ESCALAS DE PLANEJAMENTO E SEUS RESPECTIVOS DISCURSOS: SUSTENTABILIDADE NOS DOCUMENTOS DA MACROMETRÓPOLE PAULISTA
A literatura brasileira no campo do planejamento, orientada pela perspectiva crítica, aponta para o papel de "nuvem de fumaça" no debate público desempenhado pelo planejamento urbano, por apresentar objetivos palatáveis ao conjunto da população, mas distantes dos reais interesses das classes dominantes. Conduzindo, assim, a sistemático aumento das contradições entre o planejado e o realizado à medida que mais espaços de participação são criados e, simultaneamente, esvaziados de efeitos concretos. O planejamento na escala da macrometrópole paulista, porém, não se encaixa nessa tradição. Dado que no processo de planejamento nessa escala o Estado dialoga mais diretamente com as classes dominantes e menos com o conjunto da população, seus documentos apresentam discurso distinto dos planos diretores e mesmo contraditórios com estes, ao exporem objetivos mais próximos aos interesses das classes dominantes e contendo menor carga retórica instrumentalizada para persuadir a sociedade civil.
Considerando a centralidade da expressão “sustentabilidade” para o debate público contemporâneo, que se reflete no campo do planejamento territorial, a presente pesquisa apresenta estudo comparativo entre três escalas de planejamento (local, metropolitana e macrometropolitana) pela análise crítica dos discursos da sustentabilidade presentes em seus respectivos documentos de planejamento. Visa, assim, identificar as particularidades da escala macrometropolitana, relacionando cada discurso com os inputs econômicos e institucionais da escala de planejamento.