesquisa terá como objetivo avaliar o modo como os membros da sociedade civil ambientalistas do Consema ampliam, em suas respectivas plataformas de redes sociais institucionais, o debate sobre as pautas deste colegiado. O estudo foi feito através do levantamento de informações na literatura sobre instituições participativas e democracia digital, da análise das páginas e perfis do Facebook, Instagram e Twitter dessas entidades e por entrevistas a seus representantes. Os resultados apontam que há escassa participação da sociedade civil, sendo as redes sociais pouco utilizadas para integrar o cidadão comum no debate ambiental. De modo geral, concluiu-se que a democracia participativa é pouco mobilizada através das Tecnologias de Informação e Comunicação-TICS, todavia é feito um uso limitado dessas ferramentas, atingindo apenas os primeiros graus de participação popular digital. Por fim, ressalta-se que estudos científicos, como esse, são fundamentais para entender as atuais dinâmicas de interação sociopolítica, podendo assim nortear ações de fortalecimento da democracia brasileira.
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O presente trabalho tem como tema a análise da participação cidadã promovida por membros de instituições participativas, através de suas redes sociais de internet. Para tal, foi estudado o caso do Conselho Estadual de Meio Ambiente do estado de São Paulo (CONSEMA). A participação cidadã como dispositivo democrático se torna ainda mais importante para transformação de um cenário de crise ambiental, agravada pela condução da política ambiental controversa do governo Bolsonaro. A gestão do meio ambiente nesse governo se caracterizou por redução orçamentário, desmonte de órgãos de proteção do governo e da sociedade civil, aumento dos índices de destruição dos recursos naturais, entre outros. No estado de São Paulo, devido às junções, iniciadas pelo governo Dória, o meio ambiente perdeu o status de Secretaria de Estado e passou a ser tratado em nível de subsecretaria, levantando questionamentos sobre a isonomia em decisões de conflito entre as pastas centralizadas no mesmo órgão, o que reforça a importância de discussões cada vez mais participativas na política ambiental. Considerando a internet como um potencial canal de promoção de tal participação, a pesquisa terá como objetivo avaliar o modo como os membros da sociedade civil ambientalistas do Consema ampliam, em suas respectivas plataformas de redes sociais institucionais, o debate sobre as pautas deste colegiado. O estudo foi feito através do levantamento de informações na literatura sobre instituições participativas e democracia digital, da análise das páginas e perfis do Facebook, Instagram e Twitter dessas entidades e por entrevistas a seus representantes. Os resultados apontam que há escassa participação da sociedade civil, sendo as redes sociais pouco utilizadas para integrar o cidadão comum no debate ambiental. De modo geral, concluiu-se que a democracia participativa é pouco mobilizada através das Tecnologias de Informação e Comunicação-TICS, todavia é feito um uso limitado dessas ferramentas, atingindo apenas os primeiros graus de participação popular digital. Por fim, ressalta-se que estudos científicos, como esse, são fundamentais para entender as atuais dinâmicas de interação sociopolítica, podendo assim nortear ações de fortalecimento da democracia brasileira.
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LUCIANO ALEXANDRINO DOS SANTOS JÚNIOR
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PRINCIPAIS AVANÇOS E FALHAS NO PRIMEIRO ANO DA IMPLEMENTAÇÃO DO ACORDO DE PAZ DA COLÔMBIA
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Orientador : JOSE BLANES SALA
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Data: 10/03/2023
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O conflito armado colombiano entre o Estado e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) durou mais de cinco décadas e acumulou alarmantes índices de mortes, deslocamento interno e violência. Em 2016 o país finalmente conquistou a consolidação de um acordo de paz com a guerrilha. O acordo abrangeu diversos temas estruturais e institucionais, tais como reforma rural, cessar fogo, incorporação política, monitoramento, reinserção social, dentre outros. O primeiro ano da implementação deste acordo, ocorreu em 2017 e foi o escopo deste estudo, pois, o primeiro ano do pós-conflito é o mais tenso e complexo por envolver um esforço ímpar de seus atores, mas com resquícios e cicatrizes de um conflito recente. Com isso, a pergunta que norteia este estudo é: quais são os principais avanços e desafios neste primeiro ano de implementação do acordo de paz colombiano? Para responde-la utilizou-se do método comparativo a fim de verificar os pós conflitos em outros acordos de paz ao redor do mundo, embasamento teórico sobre teorias de construção da paz e análise de fontes primárias com o estudo do primeiro relatório publicado pelo instituto Kroc da Universidade de Notre Dame. Identificou-se que o principal avanço foi a entrega de armas e o desafio mais significativo foram as falhas na proteção e reinserção social. Dessa forma, o presente estudo pretende oferecer um balanço teórico e prático sobre a implementação da paz na Colômbia. Apesar do conflito continuar com outras guerrilhas, o acordo de paz possuí a potencialidade de solucionar problemas estruturais, sociais e econômicos através de políticas públicas ao invés dos fuzis.
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O conflito armado colombiano entre o Estado e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) durou mais de cinco décadas e acumulou alarmantes índices de mortes, deslocamento interno e violência. Em 2016 o país finalmente conquistou a consolidação de um acordo de paz com a guerrilha. O acordo abrangeu diversos temas estruturais e institucionais, tais como reforma rural, cessar fogo, incorporação política, monitoramento, reinserção social, dentre outros. O primeiro ano da implementação deste acordo, ocorreu em 2017 e foi o escopo deste estudo, pois, o primeiro ano do pós-conflito é o mais tenso e complexo por envolver um esforço ímpar de seus atores, mas com resquícios e cicatrizes de um conflito recente. Com isso, a pergunta que norteia este estudo é: quais são os principais avanços e desafios neste primeiro ano de implementação do acordo de paz colombiano? Para responde-la utilizou-se do método comparativo a fim de verificar os pós conflitos em outros acordos de paz ao redor do mundo, embasamento teórico sobre teorias de construção da paz e análise de fontes primárias com o estudo do primeiro relatório publicado pelo instituto Kroc da Universidade de Notre Dame. Identificou-se que o principal avanço foi a entrega de armas e o desafio mais significativo foram as falhas na proteção e reinserção social. Dessa forma, o presente estudo pretende oferecer um balanço teórico e prático sobre a implementação da paz na Colômbia. Apesar do conflito continuar com outras guerrilhas, o acordo de paz possuí a potencialidade de solucionar problemas estruturais, sociais e econômicos através de políticas públicas ao invés dos fuzis.
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ERICA CAROLINA RODRIGUES DA SILVA
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Democracia, populismo penal e punitivismo no Brasil: Uma análise de discurso de ódio contra a pessoa presa no YouTube
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Orientador : CLAUDIO LUIS DE CAMARGO PENTEADO
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Data: 05/04/2023
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O presente trabalho constrói, pela via da interdisciplinaridade, um diálogo entre a Ciência Política e as Ciências Sociais, para observar o itinerário do punitivismo e do populismo penal no Brasil, do pós-regime militar ao cenário da digitalização contemporânea. Percorrendo a trajetória das políticas de segurança pública desde a redemocratização, elenca-se os componentes político-sociais que buscam explicar o avanço da onda conservadora à direita e o consistente uso midiático e político das narrativas de ódio contra as pessoas presas que cometeram delitos, culminando na maciça eleição de parlamentares alinhados às pautas hiperpunitivistas e de políticos de grande representatividade, como o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras lideranças políticas. Diante deste contexto de ascensão do autoritarismo-securitário, observou-se o processo de escolha dos “inimigos sociais”, a partir da estigmatização e da instrumentalização do pânico moral, pelo populismo penal, como artifício de reforço sobre as representações simbólicas do criminoso na mídia. Frente à dinâmica de plataformização da vida, em que as Redes Sociais de Internet têm ocupado um notável espaço no cotidiano e se estabelecido como ambiente central da discussão sócio-política, essa pesquisa concentrou esforços em identificar discursos de ódio sobre as pessoas criminosas mobilizados no ambiente online, especialmente nos comentários do YouTube. A discussão partirá da análise de conteúdos em notícias atinentes à temática da segurança pública, da justiça penal e do sistema carcerário publicados pelos canais da Jovem Pan News e UOL nesta rede social, por meio de metodologia baseada na análise de textual e de conteúdo automatizadas, aliada ao software IRaMuTeQ, que acumula funcionalidades para aprimorar a investigação de corpus volumosos, identificando os vocábulos mais recorrentes, as relações de sentido que se estabelecem entre eles e criando categorias que fomentam o livro de códigos dessa análise. Como principal resultado desta investida, apuramos que as narrativas que se voltam às pessoas presas no online baseiam-se, quase que exclusivamente, em discurso de ódio, que visam diminuir a humanidade dos encarcerados, clamar pela urgente retirada de direitos deles e desejar a morte como política pública de segurança, sempre bastante alinhados aos discurso empreendido por líderes políticos adeptos ao populismo penal, sendo representativamente mais articulado e consistente na mídia que se apresenta como de extrema-direita.
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O presente trabalho constrói, pela via da interdisciplinaridade, um diálogo entre a Ciência Política e as Ciências Sociais, para observar o itinerário do punitivismo e do populismo penal no Brasil, do pós-regime militar ao cenário da digitalização contemporânea. Percorrendo a trajetória das políticas de segurança pública desde a redemocratização, elenca-se os componentes político-sociais que buscam explicar o avanço da onda conservadora à direita e o consistente uso midiático e político das narrativas de ódio contra as pessoas presas que cometeram delitos, culminando na maciça eleição de parlamentares alinhados às pautas hiperpunitivistas e de políticos de grande representatividade, como o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras lideranças políticas. Diante deste contexto de ascensão do autoritarismo-securitário, observou-se o processo de escolha dos “inimigos sociais”, a partir da estigmatização e da instrumentalização do pânico moral, pelo populismo penal, como artifício de reforço sobre as representações simbólicas do criminoso na mídia. Frente à dinâmica de plataformização da vida, em que as Redes Sociais de Internet têm ocupado um notável espaço no cotidiano e se estabelecido como ambiente central da discussão sócio-política, essa pesquisa concentrou esforços em identificar discursos de ódio sobre as pessoas criminosas mobilizados no ambiente online, especialmente nos comentários do YouTube. A discussão partirá da análise de conteúdos em notícias atinentes à temática da segurança pública, da justiça penal e do sistema carcerário publicados pelos canais da Jovem Pan News e UOL nesta rede social, por meio de metodologia baseada na análise de textual e de conteúdo automatizadas, aliada ao software IRaMuTeQ, que acumula funcionalidades para aprimorar a investigação de corpus volumosos, identificando os vocábulos mais recorrentes, as relações de sentido que se estabelecem entre eles e criando categorias que fomentam o livro de códigos dessa análise. Como principal resultado desta investida, apuramos que as narrativas que se voltam às pessoas presas no online baseiam-se, quase que exclusivamente, em discurso de ódio, que visam diminuir a humanidade dos encarcerados, clamar pela urgente retirada de direitos deles e desejar a morte como política pública de segurança, sempre bastante alinhados aos discurso empreendido por líderes políticos adeptos ao populismo penal, sendo representativamente mais articulado e consistente na mídia que se apresenta como de extrema-direita.
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PEDRO MENDONÇA CASTELO BRANCO
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UBERIZADOS, MAS ORGANIZADOS? Um estudo sobre o Breque dos Apps
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Orientador : SIDNEY JARD DA SILVA
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Data: 05/04/2023
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Esta Dissertação de Mestrado se desenvolve na área da Sociologia do Trabalho, sobremaneira, no estudo das organizações dos trabalhadores uberizados; a pesquisa está sob o guarda-chuva da Linha de Pesquisa “Trabalho, Migrações e Políticas Sociais” do Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais (PCHS) da Universidade Federal do ABC (UFABC), bem como, vinculada ao Grupo de Pesquisa “Política, Políticas Públicas e Ação Coletiva (3PAC/CNPQ)” também da UFABC. Tratamos aqui a uberização do trabalho, fenômeno típico do século XXI, como mais uma etapa no processo de reestruturação produtiva que dissolveu mediações e acordos entre o capital e o trabalho que perduraram durante boa parte do século XX, conhecidas pelo lado da produção como fordismo e no campo dos Estados nacionais como os modelos de Estado de Bem-Estar Social. Neste sentido, a uberização do trabalho significa um processo de relações trabalhistas à margem do estofo protetivo da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e, mais ainda, à margem também da própria condição de trabalhadores assalariados, isso porque, essa condição é negada pelo léxico veiculado pelas empresas que se baseiam em valores neoliberais como os de parcerias e de empresas de si. Combinam-se, ainda, a esses elementos um aprofundamento brutal do controle desses trabalhadores a partir das tecnologias da informação e da comunicação (TIC’s). Todavia, apesar desse cenário de individualização do trabalho e de controle milimétrico, os uberizados tem conseguido se organizar coletivamente para uma contra-ofensiva do trabalho em diversas partes do mundo e no Brasil. Diante disso, o objetivo primário desse trabalho é compreender a organização coletiva de uma das principais categorias do trabalho uberizado: os entregadores de aplicativo. Aqui focamos nos entregadores que organizam os Breques dos Apps na região metropolitana de São Paulo à luz dos conceitos de experiência e de classe social em Thompson (1981, 1998, 2001). Para isso, a análise se centrou nos chamados nos entregadores chamados de “linha de frente”, isto é, aqueles que atuam na organização dos Breques. Do ponto de vista metodológico, uilizou-se uma abordagem qualitativa com quatro entrevistas semiestruturadas e a observação direta das reuniões de preparação da mobilização nacional que ocorreu no dia 11 de setembro de 2021 e de dois locais de paralisação no dia do evento. Dessa maneira, esta dissertação pretendeu dar um passo na compreensão do fenômeno da uberização do trabalho pelo ótica das alternativas criadas pelos próprios trabalhadores. Como resultado, apontamos um processo, ainda que contraditório e inicial, de construção de uma agência coletiva, de uma noção de classe, a partir da experiências dos trabalhadores no próprio trabalho, da relação com outros membros da categoria e com os processos de mobilização. Esse conformação de um novo setor da classe trabalhadora como agente político, isto é, que se movimenta e se percebe como classe, busca responder diretamente a demandas vinculadas a realidade do trabalho uberizado como: aumento na remuneração dos entregadores e regras que limitem o controle das plataformas sobre os trabalhadores.
