Ações afirmativas no serviço público e desigualdades raciais nas universidades federais.
Através do levantamento bibliográfico sobre o campo de estudos das ações afirmativas, com destaque para as políticas de cotas no serviço público, utilizando como referencial teórico os estudos étnico-raciais no país, esta dissertação de mestrado pretende fazer um resgate histórico das ações afirmativas para ingresso no ensino superior e uma análise das ações afirmativas para a ampliação do acesso de pessoas negras ao serviço público, notadamente a política de cotas raciais para ingresso de servidores nas universidades federais, discutindo os limites de aplicação e a eficácia da Lei n. 12.990/2014, a partir de dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação, e do levantamento de dados de servidores das diferentes categorias de algumas universidades federais, considerando o recorte de gênero e raça. O objetivo é verificar se o ingresso de pessoas negras por cotas tem ocorrido, em que proporção, e qual tem sido o impacto para reduzir as desigualdades de gênero e raça entre servidores das diferentes categorias, especialmente entre docentes, categoria cujas desigualdades de gênero e raça encontradas inicialmente, a partir de dados coletados, foram maiores. Os resultados até aqui coletados demonstram que as pessoas brancas são sobrerrepresentadas em todas as instituições pesquisadas, sobretudo entre docentes, mas também em menor grau entre técnicos-administrativos. Ainda, a presença ínfima de mulheres negras entre docentes foi constatada, colocando-as entre as mais sub-representadas nos dos dois grupos já sub-representados: mulheres e negros. Serão realizadas entrevistas semiestruturadas com servidores negros integrantes de grupos (comissão, comitê, grupo de pesquisa, grupo de trabalho, núcleo, etc.) voltados para a temática das questões étnico-raciais de uma das instituições cujos dados foram analisados.