APROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO PROCESSO DE COMBUSTÃO DIRETA: ESTIMATIVA DO COMPORTAMENTO TERMOQUÍMICO DAS CINZAS, EMISSÕES EVITADAS E DO POTENCIAL ENERGÉTICO
Este trabalho apresenta a combustão direta com recuperação de energia como método de tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos úmidos (resíduos misturados e contaminados com frações orgânicas) gerados a partir da coleta seletiva no Brasil, com base na sua caracterização termoquímica, buscando um destino final diferente dos lixões, e diminuindo a quantidade de resíduos enviados para aterros no país. O potencial de recuperação de energia foi calculado a partir da caracterização física, química e térmica dos produtos encontrados no fluxo de resíduos agrupados em cinco categorias combustíveis (Matéria Orgânica, Resíduos Sanitários, Papel/papelão/Tetra Pak®, Plásticos e Têxteis). A caracterização termoquímica, o comportamento dos resíduos como matéria-prima para usinas de energia, análise dos principais parâmetros característicos da combustão, determinação dos parâmetros da cinética da combustão, o potencial de recuperação de energia e as emissões de GEE evitadas em três cenários de eficiência de energia elétrica (18, 25, e 30%) foram estudados. Os resultados mostram que a combustão com recuperação de energia poderia ser usada como método de tratamento devido às características dos RSU brasileiros como combustível sólido, com um valor de PCI 7,22±1,76 MJ.kg-1, teor de umidade de 49,19±10,05% e teor de cinzas de 14,23±6,71%; destacando que em algumas regiões do país, existe a necessidade de usar combustíveis auxiliares para a combustão de resíduos. As categorias combustíveis apresentam um alto potencial de formação de depósitos, estimulado principalmente pelo conteúdo de Na2O. As instalações de combustão de RSU poderiam contribuir com mais 3% de energia elétrica na matriz energética nacional a partir do uso de pelo menos 67% dos RSU coletados no pais. Além disso, poderiam ser evitadas as emissões anuais de 1 milhão de toneladas de CH4 (24 milhões de toneladas de equivalente CO2) e cerca de 140 milhões de metros cúbicos de lixões, dependente da eficiência elétrica bruta da tecnologia Waste-to-Energy.