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Esta Dissertação de Mestrado se desenvolve na área da Sociologia do Trabalho, sobremaneira, no estudo das organizações dos trabalhadores uberizados; a pesquisa está sob o guarda-chuva da Linha de Pesquisa “Trabalho, Migrações e Políticas Sociais” do Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais (PCHS) da Universidade Federal do ABC (UFABC), bem como, vinculada ao Grupo de Pesquisa “Política, Políticas Públicas e Ação Coletiva (3PAC/CNPQ)” também da UFABC. Tratamos aqui a uberização do trabalho, fenômeno típico do século XXI, como mais uma etapa no processo de reestruturação produtiva que dissolveu mediações e acordos entre o capital e o trabalho que perduraram durante boa parte do século XX, conhecidas pelo lado da produção como fordismo e no campo dos Estados nacionais como os modelos de Estado de Bem-Estar Social. Neste sentido, a uberização do trabalho significa um processo de relações trabalhistas à margem do estofo protetivo da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e, mais ainda, à margem também da própria condição de trabalhadores assalariados, isso porque, essa condição é negada pelo léxico veiculado pelas empresas que se baseiam em valores neoliberais como os de parcerias e de empresas de si. Combinam-se, ainda, a esses elementos um aprofundamento brutal do controle desses trabalhadores a partir das tecnologias da informação e da comunicação (TIC’s). Todavia, apesar desse cenário de individualização do trabalho e de controle milimétrico, os uberizados tem conseguido se organizar coletivamente para uma contra-ofensiva do trabalho em diversas partes do mundo e no Brasil. Diante disso, o objetivo primário desse trabalho é compreender a organização coletiva de uma das principais categorias do trabalho uberizado: os entregadores de aplicativo. Aqui focamos nos entregadores que organizam os Breques dos Apps na região metropolitana de São Paulo à luz dos conceitos de experiência e de classe social em Thompson (1981, 1998, 2001). Para isso, a análise se centrou nos chamados nos entregadores chamados de “linha de frente”, isto é, aqueles que atuam na organização dos Breques. Do ponto de vista metodológico, uilizou-se uma abordagem qualitativa com quatro entrevistas semiestruturadas e a observação direta das reuniões de preparação da mobilização nacional que ocorreu no dia 11 de setembro de 2021 e de dois locais de paralisação no dia do evento. Dessa maneira, esta dissertação pretendeu dar um passo na compreensão do fenômeno da uberização do trabalho pelo ótica das alternativas criadas pelos próprios trabalhadores. Como resultado, apontamos um processo, ainda que contraditório e inicial, de construção de uma agência coletiva, de uma noção de classe, a partir da experiências dos trabalhadores no próprio trabalho, da relação com outros membros da categoria e com os processos de mobilização. Esse conformação de um novo setor da classe trabalhadora como agente político, isto é, que se movimenta e se percebe como classe, busca responder diretamente a demandas vinculadas a realidade do trabalho uberizado como: aumento na remuneração dos entregadores e regras que limitem o controle das plataformas sobre os trabalhadores.
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BEATRIZ DE PAULA AZEVEDO
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Classificação étnico-racial em discussões no Twitter: denúncias de supostas fraudes em ações afirmativas das universidades públicas brasileiras em 2020
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Orientador : PAULO SERGIO DA COSTA NEVES
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Data: 19/04/2023
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A presente dissertação tem como objetivo investigar as discussões em torno das classificações étnico-raciais brasileiras por meio do Twitter. Para tanto, foram analisadas as publicações do perfil “reservanonymous” e da hashtag #FraudadoresDeCotas, entre maio e julho de 2020. Tal período é marcado pela criação de diversas páginas nessa mídia digital com o intuito de denunciar supostas fraudes no sistema de cotas étnico-racias das universidades públicas brasileiras. À vista disso, diferentes internautas compartilharam suas interpretações sobre raça/cor, política de ações afirmativas e como avaliavam os casos exibidos no perfil e na hashtag. A partir dos diálogos e argumentos mobilizados nesses tweets, busquei, neste trabalho, situar as controvérsias acerca da temática; compreender como o Twitter têm sido utilizado nos debates sobre pertencimento racial no país, bem como, identificar como a categoria “parda” está sendo representada nesses contextos. Nesse sentido, para o desenvolvimento e a concretização da pesquisa, empreguei a união dos seguintes métodos: análise de discurso; “perambulações” pela hashtag e a revisão bibliográfica da literatura das ciências sociais nacionais, especificamente, do campo das Relações Étnico-raciais, junto às contribuições da área da Sociologia Digital e dos Estudos Culturais. Os resultados dessa investigação enfatizam que há dúvidas quanto ao sistema classificatório do país e as suas formas de designação, tais como: (a) quem é negra/o no Brasil, sobretudo quem se “encaixa” na categorização de “parda/o”; (b) se a heteroatribuição racial no país é baseada na “marca” (critérios fenotípicos) ou na “origem” (ascendência); e (c) como são articuladas as intersecções entre classificação socioeconômica e raça/cor. Assim sendo, esses apontamentos procuravam explorar quem seria, de fato, o público-alvo da Lei 12.711/2012.
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A presente dissertação tem como objetivo investigar as discussões em torno das classificações étnico-raciais brasileiras por meio do Twitter. Para tanto, foram analisadas as publicações do perfil “reservanonymous” e da hashtag #FraudadoresDeCotas, entre maio e julho de 2020. Tal período é marcado pela criação de diversas páginas nessa mídia digital com o intuito de denunciar supostas fraudes no sistema de cotas étnico-racias das universidades públicas brasileiras. À vista disso, diferentes internautas compartilharam suas interpretações sobre raça/cor, política de ações afirmativas e como avaliavam os casos exibidos no perfil e na hashtag. A partir dos diálogos e argumentos mobilizados nesses tweets, busquei, neste trabalho, situar as controvérsias acerca da temática; compreender como o Twitter têm sido utilizado nos debates sobre pertencimento racial no país, bem como, identificar como a categoria “parda” está sendo representada nesses contextos. Nesse sentido, para o desenvolvimento e a concretização da pesquisa, empreguei a união dos seguintes métodos: análise de discurso; “perambulações” pela hashtag e a revisão bibliográfica da literatura das ciências sociais nacionais, especificamente, do campo das Relações Étnico-raciais, junto às contribuições da área da Sociologia Digital e dos Estudos Culturais. Os resultados dessa investigação enfatizam que há dúvidas quanto ao sistema classificatório do país e as suas formas de designação, tais como: (a) quem é negra/o no Brasil, sobretudo quem se “encaixa” na categorização de “parda/o”; (b) se a heteroatribuição racial no país é baseada na “marca” (critérios fenotípicos) ou na “origem” (ascendência); e (c) como são articuladas as intersecções entre classificação socioeconômica e raça/cor. Assim sendo, esses apontamentos procuravam explorar quem seria, de fato, o público-alvo da Lei 12.711/2012.
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WALLESANDRA SOUZA RODRIGUES
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Resistências Possíveis: enegrecendo o olhar sobre as mulheres negras encarceradas na cidade de São Paulo.
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Orientador : ALESSANDRA TEIXEIRA
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Data: 22/05/2023
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A presente pesquisa propõe uma análise sobre quais seriam os efeitos do espaço social penitenciário nas relações raciais e de gênero entre mulheres presas em unidade prisional na cidade de São Paulo. Tomamos como ponto de partida a compreensão de que o processo de formação das prisões no Brasil é indissociável do fenômeno da escravidão moderna e sua passagem ao Estado moderno. Para realização deste trabalho utilizamos notas etnográficas produzidas em 2017 - 2019 e dialogamos com referenciais teóricos que discutem as concepções e as ressignificações/usos do conceito de miscigenação e suas reminiscências na construção da identidade tardia de pessoas negras.
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A presente pesquisa propõe uma análise sobre quais seriam os efeitos do espaço social penitenciário nas relações raciais e de gênero entre mulheres presas em unidade prisional na cidade de São Paulo. Tomamos como ponto de partida a compreensão de que o processo de formação das prisões no Brasil é indissociável do fenômeno da escravidão moderna e sua passagem ao Estado moderno. Para realização deste trabalho utilizamos notas etnográficas produzidas em 2017 - 2019 e dialogamos com referenciais teóricos que discutem as concepções e as ressignificações/usos do conceito de miscigenação e suas reminiscências na construção da identidade tardia de pessoas negras.
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PRISCILA DOS SANTOS RODRIGUES
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Trabalhadoras domésticas como Sujeitas da História: resistências e saberes forjados nas Lutas de Fronteira
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Orientador : ALESSANDRA TEIXEIRA
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Data: 23/05/2023
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Das lutas das trabalhadoras domésticas por reconhecimento e igualdade de direitos insurgem ações de resistência e de desobediência epistêmica que põem à mostra o papel estratégico dessa força de trabalho para a manutenção da vida humana. Em resposta às hierarquias sociais que as envolvem, seja por sua localização no campo da reprodução social, seja por codificações de classe, gênero e raça, as trabalhadoras domésticas elaboram saberes que as reabilitam enquanto sujeitas da história. O movimento ou organização de classe, como reivindicam, conta com diversos apoios, parcerias e articulações com organizações e movimentos sociais; porém, o que dá embasamento à leitura do mundo e à atuação política é a realidade em que vivem, o chão que pisam e o conhecimento que elaboram coletivamente. Para o recorte desta pesquisa, busco compreender a maneira pela qual esses elementos são enunciados nas falas de Creuza Maria de Oliveira, liderança que já esteve à frente da Federação Nacional dos Trabalhadores Domésticos (Fenatrad); atualmente na presidência do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos no Estado da Bahia (Sindoméstico/BA). O objetivo é investigar a construção do seu pensamento, umbilicalmente ligado à sua trajetória de mulher negra, trabalhadora doméstica desde a infância, e sua postura combativa como porta-voz da categoria. O material é colocado em conversação com aportes teóricos que problematizam a expropriação das capacidades de corpos femininos e/ou racializados inscrita na divisão institucional entre produção econômica e reprodução, precisamente o local de onde emergem tanto as contradições do sistema capitalista quanto as potenciais fontes de transformação, as chamadas “lutas de fronteira”. Além das conversas com a minha interlocutora, iniciadas no primeiro trimestre de 2021, e do levantamento bibliográfico que remonta ao início da organização formal do movimento, na década de 1930, os procedimentos de pesquisa abarcam registros de campo resultantes do acompanhamento de reuniões e congressos nacionais, compreendidos no período de março de 2021 a novembro de 2022 e nos quais representantes dos sindicatos da Bahia e da Fenatrad tiveram assento.
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Das lutas das trabalhadoras domésticas por reconhecimento e igualdade de direitos insurgem ações de resistência e de desobediência epistêmica que põem à mostra o papel estratégico dessa força de trabalho para a manutenção da vida humana. Em resposta às hierarquias sociais que as envolvem, seja por sua localização no campo da reprodução social, seja por codificações de classe, gênero e raça, as trabalhadoras domésticas elaboram saberes que as reabilitam enquanto sujeitas da história. O movimento ou organização de classe, como reivindicam, conta com diversos apoios, parcerias e articulações com organizações e movimentos sociais; porém, o que dá embasamento à leitura do mundo e à atuação política é a realidade em que vivem, o chão que pisam e o conhecimento que elaboram coletivamente. Para o recorte desta pesquisa, busco compreender a maneira pela qual esses elementos são enunciados nas falas de Creuza Maria de Oliveira, liderança que já esteve à frente da Federação Nacional dos Trabalhadores Domésticos (Fenatrad); atualmente na presidência do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos no Estado da Bahia (Sindoméstico/BA). O objetivo é investigar a construção do seu pensamento, umbilicalmente ligado à sua trajetória de mulher negra, trabalhadora doméstica desde a infância, e sua postura combativa como porta-voz da categoria. O material é colocado em conversação com aportes teóricos que problematizam a expropriação das capacidades de corpos femininos e/ou racializados inscrita na divisão institucional entre produção econômica e reprodução, precisamente o local de onde emergem tanto as contradições do sistema capitalista quanto as potenciais fontes de transformação, as chamadas “lutas de fronteira”. Além das conversas com a minha interlocutora, iniciadas no primeiro trimestre de 2021, e do levantamento bibliográfico que remonta ao início da organização formal do movimento, na década de 1930, os procedimentos de pesquisa abarcam registros de campo resultantes do acompanhamento de reuniões e congressos nacionais, compreendidos no período de março de 2021 a novembro de 2022 e nos quais representantes dos sindicatos da Bahia e da Fenatrad tiveram assento.
