PPGCHS PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC Telefone/Ramal: Não informado http://propg.ufabc.edu.br/ppgchs

Banca de DEFESA: MEL BLEIL GALLO

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : MEL BLEIL GALLO
DATA : 17/05/2021
HORA: 16:00
LOCAL: Por participação remota
TÍTULO:

Acompanhamento feminista ao aborto na América Latina e Caribe: justiça reprodutiva e resistência decolonial à biopolítica


PÁGINAS: 140
RESUMO:

Nesta dissertação, realizamos uma etnografia multissituada junto a coletivas feministas de acompanhamento a pessoas em situação de aborto, para contribuir com uma análise genealógica das lutas por justiça reprodutiva na América Latina e Caribe. Na era do biopoder, as acompanhantes  reivindicam a epistemologia feminista decolonial para construir uma prática comum de resistência autoimplicada às opressões (neo)coloniais de gênero, classe, raça e etnia. Suas estratégias de ação direta orientam-se por uma pedagogia feminista popular, onde o aborto com medicamentos torna-se objeto de uma engenharia mulheril e ultrapassa a perspectiva imediatista da redução de danos. Ao se rebelarem contra processos históricos e ao mesmo tempo contemporâneos de expropriação do domínio sobre nossos corpos, argumentamos que essas redes oferecem novas possibilidades de (re)existência aos processos de assujeitamento da biopolítica neoliberal. Na tentativa de enxergar para além de intencionalidades subjetivas, partimos do seguinte problema de pesquisa: que dinâmicas de poder permeiam o desenvolvimento do acompanhamento feminista ao aborto na América Latina e Caribe, e como este fenômeno se insere num contexto mais amplo de lutas contemporâneas por justiça reprodutiva?

Em meio a realidades tão diversas quanto as que atravessam nosso continente, nossos países e nossos feminismos latino-americanos e caribenhos, rejeitamos qualquer pretensão analítica universalizante. Por isso, nossa proposta não é apresentar um “modelo de acompanhamento”, mas, sim, reconhecer significados comuns, experiências compartilhadas e apontar também pontos de conflito entre sujeitas que se reivindicam acompanhantes de aborto. Nesta pesquisa, tomamos a decisão de seguir o fio condutor da articulação em torno da Red Feminista Latinoamericana y Caribeña de Acompañantes de Abortos, lançada em setembro de 2018. Ressaltamos que esta não é a única experiência feminista de acompanhamento regional - assim como as coletivas que constroem a rede estudada tampouco são homogêneas. 

Duas características da RedFLAC foram particularmente propícias ao nosso esforço inicial de contribuir com uma genealogia do fenômeno do acompanhamento. A primeira é sua significativa representatividade regional. A rede é composta por coletivas de 17 países, distribuídas entre Cone Sul, região andina, Caribe e América Central: Argentina, Bolívia, Chile, Colombia, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai, Venezuela e Brasil. A segunda é sua decisão política de atuar publicamente enquanto rede que abriga tanto coletivas públicas como clandestinas. Essa postura nos permite acessar e trazer à tona debates sensíveis sem que isso represente um risco ético de comprometer a segurança e a atuação das acompanhantes.

Inspiradas na proposta foucaultiana de uma analítica do poder, adotamos como objetivo situar a emergência do dispositivo do acompanhamento feminista ao aborto no interior de uma situação estratégica complexa, em que múltiplas relações de poder se codificam para dar lugar ao atual conjunto de narrativas e políticas sobre sexualidade e reprodução. Nos interessa compreender de que forma(s) o dispositivo do acompanhamento desentrama e desafia dispositivos da sexualidade, da maternidade, da racialidade e da colonialidade operados pelo biopoder, no contexto neoliberal.

Para tanto, nossa etnografia multissituada incluiu um levantamento abrangente, mas não exaustivo, de informações até então majoritariamente dispersas acerca do surgimento e desenvolvimento de uma prática autônoma e feminista de acompanhamento ao aborto entre meados dos anos de 2000 e a atualidade. Paralelamente, nos engajamos em processos de escuta ativa e imersão junto às acompanhantes. Neste texto, apresentamos o resultado inicial destas reflexões, a partir de um conjunto de narrativas que transformam-se e são vividas nas experiências de resistência (convergentes ou não) de acompanhantes de aborto, onde discursos são alternadamente (re)criados, (re)produzidos, contestados e reafirmados.



MEMBROS DA BANCA:
Presidente - Interno ao Programa - 2318885 - ARLENE MARTINEZ RICOLDI
Membro Titular - Examinador(a) Interno ao Programa - 2222046 - ALESSANDRA TEIXEIRA
Membro Titular - Examinador(a) Externo à Instituição - ANA PAULA DOS REIS - UFBA
Membro Suplente - Examinador(a) Interno ao Programa - 2419487 - ROBERTA GUIMARAES PERES
Membro Suplente - Examinador(a) Externo à Instituição - CLAUDIA BONAN JANNOTTI - FIOCRUZ - RJ
Notícia cadastrada em: 13/05/2021 15:53
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