ESPAÇO VITAL NA ERA CONTEMPORÂNEA: A GROENLÂNDIA E A GEOPOLÍTICA DE TRUMP À LUZ DA TEORIA DE RATZEL
Esta dissertação investiga a política externa do primeiro mandato do governo Donald Trump (2017–2021), sob a perspectiva da Teoria do Espaço Vital de Friedrich Ratzel, articulada ao referencial do Realismo clássico em Relações Internacionais. Tomando como estudo de caso a tentativa de aquisição da Groenlândia em 2019, a pesquisa parte da seguinte indagação: de que forma a Teoria do Espaço Vital pode contribuir para a compreensão da proposta de compra da Groenlândia e de suas implicações geopolíticas? A hipótese central é que, orientado por uma visão realista das relações internacionais, o governo Trump buscava ampliar a segurança nacional dos Estados Unidos por meio da expansão territorial em zonas geoestratégicas — com destaque para regiões com alto potencial em recursos naturais estratégicos, como as terras raras. Para testar essa hipótese, adota-se uma metodologia que conjuga análise teórica e empírica. Inicialmente, procede-se a uma revisão bibliográfica da Teoria do Espaço Vital de Ratzel, evidenciando sua gênese e desdobramentos no pensamento geopolítico. Em seguida, examinam-se os principais fundamentos do Realismo clássico, a fim de construir uma base teórica sólida para a análise. A proposta de compra da Groenlândia constitui, assim, um estudo de caso exemplar, que permite investigar a relação entre território, poder e recursos na formulação da política externa estadunidense. A análise se fundamenta em um conjunto de fontes primárias — como documentos oficiais, discursos presidenciais e comunicados diplomáticos — e secundárias, incluindo artigos acadêmicos, reportagens e estudos especializados. Ao transcender a abordagem de um episódio isolado, esta dissertação propõe uma reflexão crítica sobre a articulação entre a teoria geopolítica ratzeliana e o Realismo nas Relações Internacionais, buscando compreender os fundamentos teóricos e as motivações estratégicas que moldam a ação externa das grandes potências no século XXI.