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CAROLINA IARA RAMOS DE OLIVEIRA
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NEGRAS E POSITHIVAS QUEREM EMPREGO: A EXPERIÊNCIA DE JOVENS NEGRAS E NEGRES VIVENDO COM HIV NO MERCADO DE TRABALHO
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Orientador : ARLENE MARTINEZ RICOLDI
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Data: 02/06/2023
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A pesquisa busca apurar como a raça, o gênero e a classe social são marcadores sociais para compreender o acesso ao mercado de trabalho da população negra que vive com HIV/Aids, na perspectiva das próprias pessoas e, em consequência, como os aspectos sociais e trabalhistas influenciam em seus modos de vida e tratamento. O objetivo geral da pesquisa é analisar a inserção no mercado de trabalho de jovens negras e negros que vivem com HIV/aids entre 18 e 29 anos que moram na cidade de São Paulo, considerando seus relatos, percepções e trajetórias de vida no trabalho. A conclusão é de que a percepção desses jovens quanto à empregabilidade e os marcadores sociais da diferença acontece segundo suas experiências, ou seja, os jovens dos segmentos LGBTQIA+ e mulher tendem a privilegiar em suas narrativas a opressão de gênero, sexualidade e estigma da aids, enquanto o jovem negro e heterossexual tende a perceber com mais nitidez a discriminação racial, embora todos os participantes percebam com nuances diferenciadas que as opressões de raça e gênero junto a exploração econômica da classe social operam em suas vidas de forma conjunta. Essa percepção derruba minha tese de projeto de pesquisa, que era a de que a percepção dos jovens negros seria hierárquica e simultânea. Pensar a epidemia de HIV/aids somente pelo prisma biológico pode negligenciar os reais processos influenciadores de adoecimento e qualidade de vida, de acesso ou exclusão ao trabalho e a direitos. No que tange à metodologia, a pesquisa será qualitativa, utilizando-se do arcabouço teórico e metodológico do materialismo dialético histórico e da pesquisa interseccional para a realização de entrevista em profundidade com quatro (4) jovens negras e negros que vivem com HIV/aids, residentes na cidade de São Paulo.
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A pesquisa busca apurar como a raça, o gênero e a classe social são marcadores sociais para compreender o acesso ao mercado de trabalho da população negra que vive com HIV/Aids, na perspectiva das próprias pessoas e, em consequência, como os aspectos sociais e trabalhistas influenciam em seus modos de vida e tratamento. O objetivo geral da pesquisa é analisar a inserção no mercado de trabalho de jovens negras e negros que vivem com HIV/aids entre 18 e 29 anos que moram na cidade de São Paulo, considerando seus relatos, percepções e trajetórias de vida no trabalho. A conclusão é de que a percepção desses jovens quanto à empregabilidade e os marcadores sociais da diferença acontece segundo suas experiências, ou seja, os jovens dos segmentos LGBTQIA+ e mulher tendem a privilegiar em suas narrativas a opressão de gênero, sexualidade e estigma da aids, enquanto o jovem negro e heterossexual tende a perceber com mais nitidez a discriminação racial, embora todos os participantes percebam com nuances diferenciadas que as opressões de raça e gênero junto a exploração econômica da classe social operam em suas vidas de forma conjunta. Essa percepção derruba minha tese de projeto de pesquisa, que era a de que a percepção dos jovens negros seria hierárquica e simultânea. Pensar a epidemia de HIV/aids somente pelo prisma biológico pode negligenciar os reais processos influenciadores de adoecimento e qualidade de vida, de acesso ou exclusão ao trabalho e a direitos. No que tange à metodologia, a pesquisa será qualitativa, utilizando-se do arcabouço teórico e metodológico do materialismo dialético histórico e da pesquisa interseccional para a realização de entrevista em profundidade com quatro (4) jovens negras e negros que vivem com HIV/aids, residentes na cidade de São Paulo.
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VIVIANE DOS SANTOS PEREIRA
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INTERSECÇÕES ENTRE AS MATERNIDADES E VIVÊNCIAS DAS SEXUALIDADES: mulheres que são mães e estão solteiras
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Orientador : ARLENE MARTINEZ RICOLDI
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Data: 05/06/2023
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Esta pesquisa objetiva discorrer sobre o exercício da sexualidade de mulheres, sem fins reprodutivos, ou seja, relações sexuais recreativas, especificamente das que são mães e estão solteiras. A hipótese é que existem reproduções de violência, preconceito e estereótipos, além de tabus que dificultam a plena vivência das sexualidades por parte das mulheres que são mães. A proposta procura entender a construção da maternidade, principalmente no Ocidente e no Brasil, considerando o sentimento de culpa e sobrecarga física e emocional, advinda do trabalho reprodutivo. Como percurso metodológico, a proposta é utilizar aportes teóricos das Ciências Sociais, Psicologia e estudiosas que escrevem sobre história das mulheres, maternidades e reprodução. Sempre que possível, privilegiou-se obras escritas por mulheres, com atenção a invisibilização recorrente do trabalho científico desenvolvido por pesquisadoras, bem como contribuir para o rompimento da história contada por meio da narrativa hegemônica masculina. Em decorrência do tema e dos sujeitas envolvidas, a escolha por uma epistemologia feminista será valorizada como forma de ampliar e aprofundar a compreensão do entrecruzamento entre maternidades e sexualidades. Para qualificar o trabalho, surgiu o interesse em levantar informações e, através de respostas a questionário, buscar informações sobre como as mulheres que são mães e não tem um parceiro fixo, procure vivenciar suas sexualidades, bem como quais dificuldades essas encontram. Por essa razão, optou-se pelo instrumento já popularizado de criação de formulário Google forms, tornando possível uma exploração mais ampla e difusa, coletando dados de mulheres de diversas localidades, inclusive de outros estados do país. O foco principal se circunscreveu a mulheres dentro da faixa etária de 18 a 61 anos, que são mães de crianças de até 12 anos e que se consideram solteiras. O instrumento envolveu 36 questões, parte das quais se ocupavam em aspectos descritivos, tais como: identidade de gênero, idade, raça, escolaridade, religião, número de filhos/filhos e idade da criança mais nova. Uma segunda parte do formulário teve como foco temas que incluíam como e onde essas mulheres buscavam por parceiros, com quem permitiam a(s) criança(s) para irem aos encontros, entre outras. Foram obtidas 82 orientações válidas, desconsiderando as respostas invalidadas por motivos de preenchimento ou filtro. Os resultados apontam para questões perpassadas por estereótipos sociais. Pretende-se contribuir com o processo de desnaturalização de ideais contemporâneos relacionados a uma maternidade única e padrão e evidenciar desejos das mulheres, para além da maternidade. Com o entendimento de que não há uma maternidade e sim experiências maternas e que o cuidado pode ser exercido por pessoas, independente de sexo e/ou gênero.
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Esta pesquisa objetiva discorrer sobre o exercício da sexualidade de mulheres, sem fins reprodutivos, ou seja, relações sexuais recreativas, especificamente das que são mães e estão solteiras. A hipótese é que existem reproduções de violência, preconceito e estereótipos, além de tabus que dificultam a plena vivência das sexualidades por parte das mulheres que são mães. A proposta procura entender a construção da maternidade, principalmente no Ocidente e no Brasil, considerando o sentimento de culpa e sobrecarga física e emocional, advinda do trabalho reprodutivo. Como percurso metodológico, a proposta é utilizar aportes teóricos das Ciências Sociais, Psicologia e estudiosas que escrevem sobre história das mulheres, maternidades e reprodução. Sempre que possível, privilegiou-se obras escritas por mulheres, com atenção a invisibilização recorrente do trabalho científico desenvolvido por pesquisadoras, bem como contribuir para o rompimento da história contada por meio da narrativa hegemônica masculina. Em decorrência do tema e dos sujeitas envolvidas, a escolha por uma epistemologia feminista será valorizada como forma de ampliar e aprofundar a compreensão do entrecruzamento entre maternidades e sexualidades. Para qualificar o trabalho, surgiu o interesse em levantar informações e, através de respostas a questionário, buscar informações sobre como as mulheres que são mães e não tem um parceiro fixo, procure vivenciar suas sexualidades, bem como quais dificuldades essas encontram. Por essa razão, optou-se pelo instrumento já popularizado de criação de formulário Google forms, tornando possível uma exploração mais ampla e difusa, coletando dados de mulheres de diversas localidades, inclusive de outros estados do país. O foco principal se circunscreveu a mulheres dentro da faixa etária de 18 a 61 anos, que são mães de crianças de até 12 anos e que se consideram solteiras. O instrumento envolveu 36 questões, parte das quais se ocupavam em aspectos descritivos, tais como: identidade de gênero, idade, raça, escolaridade, religião, número de filhos/filhos e idade da criança mais nova. Uma segunda parte do formulário teve como foco temas que incluíam como e onde essas mulheres buscavam por parceiros, com quem permitiam a(s) criança(s) para irem aos encontros, entre outras. Foram obtidas 82 orientações válidas, desconsiderando as respostas invalidadas por motivos de preenchimento ou filtro. Os resultados apontam para questões perpassadas por estereótipos sociais. Pretende-se contribuir com o processo de desnaturalização de ideais contemporâneos relacionados a uma maternidade única e padrão e evidenciar desejos das mulheres, para além da maternidade. Com o entendimento de que não há uma maternidade e sim experiências maternas e que o cuidado pode ser exercido por pessoas, independente de sexo e/ou gênero.
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ANA CAROLINA ALVES DA SILVA
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DA PUNIÇÃO À EDUCAÇÃO: DISCUTINDO AS POTENCIALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO COMBATE À VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A MULHER NO BRASIL
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Orientador : ROBERTA GUIMARAES PERES
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Data: 06/06/2023
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Essa dissertação tem como objetivo discutir as potencialidades da Educação Básica no enfrentamento à violência sexual contra a mulher no Brasil, bem como todas as formas de violência de gênero. Adota-se uma perspectiva crítica à criminalização de condutas e intensificação de penas, que tem vigorado como principal estratégia de enfrentamento à violência de gênero no Brasil nos últimos 40 anos. A partir da compreensão de que a violência de gênero emana de uma configuração sociocultural pautada na ordem patriarcal e na assimetria de poder entre os gêneros (SAFFIOTI, 1995; 2001), e que o sistema penal é ontologicamente seletivo, tanto com relação ao criminoso quanto com a vítima, e não trata as raízes dessa violência (ANDRADE, 2005), entende-se que a via penal não se apresenta como a mais adequada forma de enfretamento. Dessa forma, faz-se necessário buscar estratégias que tratem, de fato, o cerne da violência de gênero, em especial da violência sexual contra a mulher.
Tendo em vista tal cenário, esta pesquisa defende, a partir das reflexões de Theodor Adorno, que a Educação Básica se apresenta como espaço em potencial para tratar devidamente a violência de gênero, buscando descontruir as bases sobre as quais esta se assenta. Embora o espaço escolar possa atuar como mecanismo de reprodução e manutenção do status quo (BOURDIEU, 1992), entende-se que exista neste um espaço para a resistência e oposição (APPLE, 1979). Partindo da compreensão de que o coração de qualquer empreendimento educacional é o currículo, foi realizada uma análise do texto da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) referente à disciplina de História para o Ensino Médio Anos – Finais, onde se constatou a mudez do documento que norteia a construção curricular brasileira no que tange a reflexão e discussão das estruturas de gênero.
Embora através da análise da BNCC tenha sido constatada a mudez do documento no que se refere ao tratamento das questões de gênero, entende-se que o currículo existe em dois aspectos: o prescrito, tratando-se do documento oficial, e o real, aquele colocado em prática na sala de aula. Nesse sentido, foram realizadas entrevistas com docentes de diferentes níveis/componentes do Ensino Básico que atuam na Rede Municipal de Ensino de São José dos Campos, cidade do interior paulista. Por meio das entrevistas, constatou-se que, tal como Adorno (1995) e Apple (1979) defendem, a ação politicamente posicionada do docente em sala de aula é o elemento diferencial e que pode fazer da educação um caminho de enfrentamento à violência de gênero no Brasil.
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Essa dissertação tem como objetivo discutir as potencialidades da Educação Básica no enfrentamento à violência sexual contra a mulher no Brasil, bem como todas as formas de violência de gênero. Adota-se uma perspectiva crítica à criminalização de condutas e intensificação de penas, que tem vigorado como principal estratégia de enfrentamento à violência de gênero no Brasil nos últimos 40 anos. A partir da compreensão de que a violência de gênero emana de uma configuração sociocultural pautada na ordem patriarcal e na assimetria de poder entre os gêneros (SAFFIOTI, 1995; 2001), e que o sistema penal é ontologicamente seletivo, tanto com relação ao criminoso quanto com a vítima, e não trata as raízes dessa violência (ANDRADE, 2005), entende-se que a via penal não se apresenta como a mais adequada forma de enfretamento. Dessa forma, faz-se necessário buscar estratégias que tratem, de fato, o cerne da violência de gênero, em especial da violência sexual contra a mulher.
Tendo em vista tal cenário, esta pesquisa defende, a partir das reflexões de Theodor Adorno, que a Educação Básica se apresenta como espaço em potencial para tratar devidamente a violência de gênero, buscando descontruir as bases sobre as quais esta se assenta. Embora o espaço escolar possa atuar como mecanismo de reprodução e manutenção do status quo (BOURDIEU, 1992), entende-se que exista neste um espaço para a resistência e oposição (APPLE, 1979). Partindo da compreensão de que o coração de qualquer empreendimento educacional é o currículo, foi realizada uma análise do texto da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) referente à disciplina de História para o Ensino Médio Anos – Finais, onde se constatou a mudez do documento que norteia a construção curricular brasileira no que tange a reflexão e discussão das estruturas de gênero.
Embora através da análise da BNCC tenha sido constatada a mudez do documento no que se refere ao tratamento das questões de gênero, entende-se que o currículo existe em dois aspectos: o prescrito, tratando-se do documento oficial, e o real, aquele colocado em prática na sala de aula. Nesse sentido, foram realizadas entrevistas com docentes de diferentes níveis/componentes do Ensino Básico que atuam na Rede Municipal de Ensino de São José dos Campos, cidade do interior paulista. Por meio das entrevistas, constatou-se que, tal como Adorno (1995) e Apple (1979) defendem, a ação politicamente posicionada do docente em sala de aula é o elemento diferencial e que pode fazer da educação um caminho de enfrentamento à violência de gênero no Brasil.
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MARCELO APARECIDO DE FARIA JUNIOR
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A PLATAFOMIZAÇÃO DA VIDA E A INDIVIDUAÇÃO NEOLIBERAL: Um estudo sobre o uso do WhatsApp por caminhoneiros brasileiros.
