EXPRESSÃO DA SURVIVINA EM MULHERES PORTADORAS DE ENDOMETRIOSE
Introdução: A endometriose é uma doença ginecológica comum, estrogênio-dependente,
caracterizada pelo crescimento e desenvolvimento de estroma e glândulas endometriais fora da
cavidade uterina levando a uma reação inflamatória crônica. O padrão-ouro para o diagnóstico é a
laparoscopia/laparotomia, contudo a possibilidade de se desenvolver métodos diagnósticos
específicos e não invasivos têm despertado grande interesse. A survivina, codificada pelo gene
BIRC5, é uma proteína que controla a divisão celular, inibe a apoptose e promove a angiogênese e
tem sido apontada como um potencial biomarcador. Objetivo: Avaliar a expressão do gene BIRC5
em mulheres com e sem endometriose em amostras de sangue periférico e endométrio eutópico.
Métodos: Estudo transversal que incluiu 64 mulheres com endometriose e 38 controles férteis sem
a doença. A análise em amostras de sangue periférico foi realizada em 36 mulheres com
endometriose (n=12 mínima/leve e n=24 moderada/grave) e 10 mulheres férteis sem endometriose
(controles) e as amostras foram colhidas nas fases folicular, ovulatória e lútea do ciclo menstrual. A
análise do endométrio eutópico incluiu 25 mulheres com endometriose (n=11 mínima/leve e n=14
moderava/grave) e 28 mulheres sem endometriose (controle) e as biópsias foram realizadas na fase
lútea do ciclo menstrual. A expressão do gene BIRC5 foi mensurada por RT-qPCR baseada na
metodologia TaqMan e o gene GAPDH foi utilizado como normalizador das reações. Os resultados
foram analisados pelo método 2-ΔCt. Resultados: A expressão de BIRC5 no sangue periférico nas
mulheres com endometriose foi maior que nos controles em todas as fases do ciclo menstrual.
Quando as mulheres com endometriose foram subdivididas de acordo com o estadiamento da
doença, a expressão de BIRC5 foi maior nas mulheres com endometriose em relação ao grupo
controle, independente do grau da doença. Considerando a expressão do gene BIRC5 no endométrio
eutópico, as mulheres com endometriose apresentaram maior expressão de BIRC5 em relação aos
controles. Quando comparamos as mulheres com endometriose de acordo com o estadiamento da
doença a expressão de BIRC5 foi maior na forma mínima/leve da doença. Os níveis de progesterona
foram positivamente correlacionados à expressão de BIRC5 no sangue periférico (rho=0,382,
p=0,045), enquanto os níveis de LH foram positivamente correlacionados à expressão de BIRC5 no
endométrio eutópico (rho=0,398, p=0,002) das mulheres com endometriose. Não encontramos
correlação entre a expressão de BIRC5 no sangue periférico e endométrio eutópico de mulheres com
endometriose (rho= 0,291, p=0,157). A expressão de BIRC5 no sangue periférico apresentou
acurácia de 88,7%, com sensibilidade de 97,2% e especificidade de 65,5%, enquanto que no
endométrio eutópico apresentou acurácia de 70,7%, com sensibilidade de 68,0% e especificidade
71,4%. Conclusão: O aumento da expressão do gene BIRC5 tanto no sangue periférico quanto no
endométrio eutópico de mulheres com endometriose pode indicar seu papel na proliferação celular,
o que pode estar intimamente ligado à sua atividade anti-apoptótica no desenvolvimento da doença.
Os achados sugerem que a expressão de BIRC5 pode ser um potencial biomarcador minimamente
invasivo no diagnóstico da endometriose.