Avaliação de Chlamydomonas reinhardtii como plataforma de produção de biofármacos e expressão de rhG-CSF
Os medicamentos considerados essenciais para a saúde pelo Programa de Assistência Farmacêutica do Sistema Único de Saúde (SUS) e que não são produzidos no Brasil, são importados pelo governo brasileiro e destinados para tratamento de doenças que precisam de uso contínuo, como é o caso do medicamento Filgrastima (rhG-CSF), que corresponde cerca de 40% do investimento do gasto com importação. O alto investimento para importação de biofármacos demonstra a importância de um investimento em plataformas de produção nacional. Cerca de 60% dos biofármacos atuais são produzidos por células de mamíferos, porém o custo elevado dessa plataforma demonstra a necessidade de busca por alternativas. A microalga Chlamydomonas reinhardtii passou a ser explorada em 2003 para a produção de proteínas terapêuticas, ano em que foi expresso o primeiro anticorpo aglicosilado neste microrganismo. Por apresentar cultivo simples, rápida replicação e genoma completamente sequenciado, esta microalga tornou-se um microrganismo modelo na área da biotecnologia. O presente trabalho foi, então, dividido em duas partes, a primeira apresenta uma análise quantitativa da literatura o que permitiu avaliar quantos artigos foram publicados na área, quem são os principais autores, quais as principais técnicas de transformação utilizadas, quais os principais tipos de proteínas expressas e os rendimentos finais dessas proteínas. Com os resultados desta análise, 72 trabalhos foram encontrados sendo 41 artigos experimentais, destes, o cloroplasto foi a organela mais utilizada para transformação gênica a partir da técnica de biobalística, e o psbA foi o promotor que apresentou maiores rendimentos finais de proteína recombinante. Na segunda parte, o projeto explorou a utilização desta microalga como plataforma de produção da proteína filgrastima através de trabalho experimental. Para isso, um vetor para cloroplasto contendo promotor psbA foi desenhado e a replicação de de DNA foi feita em bactérias E. coli, posteriormente, a transformação foi realizada em cloroplasto de Chlamydomonas reinhardtii pela técnica de biobalística e realizada uma PCR para o gene de interesse da proteína e para gene de resistência à Canamicina. Dos resultados é possível observar o crescimento da microalga transformada em Canamicina e PCR positiva para o gene de resistência ao antibiótico, porém não foi observado gene para a proteína de interesse. Com esses resultados torna-se necessário, ainda, identificar se a transformação de fato ocorreu para que posteriormente seja feita a extração e purificação do biofármaco.