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Orientador : SERGIO AMADEU DA SILVEIRA
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Data: 06/06/2023
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Neste estudo propomos a investigação das transformações político-culturais que o uso massificado das plataformas sociais fez emergir e como esse uso estabeleceu modos de controle por agentes políticos e econômicos diversos através da instrumentalização algorítmica e dataficada da ação dos usuários. Para tanto, sugerimos como foco de análise o uso do WhatsApp por caminhoneiros brasileiros. A escolha por esse recorte de estudo se justifica na importância que a plataforma tem nas formas de organização política, nos meios de organização do trabalho e no entretenimento e comunicação entre os trabalhadores da categoria. Essa profunda inserção do uso do aplicativo pelos caminhoneiros, junto a relevância do transporte rodoviário para a economia nacional e a identificação desses trabalhadores com o grupo político de extrema direita conhecido popularmente como “bolsonaristas”, faz com que essa rede sociotécnica que relaciona caminhoneiros e WhatsApp seja um objeto de investigação privilegiado para observar relações de agência e influencia emergentes com o fenômeno da plataformização. Defenderemos que esses processos se dão por meio de um sistema de axiomatização cibernético que caracterizaremos como dispositivos de individualização neoliberal. Esses dispositivos produzem sujeitos neoliberais manipuláveis para fins mercadológicos, políticos e sociais através da modulação algorítmica, dataficada e psicofisiológica dos usuários. Objetivamos demonstrar que esse sistema de individualização é uma tecnologia de axiomatização capitalístico, em uma elaboração que une as definições do conceito dadas por Deluze & Guattari e Simondon, estruturando as operações do desejo humano junto as operações sociotécnicas algoritmizadas das tecnologias digitais para atrelar a agência humana à agência maquínica capitalista em sua fase neoliberal. Para essa pesquisa, utilizaremos um método que mistura o acompanhamento de grupos de WhatsApp de caminhoneiros, o estudo de documentos oficiais oferecidos pelo WhatsApp, a análise de patentes de algoritmos da empresa, junto a entrevistas semiestruturadas com caminhoneiros, produzindo uma descrição densa que transversalize as operações técnicas, os discursos sobre tecnologia e as práticas reais de comunicação nesses espaços. Com isso, pretendemos demonstrar as estruturas técnico-sociais envolvidas nas relações de poder na contemporaneidades das plataformas sociais.
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Neste estudo propomos a investigação das transformações político-culturais que o uso massificado das plataformas sociais fez emergir e como esse uso estabeleceu modos de controle por agentes políticos e econômicos diversos através da instrumentalização algorítmica e dataficada da ação dos usuários. Para tanto, sugerimos como foco de análise o uso do WhatsApp por caminhoneiros brasileiros. A escolha por esse recorte de estudo se justifica na importância que a plataforma tem nas formas de organização política, nos meios de organização do trabalho e no entretenimento e comunicação entre os trabalhadores da categoria. Essa profunda inserção do uso do aplicativo pelos caminhoneiros, junto a relevância do transporte rodoviário para a economia nacional e a identificação desses trabalhadores com o grupo político de extrema direita conhecido popularmente como “bolsonaristas”, faz com que essa rede sociotécnica que relaciona caminhoneiros e WhatsApp seja um objeto de investigação privilegiado para observar relações de agência e influencia emergentes com o fenômeno da plataformização. Defenderemos que esses processos se dão por meio de um sistema de axiomatização cibernético que caracterizaremos como dispositivos de individualização neoliberal. Esses dispositivos produzem sujeitos neoliberais manipuláveis para fins mercadológicos, políticos e sociais através da modulação algorítmica, dataficada e psicofisiológica dos usuários. Objetivamos demonstrar que esse sistema de individualização é uma tecnologia de axiomatização capitalístico, em uma elaboração que une as definições do conceito dadas por Deluze & Guattari e Simondon, estruturando as operações do desejo humano junto as operações sociotécnicas algoritmizadas das tecnologias digitais para atrelar a agência humana à agência maquínica capitalista em sua fase neoliberal. Para essa pesquisa, utilizaremos um método que mistura o acompanhamento de grupos de WhatsApp de caminhoneiros, o estudo de documentos oficiais oferecidos pelo WhatsApp, a análise de patentes de algoritmos da empresa, junto a entrevistas semiestruturadas com caminhoneiros, produzindo uma descrição densa que transversalize as operações técnicas, os discursos sobre tecnologia e as práticas reais de comunicação nesses espaços. Com isso, pretendemos demonstrar as estruturas técnico-sociais envolvidas nas relações de poder na contemporaneidades das plataformas sociais.
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CAROLINA ALAMINO FELIX DE MORAES
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O acesso à saúde bucal como mecanismo de cidadania: um estudo a partir do programa Brasil Sorridente
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Orientador : ROBERTA GUIMARAES PERES
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Data: 07/06/2023
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Este trabalho faz uma investigação social da saúde bucal dos brasileiros, especialmente a partir da atenção que essa recebeu com a criação do Programa Brasil Sorridente. A pergunta que se pretendeu responder foi: qual o histórico, em termos de políticas públicas de atenção à saúde bucal no Brasil e, dentre essas, em que medida o Programa Brasil Sorridente representou um mecanismo de cidadania? Como fontes, o trabalho se valeu de literatura especifica e das pesquisas SB Brasil 2003, SB Brasil 2010, resultados preliminares do SB Brasil 2020 (2021-2022), e das PNS 2013 e PNS 2019. No texto, recupera-se a história da construção da saúde pública no Brasil, com destaque para a atenção que a saúde bucal mereceu nesse sistema. Demonstra-se como a Constituição de 1988 e a criação do SUS foram importantes conquistas sociais da redemocratização e criaram a estrutura legal e institucional para os cuidados públicos com a saúde compreendida de forma universal e igualitária. Nesse contexto, o surgimento do Brasil Sorridente representou um marco fundamental para que a saúde bucal fosse compreendida como uma parte integrante e inafastável da saúde integral do indivíduo. Na construção do trabalho, também se recupera e enfatiza a importância da saúde bucal para além dos fatores físicos e objetivos, o que se desenvolve a partir do conceito de bucalidade. Avançando, o trabalho revela como, na saúde bucal, manifestam-se as desigualdades estruturais históricas marcadas por raça, gênero, renda, escolaridade e regiões brasileiras. Por fim, as comparações de dados da PNS de 2013 e 2019 permitem inferir o impacto do sucateamento do Programa Brasil Sorridente observado desde de 2014.
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Este trabalho faz uma investigação social da saúde bucal dos brasileiros, especialmente a partir da atenção que essa recebeu com a criação do Programa Brasil Sorridente. A pergunta que se pretendeu responder foi: qual o histórico, em termos de políticas públicas de atenção à saúde bucal no Brasil e, dentre essas, em que medida o Programa Brasil Sorridente representou um mecanismo de cidadania? Como fontes, o trabalho se valeu de literatura especifica e das pesquisas SB Brasil 2003, SB Brasil 2010, resultados preliminares do SB Brasil 2020 (2021-2022), e das PNS 2013 e PNS 2019. No texto, recupera-se a história da construção da saúde pública no Brasil, com destaque para a atenção que a saúde bucal mereceu nesse sistema. Demonstra-se como a Constituição de 1988 e a criação do SUS foram importantes conquistas sociais da redemocratização e criaram a estrutura legal e institucional para os cuidados públicos com a saúde compreendida de forma universal e igualitária. Nesse contexto, o surgimento do Brasil Sorridente representou um marco fundamental para que a saúde bucal fosse compreendida como uma parte integrante e inafastável da saúde integral do indivíduo. Na construção do trabalho, também se recupera e enfatiza a importância da saúde bucal para além dos fatores físicos e objetivos, o que se desenvolve a partir do conceito de bucalidade. Avançando, o trabalho revela como, na saúde bucal, manifestam-se as desigualdades estruturais históricas marcadas por raça, gênero, renda, escolaridade e regiões brasileiras. Por fim, as comparações de dados da PNS de 2013 e 2019 permitem inferir o impacto do sucateamento do Programa Brasil Sorridente observado desde de 2014.
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MAYARA AMARAL DOS SANTOS
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O JONGO NO QUILOMBO SAMBAQUI: CORPO, MEMÓRIA E TERRITÓRIO NA BRASILÂNDIA
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Data: 04/08/2023
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O Quilombo Sambaqui está situado na região norte de São Paulo, no Jardim Guarani, distrito da Brasilândia. O grupo, fundado e liderado por Rosângela Macedo, é composto por mulheres que estudam e promovem o Jongo. Reflito nesta dissertação como o jongo pode ser uma estratégia de resistência, tendo em vista que através do jongo podemos articular muitos dados sobre a memória do povo negro brasileiro, suas formas de atuação política, cultural e religiosa. A partir do Quilombo Sambaqui, relato a atuação das culturas populares nas periferias de São Paulo, traçando um paralelo de resistências e memórias coletivas que constituem o universo de categorias de pensamento do Quilombo. Através das relações locais busco compreender quem sou, e a nossa história. Analiso também possibilidades de cura do sofrimento, através de espaços de elaboração de pensamento para mulheres negras e periféricas, como espaço Quilombo Sambaqui.
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O Quilombo Sambaqui está situado na região norte de São Paulo, no Jardim Guarani, distrito da Brasilândia. O grupo, fundado e liderado por Rosângela Macedo, é composto por mulheres que estudam e promovem o Jongo. Reflito nesta dissertação como o jongo pode ser uma estratégia de resistência, tendo em vista que através do jongo podemos articular muitos dados sobre a memória do povo negro brasileiro, suas formas de atuação política, cultural e religiosa. A partir do Quilombo Sambaqui, relato a atuação das culturas populares nas periferias de São Paulo, traçando um paralelo de resistências e memórias coletivas que constituem o universo de categorias de pensamento do Quilombo. Através das relações locais busco compreender quem sou, e a nossa história. Analiso também possibilidades de cura do sofrimento, através de espaços de elaboração de pensamento para mulheres negras e periféricas, como espaço Quilombo Sambaqui.
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BÁRBARA DE OLIVEIRA LOPES
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A universidade flexível: a proposta “de excelência” da Universidade Federal do ABC
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Orientador : MARIA LIVIA DE TOMMASI
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Data: 06/11/2023
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Com uma história caracterizada pelo elitismo, pelo credencialismo e pelo autoritarismo, o ensino superior brasileiro passou, nas últimas décadas, por intensas mudanças com a ampliação do acesso e a introdução de políticas de inclusão para segmentos anteriormente excluídos sem, no entanto, reverter a transformação pela qual passavam as instituições públicas sob os imperativos da produtividade, eficiência e flexibilização. Juntamente à ideia de “investimento” em educação como chave para o desenvolvimento econômico, esse movimento ganhou forma com a difusão da teoria do capital humano, formulada por economistas da Escola de Chicago, e impulso por meio da atuação de organismos internacionais, como Unesco e Banco Mundial. O conceito de “engajamento econômico da juventude” é um recente desdobramento da teoria do capital humano, preconizando como condição ideal para os jovens a conciliação entre estudos e inserção profissional. É nesse quadro que analisamos a proposta de “inovação” da Universidade Federal do ABC (UFABC), que combina políticas de inclusão e um modelo pedagógico baseado na “excelência”, flexibilidade e competitividade, buscando aproximar a educação do mercado de trabalho reconfigurado pela reestruturação produtiva. Esse modelo cria entraves para a vivência dos alunos, levando a um número elevado de reprovações e prazos alongados para a conclusão dos cursos, que afetam principalmente os estudantes trabalhadores, maioria na universidade. A pesquisa se valeu da análise de documentos do Banco Mundial e da UFABC, de dados estatísticos sobre o ensino superior e do Perfil Discente da Graduação da UFABC, em diálogo com a literatura crítica. A partir do estudo de caso da UFABC, a dissertação visa contribuir com a compreensão da difusão do receituário neoliberal no âmbito das políticas de ensino superior.
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Com uma história caracterizada pelo elitismo, pelo credencialismo e pelo autoritarismo, o ensino superior brasileiro passou, nas últimas décadas, por intensas mudanças com a ampliação do acesso e a introdução de políticas de inclusão para segmentos anteriormente excluídos sem, no entanto, reverter a transformação pela qual passavam as instituições públicas sob os imperativos da produtividade, eficiência e flexibilização. Juntamente à ideia de “investimento” em educação como chave para o desenvolvimento econômico, esse movimento ganhou forma com a difusão da teoria do capital humano, formulada por economistas da Escola de Chicago, e impulso por meio da atuação de organismos internacionais, como Unesco e Banco Mundial. O conceito de “engajamento econômico da juventude” é um recente desdobramento da teoria do capital humano, preconizando como condição ideal para os jovens a conciliação entre estudos e inserção profissional. É nesse quadro que analisamos a proposta de “inovação” da Universidade Federal do ABC (UFABC), que combina políticas de inclusão e um modelo pedagógico baseado na “excelência”, flexibilidade e competitividade, buscando aproximar a educação do mercado de trabalho reconfigurado pela reestruturação produtiva. Esse modelo cria entraves para a vivência dos alunos, levando a um número elevado de reprovações e prazos alongados para a conclusão dos cursos, que afetam principalmente os estudantes trabalhadores, maioria na universidade. A pesquisa se valeu da análise de documentos do Banco Mundial e da UFABC, de dados estatísticos sobre o ensino superior e do Perfil Discente da Graduação da UFABC, em diálogo com a literatura crítica. A partir do estudo de caso da UFABC, a dissertação visa contribuir com a compreensão da difusão do receituário neoliberal no âmbito das políticas de ensino superior.
