A POLÍTICA EXTERNA DO GOVERNO BOLSONARO E O NEOFASCISMO: UMA ANÁLISE DA GESTÃO DE ERNESTO ARAÚJO
Este trabalho tem como objetivo investigar a política externa do governo Bolsonaro durante a gestão do ex-chanceler Ernesto Araújo, à luz de uma compreensão sobre um possível processo de fascistização. Para tal conjugamos uma pesquisa teórica sobre o fascismo e uma análise empírica das manifestações brasileiras em fóruns internacionais. Inicialmente, efetuamos um resgate teórico da contribuição do teórico Marxista Nicos Poulantzas sobre fascismo e bloco no poder, de modo a mobilizar os conceitos desenvolvidos pelo autor e colocá-los em diálogo com outras contribuições na área de política externa que tem se utilizado de tal aparato conceitual. Por meio do conceito de processo de fascistização podemos examinar características específicas da infiltração do movimento neofascista em manifestações da política externa brasileira, o que contribui para um diálogo entre as produções teóricas da área da Ciência Política e da Sociologia que caracterizam o governo Bolsonaro como neofascista. Em seguida, percorremos trabalhos que buscaram compreender os primeiros anos da política externa do governo Bolsonaro, com destaque a seu alinhamento automático com os Estados Unidos de Donald Trump e uma mobilização da política externa para agitação de uma agenda sensível aos movimentos de extrema direita. Na sequência, abordamos a centralidade da agenda antifeminista para os movimentos neofascistas e para política externa de Bolsonaro. Por fim, desenvolvemos a pesquisa empírica centrada em fontes primárias produzidas em fóruns internacionais de modo a compreender as mudanças na política externa brasileira após a ascensão desse governo ao poder à luz do conceito de processo de fascistização. Assim, a hipótese central deste trabalho é há uma correlação entre a política externa do governo Bolsonaro, em especial na gestão de Ernesto Araújo no Ministério das Relações Exteriores, e o processo de fascistização do Estado brasileiro.