EXPERIÊNCIAS FEMININAS DE VIDA E DE LUTA:
ABC PAULISTA, 1964-1985
A presente dissertação tem por objetivo contribuir para publicizar a história de vida das mulheres trabalhadoras vinculadas à Associação dos Metalúrgicos Anistiados e Anistiandos do ABC Paulista (AMA-A ABC) e suas respectivas experiências sob a ditadura militar (1964-1985). O objetivo é compreender como elaboram a experiência histórica de perseguição política vivenciada nos espaços da família, do trabalho e da militância sindical a partir do projeto de memória realizado pela AMA-A. Analisaremos - a partir das fontes orais geradas no escopo do projeto Memórias de vida e de luta: histórias de resistência e solidariedade de metalúrgicos e metalúrgicas atingidos pela repressão da ditadura militar - como se autorrepresentam e como se posicionaram nesses mundos autoritários. Partimos da compreensão de que a memória individual decorre de vivências múltiplas que constroem experiências que, por sua vez, contém a pluralidade discursiva da comunidade e das redes em que se constitui. A delimitação em uma rede feminina se justifica pelo fato dessas mulheres serem culturalmente silenciadas nos espaços políticos, fazendo com que as desigualdades e violências decorrentes das relações homem-mulher sigam invisíveis e incompreensíveis. A mudança de perspectiva decorrentes das histórias de vida e de luta de mulheres trabalhadoras pode indicar novas problemáticas para compreensão das relações (re)produtoras de marcadores sociais de classe e de gênero na vivência de traumas coletivos da sociedade brasileira contemporânea.