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GABRIELA FERNANDES GALLIETA
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MIGRANTES FORÇADOS QUALIFICADOS:
Causas e consequências para a baixa efetividade da revalidação de diplomas estrangeiros no Brasil
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Orientador : ADRIANA CAPUANO DE OLIVEIRA
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Data: 27/11/2023
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Esta dissertação tem por objetivo compreender as causas da migração forçada, para o Brasil, de pessoas com alto nível educacional, bem como os motivos e consequências da baixa efetividade do processo de revalidação de diplomas estrangeiros. Observamos que pessoas com maior nível educacional possuem maior capital social, cultural e financeiro, o que auxilia no processo migratório, especialmente quando há alto grau de coerção para mover-se. No contexto de restrição de entrada nos países do Norte, além de situações de violação de direitos humanos, desastres ambientais e pobreza extrema em países próximos, o Brasil tornou-se uma opção de destino para esse grupo. Em relação ao processo de revalidação, verificamos que a falta de uniformidade e de publicidade nos procedimentos, assim como a exigência de documentos em oposição à realização de exames, acarretam a sua baixa efetividade. Como consequência, migrantes forçados qualificados encontram-se subaproveitados profissionalmente, com prejuízos econômicos, psíquicos e para a integração local. Utilizamos como metodologia a análise bibliográfica e a análise documental, além de entrevistas semiestruturadas com migrantes forçados.
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Esta dissertação tem por objetivo compreender as causas da migração forçada, para o Brasil, de pessoas com alto nível educacional, bem como os motivos e consequências da baixa efetividade do processo de revalidação de diplomas estrangeiros. Observamos que pessoas com maior nível educacional possuem maior capital social, cultural e financeiro, o que auxilia no processo migratório, especialmente quando há alto grau de coerção para mover-se. No contexto de restrição de entrada nos países do Norte, além de situações de violação de direitos humanos, desastres ambientais e pobreza extrema em países próximos, o Brasil tornou-se uma opção de destino para esse grupo. Em relação ao processo de revalidação, verificamos que a falta de uniformidade e de publicidade nos procedimentos, assim como a exigência de documentos em oposição à realização de exames, acarretam a sua baixa efetividade. Como consequência, migrantes forçados qualificados encontram-se subaproveitados profissionalmente, com prejuízos econômicos, psíquicos e para a integração local. Utilizamos como metodologia a análise bibliográfica e a análise documental, além de entrevistas semiestruturadas com migrantes forçados.
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ANDERSON DA CUNHA DO PATROCÍNIO
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A COMPREENSÃO DOS ELEMENTOS IDEOLÓGICOS NOS VIDEOGAMES
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Orientador : SERGIO AMADEU DA SILVEIRA
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Data: 29/11/2023
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Os videogames, que operam por meio da participação do jogador em fluxos de interação e narrativa, têm se tornado uma modalidade de entretenimento cada vez mais adotada. Seu público tem se diversificado nas últimas décadas, sendo este um dos fatores que influenciaram no aprimoramento tecnológico e na sofisticação de seus recursos estéticos, sendo tido por muitos como uma ferramenta de criatividade com um valor agregado que se assemelha a outras modalidades da expressividade humana, assim como também vem despertando, cada vez mais, a atenção de segmentos diversos de acadêmicos dos mais variados campos do saber, dando origem ao se convencionou chamar de game studies. Sendo o objeto desta pesquisa a relação das pessoas com os elementos ideológicos presentes nos videogames, este trabalho pretende se debruçar sobre a contemporaneidade dos jogos a partir da constituição e do amadurecimento da cultura desta comunidade, que vem sendo observada com afinco por pesquisadores já há algumas décadas. Com o objetivo de compreender as orientações ideológicas presentes nos videogames a partir da percepção de seu público, este estudo apresenta um questionário elaborado com a finalidade de demonstrar com segurança metodológica como ocorrem essas orientações, confrontando as respostas da metodologia adotada com o aporte teórico apresentado durante o desenvolvimento da pesquisa, considerando dados de natureza sociocultural e variáveis acerca de jogos e hábitos de consumos relacionados. A pertinência deste estudo encontra forte abrigo na presença massiva dos videogames e de seus elementos na cultura contemporânea, sendo desejável que o tema seja repensado para além de aspectos mais imediatos, como por exemplo, a gamificação na educação ou o apelo comercial do termo gamer, elevando este objeto de estudo para instâncias mais amplas da compreensão acerca das relações sociais que o cercam.
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Os videogames, que operam por meio da participação do jogador em fluxos de interação e narrativa, têm se tornado uma modalidade de entretenimento cada vez mais adotada. Seu público tem se diversificado nas últimas décadas, sendo este um dos fatores que influenciaram no aprimoramento tecnológico e na sofisticação de seus recursos estéticos, sendo tido por muitos como uma ferramenta de criatividade com um valor agregado que se assemelha a outras modalidades da expressividade humana, assim como também vem despertando, cada vez mais, a atenção de segmentos diversos de acadêmicos dos mais variados campos do saber, dando origem ao se convencionou chamar de game studies. Sendo o objeto desta pesquisa a relação das pessoas com os elementos ideológicos presentes nos videogames, este trabalho pretende se debruçar sobre a contemporaneidade dos jogos a partir da constituição e do amadurecimento da cultura desta comunidade, que vem sendo observada com afinco por pesquisadores já há algumas décadas. Com o objetivo de compreender as orientações ideológicas presentes nos videogames a partir da percepção de seu público, este estudo apresenta um questionário elaborado com a finalidade de demonstrar com segurança metodológica como ocorrem essas orientações, confrontando as respostas da metodologia adotada com o aporte teórico apresentado durante o desenvolvimento da pesquisa, considerando dados de natureza sociocultural e variáveis acerca de jogos e hábitos de consumos relacionados. A pertinência deste estudo encontra forte abrigo na presença massiva dos videogames e de seus elementos na cultura contemporânea, sendo desejável que o tema seja repensado para além de aspectos mais imediatos, como por exemplo, a gamificação na educação ou o apelo comercial do termo gamer, elevando este objeto de estudo para instâncias mais amplas da compreensão acerca das relações sociais que o cercam.
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ELIANE FREITAS
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IMPACTOS DA GESTÃO NEOLIBERAL NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO: a captura da subjetividade e o sofrimento psíquico entre bancários
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Orientador : SIDNEY JARD DA SILVA
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Data: 29/11/2023
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Partindo do tema do sofrimento psíquico do trabalhador bancário, esta pesquisa tem como objetivo identificar a origem e a natureza de tais sentimentos, tendo como eixo central a influência da ideologia neoliberal tanto no modelo de organização do trabalho quanto na subjetividade dos trabalhadores. Trata-se de estudo de caso de trabalhadores formais, de elevado nível educacional, empregados em uma diretoria estratégica de um banco brasileiro de economia mista. Os referenciais teóricos adotados de autores como Dardot e Laval, Antunes, Linhart, Gaulejac e Pages et al permitem compreender o neoliberalismo e as práticas de gestão do trabalho delineadas sob este modelo. Já os depoimentos provenientes das 12 entrevistas realizadas possibilitam reconhecer sentimentos como cansaço, insegurança e frustração, num ambiente em que a organização da produção guarda características tayloritas, em meio a um modelo de gestão de mão de obra orientada pela subjetividade e por técnicas toyloristas. Características do paradigma neoliberal e de seus modos de organização do trabalho são analisados e identificados na diretoria estudada e na subjetividade de seus empregados, a fim de relacioná-las ao sofrimento por eles vivido.
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Partindo do tema do sofrimento psíquico do trabalhador bancário, esta pesquisa tem como objetivo identificar a origem e a natureza de tais sentimentos, tendo como eixo central a influência da ideologia neoliberal tanto no modelo de organização do trabalho quanto na subjetividade dos trabalhadores. Trata-se de estudo de caso de trabalhadores formais, de elevado nível educacional, empregados em uma diretoria estratégica de um banco brasileiro de economia mista. Os referenciais teóricos adotados de autores como Dardot e Laval, Antunes, Linhart, Gaulejac e Pages et al permitem compreender o neoliberalismo e as práticas de gestão do trabalho delineadas sob este modelo. Já os depoimentos provenientes das 12 entrevistas realizadas possibilitam reconhecer sentimentos como cansaço, insegurança e frustração, num ambiente em que a organização da produção guarda características tayloritas, em meio a um modelo de gestão de mão de obra orientada pela subjetividade e por técnicas toyloristas. Características do paradigma neoliberal e de seus modos de organização do trabalho são analisados e identificados na diretoria estudada e na subjetividade de seus empregados, a fim de relacioná-las ao sofrimento por eles vivido.
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TACITO YURI DUTRA CHIMATO
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MIGRAR E MORAR: A QUESTÃO DA ALTERIDADE E MORADIA DOS HAITIANOS NA "OCUPAÇÃO PINHEIRAL" - CIDADE DE SÃO PAULO
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Orientador : ADRIANA CAPUANO DE OLIVEIRA
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Data: 29/11/2023
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O texto a seguir tem como objetivo dissertar sobre a questão de moradia em São Paulo para os haitianos a partir de sua localização no mercado de trabalho. Depreende-se que, a partir de dados sobre sua média salarial e as inúmeras diferenças sociais por estarem em um país diferente do seu, os migrantes haitianos acabam por ter que lidar com limitações para suas opções de moradia. Dessa forma, por meio de uma série de entrevistas qualitativas, em modelo aberto, e quantitativas, com o apoio de um questionário, a pesquisa acompanha um grupo de imigrantes residentes na Ocupação Pinheiral, no bairro do Jardim Ângela, zona sul da cidade de São Paulo. A pesquisa, portanto, se utiliza pequeno recorte da situação dos migrantes com relação à residência busca entender como essa questão se desdobra por uma série de tópicos sobre o trabalho, acesso aos bens de consumo e possibilidades para o futuro no país.
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O texto a seguir tem como objetivo dissertar sobre a questão de moradia em São Paulo para os haitianos a partir de sua localização no mercado de trabalho. Depreende-se que, a partir de dados sobre sua média salarial e as inúmeras diferenças sociais por estarem em um país diferente do seu, os migrantes haitianos acabam por ter que lidar com limitações para suas opções de moradia. Dessa forma, por meio de uma série de entrevistas qualitativas, em modelo aberto, e quantitativas, com o apoio de um questionário, a pesquisa acompanha um grupo de imigrantes residentes na Ocupação Pinheiral, no bairro do Jardim Ângela, zona sul da cidade de São Paulo. A pesquisa, portanto, se utiliza pequeno recorte da situação dos migrantes com relação à residência busca entender como essa questão se desdobra por uma série de tópicos sobre o trabalho, acesso aos bens de consumo e possibilidades para o futuro no país.
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AMANDA LUZIA RECKE
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MASCULINIDADE HEGEMÔNICA E MARCADORES SOCIAIS DA DIFERENÇA:
Um estudo sobre as práticas que constroem as masculinidades jovens
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Orientador : ROBERTA GUIMARAES PERES
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Data: 01/12/2023
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O foco principal que guiou a formação do campo de estudos de gênero (na segunda metade do século XX) e sua posterior institucionalização acadêmica (na década de 1980) era estabelecer uma base teórica-conceitual (mas também política) capaz de evidenciar que a subordinação das mulheres era uma construção da sociedade patriarcal e, desse modo, poderia ser combatida. Como o foco durante este período de formação/institucionalização esteve voltado quase exclusivamente para a relação de subordinação das mulheres dentro do sistema social patriarcal enfatizado e estudado pelas teorias feministas, as pesquisas sobre homens e masculinidades permaneceram à sombra (ARRILHA, UNBEHAUM, MEDRADO, 1998). Conforme explicaremos detalhadamente nas seções que compõem este primeiro capítulo, o campo de estudo das masculinidades vêm se desenvolvendo desde o final da década de 1980 derivando o seu aparato teórico-conceitual e suas abordagens metodológicas de diálogos com as teorias feministas.
A presente pesquisa se vincula à corrente que, na tradição dos estudos de masculinidades, tomam o gênero como uma construção social situada histórica e culturalmente (BEAUVOIR, 2016a, HARAWAY, 2004; CONNELL, 2105; CONNELL e PEARSE, 2015; VIGOYA, 2018 et. al.). Além disso, esta pesquisa reconhece que os estudos das masculinidades são devedores dos avanços promovidos pelas teorias feministas, sobretudo em relação ao modo como estas capturaram teórica e conceitualmente o problema central da subordinação das mulheres. Contudo, vale ressaltar que a pesquisa aqui apresentada considera que o poder opera através de múltiplas e fluídas estruturas de dominação (PISCITELLI, 2009). Essa perspectiva nos permite uma compreensão do gênero como parte de um sistema de dominação intimamente articulado com classe, raça, nacionalidade, idade entre outras dimensões.
O objetivo principal dessa dissertação é investigar como as práticas que constroem as versões locais de masculinidades de jovens (entre quinze e dezoito anos) são constituídas a partir da interação entre os elementos associados à masculinidade hegemônica (desempenho heterossexual, força física, sucesso financeiro, entre outras categorias) e aos marcadores sociais da diferença (como por exemplo, raça, classe, nacionalidade, sexualidade).
Neste primeiro capítulo – que compõe o material para exame de qualificação – o objetivo é apresentar os principais pressupostos teóricos que orientam a investigação do problema de pesquisa a partir do resgate da trajetória histórica dos estudos de gênero e consequentemente dos estudos de masculinidade. Além disso, pretendemos apresentar o aporte teórico que viabilizará nossa investigação.
Este primeiro capítulo da dissertação está estruturado em duas grandes seções. Na primeira seção apresentaremos um breve histórico do desenvolvimento do campo de estudos de gênero. A intenção é lançar luz sobre o que a literatura considera como principais contribuições e os pontos de inflexão do campo. O enfoque nesta primeira seção prioriza a transição da categoria “mulher” para a categoria “gênero”, uma vez que essa transição é um dos pressupostos teóricos desta pesquisa, pois, constitui o componente fundamental para que os estudos sobre homens e masculinidades emergissem e pudessem se expandir. Na segunda seção, apresentaremos os principais conceitos teóricos que alicerçam a pesquisa: o conceito de gênero (CONNELL e PEARSE, 2015; CONELL 2016); ordem de gênero e regime de gênero; (CONNELL, 1983; CONNELL, 1987; CONNELL 2015; CONNELL e PEARSE, 2015; CONNELL 2016) e masculinidade hegemônica (CONNELL, CARRIGAN E LEE, 1985; CONNELL, 1987; CONNELL E MESSERSCHMIDT, 2013). Estes quatro conceitos teóricos compõem, junto com o conceito de marcadores sociais da diferença (SCHWARCZ, 2015; SIMÕES e CANCELA, 2018) nosso problema de pesquisa.
