Criminologia e Hospital do Juquery: patologização e criminalização da infância pobre em São Paulo
São múltiplos os objetos do presente estudo, visando analisar a criminalização, patologização e institucionalização de crianças e adolescentes alocadas na categoria de menores, entre 1900 e 1950, no Estado de São Paulo, voltando os olhares para a instituição psiquiátrica inaugurada no ano de 1898, o complexo Juquery, foi realizada uma revisão bibliográfica para contextualização da criminologia e pensar essa ciência como forma discursiva e prática de controle social, analisando nessa linha a construção da categoria menor, a estigmatização de crianças e adolescentes como personagens de iminente perigo social pela vertente da degenerescência, sobrando a eugenia para salvar a sociedade. A partir dessa discussão foi analisado o cenário da cidade de São Paulo na virada do século XIX para o XX, bem como as instituições totais voltadas para o aprisionamento de menores, pensando ainda, as instituições de produção de saberes como alicerce dessas instituições, que se retroalimentam. Dentro desse cenário foram analisados, de forma qualitativa e quantitativa, prontuários de três instituições, a atual Fundação Centro de Atendimento Socio-Educativo ao Adolescente, Manicômio Judiciário e o Juquery em sua totalidade, bem como documentos encontrados no Fundo Pacheco e Silva. A análise demonstrou um quadro de patologização de questões sociais e o uso da psiquiatria como ferramenta da criminologia para controle social.