O dispositivo Antroposofia: o caso da pedagogia Waldorf no Brasil
Esta pesquisa tem por objeto a pedagogia Waldorf no Brasil. Datando a primeira iniciativa Waldorf em terras brasileiras da São Paulo da década de 1950, trata-se de uma abordagem pedagógica criada na Alemanha no descortinar do século XX, pelo pensador Rudolf Steiner. Entendemos que desde o momento de sua concepção teórica enquanto um dos braços práticos da Antroposofia, foram criadas e empregadas diferentes técnicas e discursos que geraram efeitos de poder no sentido de sua constituição como verdade. A partir da caracterização da Waldorf como um dispositivo, esta pesquisa mobiliza referencial teórico foucaultiano para compreender as diferentes formas e estratégias de saber-poder que os agentes envolvidos no estabelecimento e difusão da Antroposofia e da Waldorf no Brasil desenvolveram e mobilizaram ao longo do tempo. Para isto, recorreu-se a revisão bibliográfica, pesquisa documental em instituições relacionadas à pedagogia Waldorf no Brasil e entrevistas com sujeitos ligados à Waldorf. Concluiu-se que os variados efeitos de poder que emanam de escolas e outras instituições que praticam e mantêm a pedagogia Waldorf ativa no Brasil advém de uma combinação bastante original de tecnologias que envolvem, por exemplo, a ampla utilização de um discurso esotérico que deseja disciplinar diferentes âmbitos da vida, aliado, entre outras coisas, a uma estruturação hierárquica das instituições, a qual coloca como referenciais figuras entendidas como detentoras de “segredos” acessíveis apenas àqueles tidos como veteranos ou peritos na Antroposofia e na pedagogia Waldorf.