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O foco principal que guiou a formação do campo de estudos de gênero (na segunda metade do século XX) e sua posterior institucionalização acadêmica (na década de 1980) era estabelecer uma base teórica-conceitual (mas também política) capaz de evidenciar que a subordinação das mulheres era uma construção da sociedade patriarcal e, desse modo, poderia ser combatida. Como o foco durante este período de formação/institucionalização esteve voltado quase exclusivamente para a relação de subordinação das mulheres dentro do sistema social patriarcal enfatizado e estudado pelas teorias feministas, as pesquisas sobre homens e masculinidades permaneceram à sombra (ARRILHA, UNBEHAUM, MEDRADO, 1998). Conforme explicaremos detalhadamente nas seções que compõem este primeiro capítulo, o campo de estudo das masculinidades vêm se desenvolvendo desde o final da década de 1980 derivando o seu aparato teórico-conceitual e suas abordagens metodológicas de diálogos com as teorias feministas.
A presente pesquisa se vincula à corrente que, na tradição dos estudos de masculinidades, tomam o gênero como uma construção social situada histórica e culturalmente (BEAUVOIR, 2016a, HARAWAY, 2004; CONNELL, 2105; CONNELL e PEARSE, 2015; VIGOYA, 2018 et. al.). Além disso, esta pesquisa reconhece que os estudos das masculinidades são devedores dos avanços promovidos pelas teorias feministas, sobretudo em relação ao modo como estas capturaram teórica e conceitualmente o problema central da subordinação das mulheres. Contudo, vale ressaltar que a pesquisa aqui apresentada considera que o poder opera através de múltiplas e fluídas estruturas de dominação (PISCITELLI, 2009). Essa perspectiva nos permite uma compreensão do gênero como parte de um sistema de dominação intimamente articulado com classe, raça, nacionalidade, idade entre outras dimensões.
O objetivo principal dessa dissertação é investigar como as práticas que constroem as versões locais de masculinidades de jovens (entre quinze e dezoito anos) são constituídas a partir da interação entre os elementos associados à masculinidade hegemônica (desempenho heterossexual, força física, sucesso financeiro, entre outras categorias) e aos marcadores sociais da diferença (como por exemplo, raça, classe, nacionalidade, sexualidade).
Neste primeiro capítulo – que compõe o material para exame de qualificação – o objetivo é apresentar os principais pressupostos teóricos que orientam a investigação do problema de pesquisa a partir do resgate da trajetória histórica dos estudos de gênero e consequentemente dos estudos de masculinidade. Além disso, pretendemos apresentar o aporte teórico que viabilizará nossa investigação.
Este primeiro capítulo da dissertação está estruturado em duas grandes seções. Na primeira seção apresentaremos um breve histórico do desenvolvimento do campo de estudos de gênero. A intenção é lançar luz sobre o que a literatura considera como principais contribuições e os pontos de inflexão do campo. O enfoque nesta primeira seção prioriza a transição da categoria “mulher” para a categoria “gênero”, uma vez que essa transição é um dos pressupostos teóricos desta pesquisa, pois, constitui o componente fundamental para que os estudos sobre homens e masculinidades emergissem e pudessem se expandir. Na segunda seção, apresentaremos os principais conceitos teóricos que alicerçam a pesquisa: o conceito de gênero (CONNELL e PEARSE, 2015; CONELL 2016); ordem de gênero e regime de gênero; (CONNELL, 1983; CONNELL, 1987; CONNELL 2015; CONNELL e PEARSE, 2015; CONNELL 2016) e masculinidade hegemônica (CONNELL, CARRIGAN E LEE, 1985; CONNELL, 1987; CONNELL E MESSERSCHMIDT, 2013). Estes quatro conceitos teóricos compõem, junto com o conceito de marcadores sociais da diferença (SCHWARCZ, 2015; SIMÕES e CANCELA, 2018) nosso problema de pesquisa.
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MARLOS DICK HERMES
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“Crise da masculinidade” e discursos masculinistas na internet através da análise de um podcast “red pill”: do reacionarismo mítico à sujeição neoliberal
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Orientador : ARLENE MARTINEZ RICOLDI
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Data: 05/12/2023
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A metáfora da "red pill" tem sido utilizada por alguns grupos de homens, especialmente em espaços virtuais. A partir do pensamento de Rollo Tomassi, best seller estadunidense esses grupos estruturam uma matriz de pensamento fundamentada na naturalização da misoginia, na racionalização das relações afetivo-sexuais e na ideia de que a sociedade seria, na contemporaneidade, uma espécie de ditadura que favorece as mulheres jurídica, sexual e econômicamente, inscrevendo seu pensamento em uma ideia de "crise da masculinidade". Partindo dessa noção de "crise" como chave, investiga-se essa forma de masculinismo, sua posição em uma inserção mais ampla na ordem dos masculinismos desde a modernidade, bem como a relação desses com outras "crises" pelas quais já passara a masculinidade antes da atual. A partir de uma seleção de 81 vídeos de um conjunto mais amplo publicados por um podcast "red pill" ao longo do ano de 2022 (1.588 vídeos), constituiu-se um corpus de análise para reconstituir uma cosmovisão mais ampla, buscando entender, a partir dos enunciados, aquela matriz de pensamento, com auxílio de algumas ferramentas da análise de discurso. A hipótese inicial que orientou o trabalho era a de que esses discursos apresentassem o predomínio de um reacionarismo sobre os papeis de gênero. No entanto, com o decorrer da análise, percebeu-se que os mesmos representam não apenas essa faceta – mobilizada a partir de uma suposta crise da masculinidade -, mas também uma captura desses sujeitos pelo discurso neoliberal.
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A metáfora da "red pill" tem sido utilizada por alguns grupos de homens, especialmente em espaços virtuais. A partir do pensamento de Rollo Tomassi, best seller estadunidense esses grupos estruturam uma matriz de pensamento fundamentada na naturalização da misoginia, na racionalização das relações afetivo-sexuais e na ideia de que a sociedade seria, na contemporaneidade, uma espécie de ditadura que favorece as mulheres jurídica, sexual e econômicamente, inscrevendo seu pensamento em uma ideia de "crise da masculinidade". Partindo dessa noção de "crise" como chave, investiga-se essa forma de masculinismo, sua posição em uma inserção mais ampla na ordem dos masculinismos desde a modernidade, bem como a relação desses com outras "crises" pelas quais já passara a masculinidade antes da atual. A partir de uma seleção de 81 vídeos de um conjunto mais amplo publicados por um podcast "red pill" ao longo do ano de 2022 (1.588 vídeos), constituiu-se um corpus de análise para reconstituir uma cosmovisão mais ampla, buscando entender, a partir dos enunciados, aquela matriz de pensamento, com auxílio de algumas ferramentas da análise de discurso. A hipótese inicial que orientou o trabalho era a de que esses discursos apresentassem o predomínio de um reacionarismo sobre os papeis de gênero. No entanto, com o decorrer da análise, percebeu-se que os mesmos representam não apenas essa faceta – mobilizada a partir de uma suposta crise da masculinidade -, mas também uma captura desses sujeitos pelo discurso neoliberal.
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Teses |
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CIDÁLIA DE JESUS FERREIRA DOS SANTOS NETA
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Potencial histórico-cultural dos embrechados: estudo de caso no Cemitério de Nazaré - BA
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Data: 26/04/2023
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A presente pesquisa versa sobre o caráter sígnico dos embrechados no Cemitério Nosso Senhor dos Aflitos, na cidade Nazaré, no Recôncavo Baiano. O embrechamento é uma técnica artística semelhante aos mosaicos, surgida na Itália durante o século XVI. Sua aplicação consiste em incrustar fragmentos diversos de seixos; conchas; madeira; fósseis; azulejos; louças; ladrilho hidráulico; vidros e dentre outros materiais, preenchendo as superfícies e criando uma espacialidade entre cores, brilhos e texturas. Enquanto símbolo de arte, referente de sensibilidades e relações sociais, inserido em espaços de preservação e memórias, busca-se interpretar os signos, a correlação com o contexto social e sua capacidade em contribuir à ressignificação dos objetos e componentes da materialidade, através de conceitos aplicados às Memórias, Histórias e Semiótica fundamentados no âmbito da Cultura e Comunicação Social. Nos locais onde são empregados, especificamente no cemitério, os embrechados destacam ideias de espaço elevado de dominação, numa representação de benção e sacralidade, enquanto em Nazaré por a necrópole se apresentar com fronte voltada a avistar toda a área territorial da cidade, também determina sinal de proteção, respeito e divinização.
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A presente pesquisa versa sobre o caráter sígnico dos embrechados no Cemitério Nosso Senhor dos Aflitos, na cidade Nazaré, no Recôncavo Baiano. O embrechamento é uma técnica artística semelhante aos mosaicos, surgida na Itália durante o século XVI. Sua aplicação consiste em incrustar fragmentos diversos de seixos; conchas; madeira; fósseis; azulejos; louças; ladrilho hidráulico; vidros e dentre outros materiais, preenchendo as superfícies e criando uma espacialidade entre cores, brilhos e texturas. Enquanto símbolo de arte, referente de sensibilidades e relações sociais, inserido em espaços de preservação e memórias, busca-se interpretar os signos, a correlação com o contexto social e sua capacidade em contribuir à ressignificação dos objetos e componentes da materialidade, através de conceitos aplicados às Memórias, Histórias e Semiótica fundamentados no âmbito da Cultura e Comunicação Social. Nos locais onde são empregados, especificamente no cemitério, os embrechados destacam ideias de espaço elevado de dominação, numa representação de benção e sacralidade, enquanto em Nazaré por a necrópole se apresentar com fronte voltada a avistar toda a área territorial da cidade, também determina sinal de proteção, respeito e divinização.
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FELIPE TAVARES PAES LOPES
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O “trio de ferro” contra a dominação: torcedores de futebol, ativismo e resistência
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Orientador : CAMILA CALDEIRA NUNES DIAS
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Data: 02/05/2023
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Esta pesquisa busca contribuir para o desenvolvimento dos debates sobre ativismo esportivo no Brasil – considerando que esse ativismo é constituído tanto pelas ações que visam transformar as estruturas sociais e políticas específicas do esporte quanto por aquelas que buscam, por meio dele, alcançar transformações políticas e sociais mais amplas. Para tanto, aborda três coletivos ativistas de torcedores: o Coletivo Democracia Corinthiana, o Bloco Tricolor Antifa e o Porcomunas. Ao fazer isso, esta pesquisa objetiva responder às seguintes questões: de que maneira esses coletivos organizam, interpretam e colocam em prática seu ativismo? E em que medida e como ele pode representar uma forma de resistência às estruturas de dominação do universo futebolístico e da sociedade em geral? Para responder as questões formuladas, adota uma abordagem multiperspectívica e, apoiada na teoria social crítica de John B. Thompson, propõe que uma prática seja caracterizada como de resistência quando ela se contrapor a
uma ou mais formas de dominação. No que diz respeito ao método, adota os seguintes procedimentos: revisão bibliográfica, aplicação de questionários, observação direta, entrevistas individuais e em grupo e análise do conteúdo de postagens em redes sociais digitais. A partir da adoção desses procedimentos, (re)constrói a trajetória de lutas travadas por associações de torcedores de futebol no contexto da cidade de São Paulo a partir da década de 1940 e desenvolve uma taxonomia dessas associações. Também analisa o perfil e os modos de atuação dos membros dos coletivos pesquisados, assim como suas arenas e agendas de lutas. Entre outras coisas, essa análise indica que as atividades desses membros estabelecem um campo de interação onde podem preencher, até certo ponto, suas necessidades afetivas, assim como representam formas mais democráticas de ocupar os espaços urbanos. Também indica que a luta desses coletivos mira a violência e as ideias fascistas e que, para enfrentá-las, eles investem na organização de atividades de conscientização política e de inclusão social, assim como na realização de protestos e manifestações de rua. Investimento que se fundamenta em um imaginário sobre o fascismo que o considera um produto da irracionalidade. Tais coletivos também miram o neoliberalismo, identificado como uma forma de fascismo, e se engajam nas lutas a favor das “minorias”, iluminando e se contrapondo a formas de dominação que costumam permanecer na penumbra. Outra pauta de relevo é a luta contra o processo de hipermercantilização do futebol, que é criticado a partir de uma narrativa saudosista e nostálgica. As análises feitas também sugerem que, no contexto pesquisado, o futebol não pode ser interpretado como uma atividade capaz de segmentar as forças progressistas, uma vez que, nele, torcedores de clubes rivais desenvolvem redes de apoio mútuo, a fim de criar uma sociedade mais igualitária, justa e democrática. Na verdade, o futebol opera, no referido contexto, como uma poderosa força integrativa, capaz de unificar as referidas forças e, com isso, ampliar suas chances de se constituírem num desafio efetivo às relações de dominação.
