AQUECIMENTO SOLAR DE ÁGUA PARA PROCESSOS INDUSTRIAIS: PROPOSTA DE UM MÉTODO PARA ANÁLISE TÉCNICO-ECONÔMICA
Muitos estudos vêm sendo produzidos sobre aplicações de sistemas de aquecimento solar em processos industriais, para identificar usos potenciais e justificar ou motivar sua expansão. No entanto, embora haja casos relatados dessa aplicação em diferentes setores industriais, eles ainda são poucos, diante do parque industrial existente. Várias barreiras que dificultam ou impedem maior divulgação e aplicação dos sistemas de aquecimento solar foram identificadas: complexidade para integração aos processos industriais existentes; falta de conhecimento de empresários e demais tomadores de decisão sobre essa tecnologia, o que os leva a nem mesmo considerá-la como uma possibilidade; escassez de ferramentas computacionais de cálculo fáceis de serem utilizadas por pessoas não técnicas, para dimensionamento, custeio e análise de viabilidade preliminares dos projetos. Assim, o objetivo geral deste trabalho de pesquisa é propor uma metodologia para selecionar, dimensionar, integrar e estimar a viabilidade financeira de sistemas de aquecimento solar para aplicação em processos industriais, visando criar meios de ajudar a superar, ao menos em parte, as barreiras mencionadas. Para o dimensionamento da área do campo de coletores solares necessária, foi utilizado o Método da Carta F (F-Chart); finalmente, para realizar a análise econômica do projeto foi aplicado Método do Custo do Ciclo de Vida (Life Cycle Cost - LCC). Para a seleção do ponto de integração do sistema de aquecimento solar ao processo industrial foram consideradas as recomendações do Integration Guideline – IEA SHC Task 49. Os parâmetros geográficos, demográficos e climáticos do estado de São Paulo foram obtidos em coleta de dados secundários em fontes públicas. Para testar a metodologia e a ferramenta de projeto, foi apresentado um estudo de caso em uma indústria. Os principais resultados obtidos mostraram que para o caso estudado, a demanda de calor do processo foi estimada em 3.866 MJ/dia, a área estimada para o campo de coletores solares foi de 465m², fração solar f= 0,823 para coletores de placas planas; 399m², f=0,682 para coletores de tubos evacuados; área coletora de 443m² e 465m² para coletores de calha parabólica e linear Fresnel, respectivamente, para fração solar f=0,70. O sistema de coletores de placas planas mostrou-se o mais viável financeiramente, projetando para um Ciclo de Vida de 20 anos VPL = R$3,88 milhões e payback descontado de 5 anos ao custo médio ponderado de capital de 9,2%. A redução de consumo e gasto anual de Gás Natural foi estimada em 42,9m³/ano e R$ 220,76mil, porém com uma limitação à temperatura de aquecimento em relação à demanda de temperatura do processo. O sistema de coletores de tubos evacuados supera essa limitação e projeta VPL = R$3,55 milhões, payback de 6 anos, redução de consumo e gasto de Gás Natural em 42,0m³/ano e R$ 216,2mil ao ano.