Toxicidade de espécies inorgânicas de As no desenvolvimento de raízes e pelos radiculares de Arabidopsis thaliana
Arsênio é um semi-metal disperso no mundo que ocorre naturalmente na natureza ou através da indústria e atividades agrícolas. As(V) ou arsenato e As (IIII) ou arsenito são espécies inorgânicas do arsênio, prevalecem no ambiente natural e são altamente tóxicos para animais e plantas. Estresses por metais e semi-metais podem modificar a arquitetura da raiz e dos pelos radiculares. Já foi descrito que a exposição de Arabidopsis thaliana ao arsenito aumenta a densidade e o comprimento dos pelos radiculares. Porém, ainda não se sabe se os efeitos causados por cada espécie inorgânica de As é semelhante no desenvolvimento de raízes e pelos radiculares. Portanto, o objetivo desse trabalho é avaliar a morfologia das raízes de Arabidopsis thaliana, analisar a dinâmica do citoesqueleto nos pelos de raiz, quando germinadas na presença e ausência de As (V) (arsenato) e As (III) (arsenito). Plantas de Arabidopsis thaliana ecótipo Columbia (Col-0) ou linhagens de A. thaliana marcadoras para retículo endoplasmático (GFP-HDEL) e F-actina (Lifeact-Venus) foram crescidas na presença e ausência de 10 uM de As (III) ou 10 uM As (V) por 7 dias para verificar as diversas respostas morfológicas e anatômicas das raízes sob influência desses contaminantes. Plantas tratadas com 10 uM As (III) (As2O3) apresentaram inibição do crescimento radicular de 75 % comparado com o controle, o surgimento precoce de raízes adventícias e aumento na densidade e comprimento de pelos radiculares na região central da raiz principal quando comparado ao controle. Já as plantas tratadas com 10 uM As (V) (As2O5) não apresentaram diminuição na raiz principal e nem surgimento de raízes adventícias, mas demonstraram um aumento de densidade e comprimento de pelos radiculares semelhantes ao observado nas plantas tratadas com As (III) (As2O3). Tanto plantas tratadas com As (V) quanto com As (III) apresentaram apenas cabos finos de filamentos de actina nos pelos radiculares diferente do observado em plantas do controle, onde cabos espessos foram observados. Além disso, observamos que plantas tratadas com as duas espécies inorgânicas de arsênio apresentaram pelos radiculares com formas sinuosas e onduladas mostrando diferenças na dinâmica dos filamentos de actina. Nossos resultados sugerem que As (III) e As (V) possuem graus de toxicidade diferentes em raízes de Arabidopsis thaliana e que esses contaminantes afetam de alguma forma a dinâmica do citoesqueleto de actina.