CARACTERIZAÇÃO DO BALANÇO REDOX NA HIPERTROFIA CARDÍACA INDUZIDA PELA ISQUEMIA/REPERFUSÃO RENAL
Em quadros de insuficiência renal (IR), diversos fatores liberados na corrente sanguínea por sistemas como o sistema renina angiotensina aldosterona (RAAS), sistema nervoso simpático (SNS) e sistema inflamatório, são capazes de induzir uma série de alterações no tecido cardíaco, levando a um conjunto de alterações denominada síndrome cardiorrenal (SCR). Com importante papel na sinalização e progressão de quadros inflamatórios sistêmicos, como o observado na IR, encontram-se as espécies reativas de oxigênio (EROs). Quando produzidas em excesso, as EROs levam a célula ao estresse Oxidativo (EO) e, caso não seja controlado e reparado por agentes antioxidantes, pode causar danos irreparáveis em nível celular e tecidual. Diante do exposto, o presente estudo buscou caracterizar o balanço redox no modelo de hipertrofia cardíaca induzida por isquemia/reperfusão renal. Para isto foram utilizados camundongos machos C57BL/6 submetidos a oclusão do pedículo renal esquerdo por 60 min seguido de reperfusão por 8 e 15 dias. Foram avaliados fatores como: o dano celular sofrido em nível de proteínas e lipídeos; níveis dos principais agentes antioxidantes (Catalase (CAT), Superóxido Dismutase (SOD) e Capacidade Antioxidante Total (FRAP)); nível de agentes oxidantes (NADPH oxidase (NOX); Óxido Nítrico Sintase (NOS), peróxido de hidrogênio (H2O2) além da biodisponibilidade do Óxido Nítrico (NO) na forma de S-nitrosotiol (R-SNO) e Nitrito (NO2¯)). Em relação ao tecido renal, os resultados indicam um processo de renoproteção em ambos os rins, isso porque os níveis de dano celular e alguns agentes oxidantes estão reduzidos nos tempos analisados. Ainda, foi possível observar um aumento na atividade de enzimas antioxidantes como a SOD, além do aumento na disponibilidade de NO. Já no coração, foi possível observar um aumento na atividade de enzimas oxidantes como a NOX e NOS além do aumento do dano celular após 8 dias de reperfusão, seguido de redução no dano proteico no grupo 15 dias pós lesão. A conclusão do presente estudo sugere que os rins e o coração passam por processos distintos de dano e reparo nos tempos analisados, uma vez que o coração é um alvo secundário da lesão renal isquêmica. Esses resultados são importantes para um melhor entendimento dos mecanismos celulares e moleculares envolvidos nas alterações cardíacas observadas no quadro de SCR.