EXPRESSÃO E CARACTERIZAÇÃO DE UMA MONOOXIGENASE LÍTICA DE POLISSACARÍDEOS DA ANÊMONA-DO-MAR NEMATOSTELLA VECTENSIS.
As monooxigenases líticas de polissacarídeos (do inglês lytic polysaccharide monooxygenase - LPMOs) são uma classe de enzimas cobre dependentes que vêm despertando interesse devido ao seu envolvimento na degradação de diversos polissacarídeos. São conhecidas sete famílias de LPMOs: AA9, AA10, AA11, AA13, AA14, AA15 e AA16. As LPMOs possuem em comum uma estrutura β-sanduíche, uma superfície plana de ligação ao substrato, um “braço de histidina” com dois resíduos de histidina amino-terminais conservados relacionados à coordenação do íon cobre e a necessidade de um doador de elétrons essencial para sua atividade. As LPMOs agem diretamente na estrutura cristalina dos polissacarídeos, como a celulose e a quitina, facilitando a ação de outros tipos de enzimas, o que indica um potencial para utilização em indústrias de biocombustíveis e também como alternativas para uso como bioinseticida e antifúngico. A maioria das LPMOs identificadas até o momento são provenientes de microrganismos e pouco se sabe sobre LPMOs produzidas por outros organismos. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo principal ampliar o conhecimento sobre essa classe de enzimas, através do estudo de uma potencial LPMO (denominada neste trabalho como NvLPMO-1), cuja sequência gênica foi obtida por meio de estudos de prospecção de genes da anêmona-do-mar Nematostella vectensis. Por análise filogenética e estudos de modelagem estrutural da enzima, é possível inferir que que NvLPMO-1 pertence à família AA15 de LPMOs, com diversas semelhanças estruturais com as duas únicas enzimas caracterizadas desta família. A enzima possui resíduos de cisteína envolvidos na formação de três pontes dissulfeto, além de aminoácidos que provavelmente formam uma estrutura em forma de língua bem próxima ao sítio ativo da enzima e que só foi evidenciada em LPMOs AA15. Em paralelo aos estudos teóricos, três construções gênicas foram utilizadas para expressão recombinante da enzima em bactérias Escherichia coli BL21DE3 Origami B e Escherichia coli BL21 Rosetta 2 plys, utilizando-se para isso os vetores pET22b(+) e pET26b(+). Porém, o baixo rendimento das expressões não permitiu a realização de análises estruturais e ensaios de atividade com a enzima. Como perspectiva fica a utilização de sistemas alternativos de expressão, como por exemplo, leveduras ou células de inseto, a fim de validar os dados teóricos sobre a enzima.