INVESTIGANDO A NANOBIOINTERFACE: AVALIAÇÃO QUANTITATIVA, DINÂMICA E ESTRUTURAL DA ADSORÇÃO DE PROTEÍNAS PLASMÁTICAS SOBRE A SUPERFÍCIE DE MICELAS E VESÍCULAS POLIMÉRICAS
O desenvolvimento de nanocarregadores de agentes ativos geralmente necessita que estas entidades nanométricas tenham propriedades especiais tais como a biocompatibilidade e a estabilidade durante circulação no fluxo sanguíneo. Neste contexto, nanopartículas poliméricas (NPs) de elevada estabilidade em ambiente salino foram fabricadas a partir da auto-organização de uma variedade de copolímeros em bloco anfifílicos: PEO105-b-PLA236, PEO45-b-PLA174 e PHPMA35-b-PDPA42. Utilizando-se os protocolos de nanoprecipitação, reidratação de filmes finos (thin film re hydratation) e inversão de fase, foram obtidos sistemas poliméricos nanoestruturados com tamanhos variados na região 90-160 nm (vesículas) e de 30-60 nm (micelas). A estabilidade coloidal é resultado da presença de superfícies negativamente carregadas, bem como efeitos estéricos. As estruturas auto-organizadas foram detalhadamente caracterizadas utilizando-se técnicas de espalhamento de luz e microscopia eletrônica de transmissão. Na sequencia, foi investigado o comportamento dos sistemas poliméricos nanoestruturados em ambientes contendo proteínas modelo (BSA, lisozima e IgG). Os resultados experimentais mostraram que micelas e vesículas produzidas a partir de PHPMA35-b-PDPA42 são resistentes à adsorção proteica uma vez que a dimensão dos sistemas não é influenciada pela presença de biomacromoléculas no ambiente. Este fator deve estar relacionado ao caráter altamente hidrofílico do PHPMA que promove a formação de espessas camadas de solvatação na superfície das entidades evitando assim adsorção de proteínas. Por outro lado, sistemas fabricados a partir de PEO45-b-PLA174 são os mais suscetíveis à adsorção proteica. Os resultados mostram ainda que o fenômeno de adsorção proteica sobre a superfície de sistemas poliméricos nanoestruturados em solução é influenciado de maneira relevante pela espessura da coroa hidrofílica estabilizante, entretanto, a morfologia do agregado não parece exercer efeito proeminente. A adsorção proteica possui um perfil termodinâmico complexo onde processos endotérmicos e exotérmicos ocorrem simultaneamente. Por outro lado, os dados de espectroscopia de dicroísmo circular sugerem que a adsorção não altera a conformação das biomacromoléculas.