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Esta pesquisa busca contribuir para o desenvolvimento dos debates sobre ativismo esportivo no Brasil – considerando que esse ativismo é constituído tanto pelas ações que visam transformar as estruturas sociais e políticas específicas do esporte quanto por aquelas que buscam, por meio dele, alcançar transformações políticas e sociais mais amplas. Para tanto, aborda três coletivos ativistas de torcedores: o Coletivo Democracia Corinthiana, o Bloco Tricolor Antifa e o Porcomunas. Ao fazer isso, esta pesquisa objetiva responder às seguintes questões: de que maneira esses coletivos organizam, interpretam e colocam em prática seu ativismo? E em que medida e como ele pode representar uma forma de resistência às estruturas de dominação do universo futebolístico e da sociedade em geral? Para responder as questões formuladas, adota uma abordagem multiperspectívica e, apoiada na teoria social crítica de John B. Thompson, propõe que uma prática seja caracterizada como de resistência quando ela se contrapor a
uma ou mais formas de dominação. No que diz respeito ao método, adota os seguintes procedimentos: revisão bibliográfica, aplicação de questionários, observação direta, entrevistas individuais e em grupo e análise do conteúdo de postagens em redes sociais digitais. A partir da adoção desses procedimentos, (re)constrói a trajetória de lutas travadas por associações de torcedores de futebol no contexto da cidade de São Paulo a partir da década de 1940 e desenvolve uma taxonomia dessas associações. Também analisa o perfil e os modos de atuação dos membros dos coletivos pesquisados, assim como suas arenas e agendas de lutas. Entre outras coisas, essa análise indica que as atividades desses membros estabelecem um campo de interação onde podem preencher, até certo ponto, suas necessidades afetivas, assim como representam formas mais democráticas de ocupar os espaços urbanos. Também indica que a luta desses coletivos mira a violência e as ideias fascistas e que, para enfrentá-las, eles investem na organização de atividades de conscientização política e de inclusão social, assim como na realização de protestos e manifestações de rua. Investimento que se fundamenta em um imaginário sobre o fascismo que o considera um produto da irracionalidade. Tais coletivos também miram o neoliberalismo, identificado como uma forma de fascismo, e se engajam nas lutas a favor das “minorias”, iluminando e se contrapondo a formas de dominação que costumam permanecer na penumbra. Outra pauta de relevo é a luta contra o processo de hipermercantilização do futebol, que é criticado a partir de uma narrativa saudosista e nostálgica. As análises feitas também sugerem que, no contexto pesquisado, o futebol não pode ser interpretado como uma atividade capaz de segmentar as forças progressistas, uma vez que, nele, torcedores de clubes rivais desenvolvem redes de apoio mútuo, a fim de criar uma sociedade mais igualitária, justa e democrática. Na verdade, o futebol opera, no referido contexto, como uma poderosa força integrativa, capaz de unificar as referidas forças e, com isso, ampliar suas chances de se constituírem num desafio efetivo às relações de dominação.
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PABLO DE OLIVEIRA LOPES
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HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE: ATUALIDADE E PASSADO ENTRELAÇADOS EM UMA ANÁLISE ACERCA DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA SOBRE A SAÚDE LGBTQIA+
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Orientador : PAULO SERGIO DA COSTA NEVES
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Data: 31/05/2023
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O presente trabalho, uma pesquisa qualitativa, de caráter bibliográfico e documental, analisa textos de divulgação científica sobre a saúde LGBTQIA+, publicados nos anos 1980 e 1990, e outros, difundidos atualmente: são avaliados escritos de jornalistas e médicos, divulgados nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, e publicações recentes (a partir de 2016), feitas por distintos profissionais, entre eles, jornalistas, médicos e uma enfermeira, em variadas plataformas. Para desenvolver tal análise, que se propõe a entender se a divulgação de escritos a respeito da saúde, dedicados ao público leigo, acompanhou as transformações pelas quais passou a sociedade, aplica-se a História do Tempo Presente (HTP), área dos estudos históricos que desloca o centro da pesquisa do passado para o presente, com o intuito de compreender como acontecimentos do pretérito repercutem na atualidade. O método para avaliar os documentos envolve a Análise Crítica do Discurso (ACD), abordagem teóricometodológica que permite investigar a maneira como as formas linguísticas funcionam na reprodução, manutenção e transformação social, e também o jornalismo de subjetividade. Realizamos ainda entrevistas semiestruturadas com 03 médicos, que são divulgadores científicos, e elas fazem parte da análise. A partir da avaliação das publicações, percebemos que mudanças positivas (avanços quanto ao número de temas discutidos, quanto ao vocabulário usado nos textos e quanto aos canais de divulgação e à profundidade das discussões) ocorreram na maneira de se abordar a saúde LGBTQIA+. Entretanto, a despeito disso, notamos que ainda é possível encontrar discursos que não contribuem para um debate tão salutar acerca de assuntos relacionados à saúde LGBTQIA+.
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O presente trabalho, uma pesquisa qualitativa, de caráter bibliográfico e documental, analisa textos de divulgação científica sobre a saúde LGBTQIA+, publicados nos anos 1980 e 1990, e outros, difundidos atualmente: são avaliados escritos de jornalistas e médicos, divulgados nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, e publicações recentes (a partir de 2016), feitas por distintos profissionais, entre eles, jornalistas, médicos e uma enfermeira, em variadas plataformas. Para desenvolver tal análise, que se propõe a entender se a divulgação de escritos a respeito da saúde, dedicados ao público leigo, acompanhou as transformações pelas quais passou a sociedade, aplica-se a História do Tempo Presente (HTP), área dos estudos históricos que desloca o centro da pesquisa do passado para o presente, com o intuito de compreender como acontecimentos do pretérito repercutem na atualidade. O método para avaliar os documentos envolve a Análise Crítica do Discurso (ACD), abordagem teóricometodológica que permite investigar a maneira como as formas linguísticas funcionam na reprodução, manutenção e transformação social, e também o jornalismo de subjetividade. Realizamos ainda entrevistas semiestruturadas com 03 médicos, que são divulgadores científicos, e elas fazem parte da análise. A partir da avaliação das publicações, percebemos que mudanças positivas (avanços quanto ao número de temas discutidos, quanto ao vocabulário usado nos textos e quanto aos canais de divulgação e à profundidade das discussões) ocorreram na maneira de se abordar a saúde LGBTQIA+. Entretanto, a despeito disso, notamos que ainda é possível encontrar discursos que não contribuem para um debate tão salutar acerca de assuntos relacionados à saúde LGBTQIA+.
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MARCELO MARTINS DA SILVA
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O PT e a questão racial no Brasil: ambivalências e antinomias
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Orientador : SIDNEY JARD DA SILVA
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Data: 06/06/2023
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Esta pesquisa, intitulada “O PT e a questão racial no Brasil: ambivalências e antinomias”, analisa a relação do PT com a questão racial – do período de sua fundação, em 1980, até os primeiros anos do governo de Dilma Rousseff – em especial seu antirracismo limitado pelos constrangimentos estruturais da sociedade e Estado racistas no Brasil. A metodologia utilizada é qualitativa, baseada em análise de documentos e entrevistas. Para embasar nossos argumentos utilizaremos, além de uma bibliografia voltada para a questão racial no PT, documentos diversos relativos ao partido, como resoluções de congressos e encontros nacionais, dentre outros. O argumento é que ao transitar nos limites da institucionalidade racista brasileira, o PT se empenhou numa luta antirracista reformista sem a possibilidade de superar o racismo, já que essa mesma institucionalidade foi moldada por relações sociais oriundas da escravidão e por uma violência colonial constantemente atualizada.
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Esta pesquisa, intitulada “O PT e a questão racial no Brasil: ambivalências e antinomias”, analisa a relação do PT com a questão racial – do período de sua fundação, em 1980, até os primeiros anos do governo de Dilma Rousseff – em especial seu antirracismo limitado pelos constrangimentos estruturais da sociedade e Estado racistas no Brasil. A metodologia utilizada é qualitativa, baseada em análise de documentos e entrevistas. Para embasar nossos argumentos utilizaremos, além de uma bibliografia voltada para a questão racial no PT, documentos diversos relativos ao partido, como resoluções de congressos e encontros nacionais, dentre outros. O argumento é que ao transitar nos limites da institucionalidade racista brasileira, o PT se empenhou numa luta antirracista reformista sem a possibilidade de superar o racismo, já que essa mesma institucionalidade foi moldada por relações sociais oriundas da escravidão e por uma violência colonial constantemente atualizada.
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RODRIGO TARCHIANI SAVAZONI
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O comum na encruzilhada: cartografia de um laboratório cidadão.
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Orientador : SERGIO AMADEU DA SILVEIRA
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Data: 25/09/2023
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Um experimento baseado na construção de uma instituição do comum em Santos, São Paulo, é o objeto desta tese, cuja elaboração também dialoga com iniciativas semelhantes de 12 cidades e 6 países da Europa e da América do Sul que foram visitados ao longo da pesquisa. Propõe um método: a cartografia comuneira, e dobras teóricas surgidas quando movemos o conceito do comum do norte para o sul, afirmando a encruzilhada como lugar de resistência ao colonialismo e campo de possibilidades para a transformação da realidade: o devir-terreiro e o devir-floresta do comum. Esse deslocamento tem como intenção alimentar o campo de estudo do comum com saberes, métodos e táticas colaborativas protagonizadas pelos subalternizados dos territórios periféricos brasileiros. Parte do pressuposto de que o fazer comum pode contribuir para a superação do capitalismo e demonstra formas de alargar o espaço do autogoverno, extraindo de volta ou protegendo o que é potencialmente de todos do movimento de privatização generalizado que caracteriza o neoliberalismo. Como contribuição principal, documenta o processo de invenção de um laboratório cidadão, uma instituição política do comum na qual as pessoas se reúnem para criar tecnologias e promover inovações em defesa da vida.
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Um experimento baseado na construção de uma instituição do comum em Santos, São Paulo, é o objeto desta tese, cuja elaboração também dialoga com iniciativas semelhantes de 12 cidades e 6 países da Europa e da América do Sul que foram visitados ao longo da pesquisa. Propõe um método: a cartografia comuneira, e dobras teóricas surgidas quando movemos o conceito do comum do norte para o sul, afirmando a encruzilhada como lugar de resistência ao colonialismo e campo de possibilidades para a transformação da realidade: o devir-terreiro e o devir-floresta do comum. Esse deslocamento tem como intenção alimentar o campo de estudo do comum com saberes, métodos e táticas colaborativas protagonizadas pelos subalternizados dos territórios periféricos brasileiros. Parte do pressuposto de que o fazer comum pode contribuir para a superação do capitalismo e demonstra formas de alargar o espaço do autogoverno, extraindo de volta ou protegendo o que é potencialmente de todos do movimento de privatização generalizado que caracteriza o neoliberalismo. Como contribuição principal, documenta o processo de invenção de um laboratório cidadão, uma instituição política do comum na qual as pessoas se reúnem para criar tecnologias e promover inovações em defesa da vida.
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MARIELLA BATARRA MIAN ZOTELLI
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O ciber-fascismo no governo Bolsonaro: a comunicação reacionária propulsionada pelos aparatos privados da cibercultura e operada pela extrema-direita no Brasil
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Orientador : SERGIO AMADEU DA SILVEIRA
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Data: 03/10/2023
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O início do século XXI foi marcado pela mudança de paradigma nos meios de comunicação e interação nas sociedades contemporâneas. A chegada e o acesso amplo à internet, com sua arquitetura horizontalizada, na primeira década dos anos 2000, fez emergir uma série de movimentos sociais que pareciam convergir para construção de coletividades pautadas em ideias de justiça social, de democracia e do comum. Mas, o capitalismo, operado na chave implacável do neoliberalismo, se colocou à postos para reagir a essa onda das, até então, denominadas redes de indignação e esperança. A estrutura fechada e controlada das principais redes sociais on-line comandadas pelo oligopólio do Vale do Silício, atrelada à crise econômica mundial de 2008, fez eclodir, em diversos países, uma dinâmica política operada por atores e partidos alinhados ao espectro político da extrema-direita e reascender um fenômeno permeado por práticas perversas e suicidas que parecia estar enterrado num passado não tão distante: o fascismo. Desde 2010, uma onda reacionária, conduzida por representantes políticos de extrema-direita, tem se apropriado da ambivalência das redes, das contradições do sistema capitalista e das fragilidades da própria democracia liberal para trazer, de modo naturalizado, as facetas do fascismo novamente ao centro da sociedade. As eleições que levaram Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, em 2016, formalizaram o fascismo à frente do país mais rico do mundo e, indubitavelmente, escancararam as portas para ascensão do que, neste trabalho, é denominado como ciber-fascismo. Trata-se de reconhecer a fascistização das sociedades contemporâneas, no tempo histórico atual, que é operado, comunicacionalmente, na chave da cibercultura. Além de Trump, outros líderes de extrema-direita, representantes formais do fascismo, também ganharam relevância no cenário político mundial. No Brasil, Jair Bolsonaro sagrou-se presidente do país em 2018 e, a partir de então, tem comandado a crescente formalização do ciber-fascismo brasileiro. Esta tese apresenta, principalmente no âmbito da comunicação na era digital e a partir do diálogo entre os referenciais teóricos que abordam as nuances do fascismo clássico do século XX e o fascismo enquanto fenômeno que transcendeu seu tempo histórico, o funcionamento deste modus operandi político-social nos tempos atuais, trançando um paralelo entre sua relação com o neoliberalismo e apresentando elementos da comunicação reacionária, operada oficialmente pelo governo brasileiro comandado por Jair Bolsonaro.
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O início do século XXI foi marcado pela mudança de paradigma nos meios de comunicação e interação nas sociedades contemporâneas. A chegada e o acesso amplo à internet, com sua arquitetura horizontalizada, na primeira década dos anos 2000, fez emergir uma série de movimentos sociais que pareciam convergir para construção de coletividades pautadas em ideias de justiça social, de democracia e do comum. Mas, o capitalismo, operado na chave implacável do neoliberalismo, se colocou à postos para reagir a essa onda das, até então, denominadas redes de indignação e esperança. A estrutura fechada e controlada das principais redes sociais on-line comandadas pelo oligopólio do Vale do Silício, atrelada à crise econômica mundial de 2008, fez eclodir, em diversos países, uma dinâmica política operada por atores e partidos alinhados ao espectro político da extrema-direita e reascender um fenômeno permeado por práticas perversas e suicidas que parecia estar enterrado num passado não tão distante: o fascismo. Desde 2010, uma onda reacionária, conduzida por representantes políticos de extrema-direita, tem se apropriado da ambivalência das redes, das contradições do sistema capitalista e das fragilidades da própria democracia liberal para trazer, de modo naturalizado, as facetas do fascismo novamente ao centro da sociedade. As eleições que levaram Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, em 2016, formalizaram o fascismo à frente do país mais rico do mundo e, indubitavelmente, escancararam as portas para ascensão do que, neste trabalho, é denominado como ciber-fascismo. Trata-se de reconhecer a fascistização das sociedades contemporâneas, no tempo histórico atual, que é operado, comunicacionalmente, na chave da cibercultura. Além de Trump, outros líderes de extrema-direita, representantes formais do fascismo, também ganharam relevância no cenário político mundial. No Brasil, Jair Bolsonaro sagrou-se presidente do país em 2018 e, a partir de então, tem comandado a crescente formalização do ciber-fascismo brasileiro. Esta tese apresenta, principalmente no âmbito da comunicação na era digital e a partir do diálogo entre os referenciais teóricos que abordam as nuances do fascismo clássico do século XX e o fascismo enquanto fenômeno que transcendeu seu tempo histórico, o funcionamento deste modus operandi político-social nos tempos atuais, trançando um paralelo entre sua relação com o neoliberalismo e apresentando elementos da comunicação reacionária, operada oficialmente pelo governo brasileiro comandado por Jair Bolsonaro.
