CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA E BIOFÍSICA DE UMA MONOOXIGENASE LÍTICA DE POLISSACARÍDEOS DE INSETO E DE UMA FERULOIL-COA SINTETASE COM POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO
A biomassa lignocelulósica é amplamente encontrada na natureza, sendo composta por três principais polímeros: celulose, lignina e hemicelulose. Estes podem ser usados como matéria-prima em vários processos industriais, como produção de etanol, vanilina e bioplásticos. No entanto, seu uso ainda não é economicamente viável na maioria dos processos industriais. Assim, a descoberta de novas enzimas que atuam sobre esses substratos, gerando um produto de interesse biotecnológico, pode ser uma alternativa para reduzir custos e otimizar processos. Este projeto tem como objetivo estudar uma Monooxigenase Lítica de Polissacarídeos (LPMO) de coptotermes gestroi (cupim) e uma enzima feruloil-CoA sintetase (FCS) identificada pela análise metagenômica do solo de uma plantação de cana-de-açúcar. As LPMOs são uma nova classe de enzimas identificadas por atuar em diferentes polímeros, como a celulose e a hemicelulose, levando à clivagem das ligações por mecanismos oxidativos. Já a FCS, associada a outras enzimas, pode ser empregada na conversão da lignina em vanilina, um produto de alto valor agregado. Foram utilizados diferentes cepas bacterianas, vetores e protocolos para a expressão das proteínas. A CgLPMO apresentou resultados positivos somente com strep-tag, no qual foi possível confirmar a presença da proteína com espectrometria de massas. Com a modelagem por homologia, a CgLPMO apresentou estruturas comuns às LPMOs, além de uma região em forma de língua presente em membros da família AA15.
A outra enzima estudada, a feruloil-CoA sintetase (FCS), teve alta atividade em pH alcalino e temperatura ambiente. Além disso, utilizando-se das técnicas de dicroísmo circular e espectroscopia de fluorescência, ela apresentou grande estabilidade com a variação de pH, sendo afetada apenas em condições mais ácidas. Em outro ponto estudado, as ferramentas de predição demonstraram que a FCS apresenta mais α-hélice que estruturas β, o que pode ser confirmado por experimentos de dicroísmo circular. Com esses resultados foi possível ampliar o conhecimento sobre essas enzimas e avaliar o potencial biotecnológico delas.