IMPACTO DA MODULAÇÃO DA VIA GLICOLÍTICA NO PERFIL GLOBAL DE ACETILAÇÃO DE HISTONAS EM EMBRIÕES BOVINOS PRODUZIDOS IN VITRO
Modificações do sistema in vitro de produção embrionária podem ser determinantes para o adequado desenvolvimento do embrião pré-implantacional. Modificações relacionadas ao metabolismo energético, como o aumento ou diminuição da disponibilidade de substratos, podem ter consequências não só na sobrevivência, mas também no controle molecular do embrião. No início do desenvolvimento, o piruvato e em certa medida lactato, glutamina e aspartato são os substratos preferenciais para geração de energia e, com o aumento da demanda energética após a ativação do genoma embrionário, o embrião passa a metabolizar glicose com maior eficiência, em especial pela maior atividade da via glicolítica. Por ela, o piruvato produzido é direcionado à mitocôndria, convertido a acetil-CoA, entrando no ciclo do ácido tricarboxílico. Um dos metabólitos gerados neste ciclo é o citrato, que pode ser novamente convertido a acetil-CoA no citoplasma e servir de precursor para a acetilação das histonas, modificando o padrão de transcrição gênica global da célula. A hipótese deste trabalho é que a modulação farmacológica da via glicolítica em embriões de bovinos produzidos in vitro pode levar a diferentes perfis de geração de citrato e acetil-CoA, interferindo no padrão de acetilação de histonas, alterando assim o seu perfil metabólico e a potência das células do blastocisto. Para isso, foi promovida a modulação da via glicolítica em embriões bovinos PIV com um inibidor da enzima gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase (G3PD), o iodoacetato de sódio (IA), bem como um inibidor da fosforilação da enzima piruvato desidrogenase (PDH), o dicloroacetato de sódio (DCA) a partir do momento da ativação maior do genoma embrionário (estádio de 8 a 16 células). Nestes modelos foram verificados: no meio de cultivo o consumo de glicose e piruvato; nos embriões o perfil de acetilação de H3K9 e H3K27 e as evidências metabólicas relativas ao funcionamento mitocondrial, geração de espécies reativas de oxigênio, geração de ATP e potencialidade das células. Nos embriões tratados com DCA, observou-se maior consumo de glicose, maior geração de ATP, ROS e atividade mitocondrial, seguida de um maior número de células totais e maior presença da acetilação de H3K27. Já nos embriões tratados com IA, obteve-se reduzida atividade mitocondrial e reduzida presença das acetilações H3K9 e H3K27, além de uma menor conversão a blastocisto seguida de uma maior relação entre TE: MCI, denotando que o metabolismo embrionário é capaz de alterar o perfil epigenético dos embriões bovinos a partir da modulação da geração de acetil-CoA.