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JOSIANE SILVA BRITO
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«NÃO EXISTE MULHER BANDIDA»: Um estudo das relações de gênero nas prisões paulistas
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Orientador : ARLENE MARTINEZ RICOLDI
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Data: 10/10/2023
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Entendemos a prisão como uma instituição estreitamente relacionada ao modo capitalista de produção e reprodução da vida. Desta feita, estudamos a prisão e as dinâmicas e relações de poder que a perpassam com o objetivo de, para além de apreender e analisar tais relações, entender como suas elas explicam e são explicadas pela atual conformação da ordem sociometabólica do capital. Neste sentido, fundamentadas por discussões desenvolvidas por teóricas da reprodução social, da Teoria da Reprodução Social, dos feminismos negros e decoloniais, neste trabalho buscamos compreender como as relações de gênero, coconstituídas pelas relações de raça, classe e sexualidades, perpassam e conformam as dinâmicas das prisões do estado de São Paulo marcadas pela presença da organização de presos Primeiro Comando da Capital. Considerando as complexidades de fazer pesquisa em prisão, optamos pela coleta de dados e informações provenientes de diferentes fontes. Assim, realizamos entrevistas semiestruturadas com pessoas egressas e funcionárias de prisões paulistas; observação das dinâmicas e relações de poder presentes em instituições prisionais paulistanas; e análise documental de materiais produzidos pelo próprio PCC. A partir da análise desse material, identificamos representações de gênero que separamos em três eixos: representações que partem da ideia de que “não existe mulher bandida”; que entendem a mulher como demasiadamente emocional e histérica, em oposição a uma compreensão do masculino como racional e equilibrado; e que associam a masculinidade à honra, à virilidade, à força e ao “ser guerreiro”. Argumentamos que tais representações de gênero estão intimamente associadas às construções de gênero forjadas no alvorecer do capitalismo industrial e que norteiam a conformação da divisão sexual do trabalho no PCC, em que mulheres ocupam posições coadjuvantes e subalternas e homens, posições de protagonismo. Verificamos, ainda, que o controle que o PCC exerce sobre os corpos e a sexualidade das pessoas presas em cadeias masculinas é maior do que o exercido nas prisões femininas. Enquanto as relações homoafetivas são aceitas nestes espaços, nas prisões masculinas homens gays só são aceitos caso “se comportem”, não sendo “afeminados”, revelando os efeitos da construção das masculinidades sobre aqueles que não se submetem à normatividade heterossexual. São associados às mulheres, em termos de passividade e de penetração das fronteiras do corpo, e punidos com a perda de privilégios associados ao gênero masculino. Sobre a divisão sexual do trabalho nestes contextos, observamos uma forte conexão entre gênero e sexualidade em sua conformação, em que homens gays realizam trabalhos entendidos como femininos, como a lavagem de roupas e a limpeza de celas, e mulheres que se relacionam afetiva e sexualmente com outras mulheres realizam trabalhos associados ao masculino, como as atividades de manutenção. Embora vigore nas prisões uma ordem de gênero baseada em valores conservadores, baseados em uma dicotomização estrita entre masculino-homem/feminino-mulher e a divisão sexual do trabalho mais tradicional, devido à segmentação sexual das cadeias, a divisão sexual do trabalho se rearranja, de forma a borrar as fronteiras daquilo que se convencionou chamar “sexo”, a partir de denominações sexuais, orientações e identidades.
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Entendemos a prisão como uma instituição estreitamente relacionada ao modo capitalista de produção e reprodução da vida. Desta feita, estudamos a prisão e as dinâmicas e relações de poder que a perpassam com o objetivo de, para além de apreender e analisar tais relações, entender como suas elas explicam e são explicadas pela atual conformação da ordem sociometabólica do capital. Neste sentido, fundamentadas por discussões desenvolvidas por teóricas da reprodução social, da Teoria da Reprodução Social, dos feminismos negros e decoloniais, neste trabalho buscamos compreender como as relações de gênero, coconstituídas pelas relações de raça, classe e sexualidades, perpassam e conformam as dinâmicas das prisões do estado de São Paulo marcadas pela presença da organização de presos Primeiro Comando da Capital. Considerando as complexidades de fazer pesquisa em prisão, optamos pela coleta de dados e informações provenientes de diferentes fontes. Assim, realizamos entrevistas semiestruturadas com pessoas egressas e funcionárias de prisões paulistas; observação das dinâmicas e relações de poder presentes em instituições prisionais paulistanas; e análise documental de materiais produzidos pelo próprio PCC. A partir da análise desse material, identificamos representações de gênero que separamos em três eixos: representações que partem da ideia de que “não existe mulher bandida”; que entendem a mulher como demasiadamente emocional e histérica, em oposição a uma compreensão do masculino como racional e equilibrado; e que associam a masculinidade à honra, à virilidade, à força e ao “ser guerreiro”. Argumentamos que tais representações de gênero estão intimamente associadas às construções de gênero forjadas no alvorecer do capitalismo industrial e que norteiam a conformação da divisão sexual do trabalho no PCC, em que mulheres ocupam posições coadjuvantes e subalternas e homens, posições de protagonismo. Verificamos, ainda, que o controle que o PCC exerce sobre os corpos e a sexualidade das pessoas presas em cadeias masculinas é maior do que o exercido nas prisões femininas. Enquanto as relações homoafetivas são aceitas nestes espaços, nas prisões masculinas homens gays só são aceitos caso “se comportem”, não sendo “afeminados”, revelando os efeitos da construção das masculinidades sobre aqueles que não se submetem à normatividade heterossexual. São associados às mulheres, em termos de passividade e de penetração das fronteiras do corpo, e punidos com a perda de privilégios associados ao gênero masculino. Sobre a divisão sexual do trabalho nestes contextos, observamos uma forte conexão entre gênero e sexualidade em sua conformação, em que homens gays realizam trabalhos entendidos como femininos, como a lavagem de roupas e a limpeza de celas, e mulheres que se relacionam afetiva e sexualmente com outras mulheres realizam trabalhos associados ao masculino, como as atividades de manutenção. Embora vigore nas prisões uma ordem de gênero baseada em valores conservadores, baseados em uma dicotomização estrita entre masculino-homem/feminino-mulher e a divisão sexual do trabalho mais tradicional, devido à segmentação sexual das cadeias, a divisão sexual do trabalho se rearranja, de forma a borrar as fronteiras daquilo que se convencionou chamar “sexo”, a partir de denominações sexuais, orientações e identidades.
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ELIANE CRISTINA DA SILVA NASCIMENTO
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O REUNI e a Difusão do Discurso de Uma Nova Ideia de Universidade
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Orientador : SIDNEY JARD DA SILVA
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Data: 16/10/2023
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Este estudo analisa o processo de difusão do discurso de uma nova ideia de universidade no âmbito do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI, procurando demonstrar a tese de que a legitimação ou não do discurso pode ser considerado um dos fatores determinantes em processos de difusão de políticas educacionais. O texto estrutura-se de forma a contemplar três eixos investigativos: a emergência, a constituição e a difusão de tal discurso, a partir de um exercício interdisciplinar entre constructos teóricos e metodológicos da Difusão de Políticas Públicas e da Análise de Discurso. Os resultados revelam que no âmbito do REUNI predominou como forma de transferência a cópia adaptada, manifestada por processos muito distintos a depender do momento e do contexto da política. No REUNI-MEC houve a legitimação do discurso, em um movimento de transferência bottom-up, tendo como principais mecanismos impulsionadores a circulação de atores e de ideias. No REUNI-Universidade houve uma legitimação seletiva do discurso, de forma a conciliar a complexidade dos interesses e disputas internas, em um movimento de transferência top-down, tendo como principais mecanismos a coerção e a competição entre as universidades. O REUNI não foi capaz de mobilizar as universidades no sentido de uma profunda transformação enquanto rede, mas promoveu avanços significativos em diversos aspectos da educação superior brasileira.
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Este estudo analisa o processo de difusão do discurso de uma nova ideia de universidade no âmbito do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI, procurando demonstrar a tese de que a legitimação ou não do discurso pode ser considerado um dos fatores determinantes em processos de difusão de políticas educacionais. O texto estrutura-se de forma a contemplar três eixos investigativos: a emergência, a constituição e a difusão de tal discurso, a partir de um exercício interdisciplinar entre constructos teóricos e metodológicos da Difusão de Políticas Públicas e da Análise de Discurso. Os resultados revelam que no âmbito do REUNI predominou como forma de transferência a cópia adaptada, manifestada por processos muito distintos a depender do momento e do contexto da política. No REUNI-MEC houve a legitimação do discurso, em um movimento de transferência bottom-up, tendo como principais mecanismos impulsionadores a circulação de atores e de ideias. No REUNI-Universidade houve uma legitimação seletiva do discurso, de forma a conciliar a complexidade dos interesses e disputas internas, em um movimento de transferência top-down, tendo como principais mecanismos a coerção e a competição entre as universidades. O REUNI não foi capaz de mobilizar as universidades no sentido de uma profunda transformação enquanto rede, mas promoveu avanços significativos em diversos aspectos da educação superior brasileira.
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JOYCE ARIANE DE SOUZA MALDONADO
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TECNOLOGIAS DE DATAFICAÇÃO E O APROFUNDAMENTO DO NEOLIBERALISMO NA SAÚDE BRASILEIRA
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Orientador : SERGIO AMADEU DA SILVEIRA
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Data: 17/10/2023
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Esta tese investiga, a partir de um olhar dialético entre economia, política e sociedade, como o emprego de tecnologias digitais, baseadas em coleta, processamento, análise e classificação de dados, se articula ao aprofundamento do capitalismo em sua atual etapa neoliberal no setor da saúde brasileira. Para responder à questão central da tese, que diz respeito a como essa articulação tem se desenvolvido nas últimas décadas, realiza-se, a princípio, uma revisão bibliográfica acerca das teorias do neoliberalismo e do seu desenvolvimento, bem como do surgimento e da evolução de tecnologias digitais e de suas estruturas de dataficação, principalmente, no que diz respeito a suas aplicações no setor da saúde. Em seguida, realiza-se por meio de revisão bibliográfica, pesquisa documental e entrevista semiestruturada, uma análise sobre o processo histórico da criação, do desenvolvimento e das aplicações de propostas e políticas públicas, elaboradas e publicadas pelo Ministério da Saúde (MS), em relação à construção de uma saúde digital, que perpassa, inicialmente, por processos de digitalização e informatização do setor e, posteriormente, pela aplicação e uso de tecnologias de dataficação. Na sequência, apresenta-se, ainda de acordo com estas metodologias, uma análise sobre as perspectivas de atores que compõem a Saúde Suplementar Brasileira, como as Seguradoras, sobre o uso de tecnologias de dataficação em suas estruturas e a importância que os (meta) dados apresentam para o avanço do setor privado na saúde brasileira. Por fim, esta tese apresenta um organograma referente ao atual cenário de aplicações e uso de tecnologias de dataficação no setor da saúde e analisa seus impactos na área e na sociedade brasileira, bem como apresenta as tendências que se desenham na articulação entre o aprofundamento do capitalismo neoliberal e as tecnologias baseadas em (meta) dados.
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Esta tese investiga, a partir de um olhar dialético entre economia, política e sociedade, como o emprego de tecnologias digitais, baseadas em coleta, processamento, análise e classificação de dados, se articula ao aprofundamento do capitalismo em sua atual etapa neoliberal no setor da saúde brasileira. Para responder à questão central da tese, que diz respeito a como essa articulação tem se desenvolvido nas últimas décadas, realiza-se, a princípio, uma revisão bibliográfica acerca das teorias do neoliberalismo e do seu desenvolvimento, bem como do surgimento e da evolução de tecnologias digitais e de suas estruturas de dataficação, principalmente, no que diz respeito a suas aplicações no setor da saúde. Em seguida, realiza-se por meio de revisão bibliográfica, pesquisa documental e entrevista semiestruturada, uma análise sobre o processo histórico da criação, do desenvolvimento e das aplicações de propostas e políticas públicas, elaboradas e publicadas pelo Ministério da Saúde (MS), em relação à construção de uma saúde digital, que perpassa, inicialmente, por processos de digitalização e informatização do setor e, posteriormente, pela aplicação e uso de tecnologias de dataficação. Na sequência, apresenta-se, ainda de acordo com estas metodologias, uma análise sobre as perspectivas de atores que compõem a Saúde Suplementar Brasileira, como as Seguradoras, sobre o uso de tecnologias de dataficação em suas estruturas e a importância que os (meta) dados apresentam para o avanço do setor privado na saúde brasileira. Por fim, esta tese apresenta um organograma referente ao atual cenário de aplicações e uso de tecnologias de dataficação no setor da saúde e analisa seus impactos na área e na sociedade brasileira, bem como apresenta as tendências que se desenham na articulação entre o aprofundamento do capitalismo neoliberal e as tecnologias baseadas em (meta) dados.
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