Impacto do acordo TRIPs na balança internacional de pagamentos dos países.
A sociedade pós industrial surgida após a terceira revolução industrial alterou profundamente as relações de produção e a divisão internacional do trabalho. Se no início do século XX o que caracterizava o desenvolvimento de uma nação era a presença de um parque industrial amplo e avançado, o último quarto desse século é marcado, principalmente, pelas reformas econômicas realizadas a partir da década de 1970 (Chile, Reino Unido e EUA), com destaque para a migração da indústria pesada e de bens de consumo dos países centrais para países periféricos que ofereciam menores custos de mão de obra e legislação trabalhista mais frágil. Tal processo, apesar de ter permitido a ascensão de novos polos econômicos (com destaque para a China) foi acompanhado de um reforço contínuo das leis de propriedade intelectual em âmbito internacional. Assim, a perda de parte da riqueza gerada pela produção industrial feita agora pelos países periféricos pode ser compensada pelos fluxos financeiros provenientes diretamente das rendas obtidas pelas empresas multinacionais dos países centrais, entre elas das rendas derivadas dos pagamentos relativos aos direitos de propriedade intelectual (como os royalties provenientes de patentes exigidas para a atividade produtiva). A partir do debate sobre o papel dos direitos de propriedade intelectual no desenvolvimento econômico das nações periféricas, este projeto pretende mensurar a magnitude dos fluxos internacionais de riqueza derivados das cobranças pelo uso da propriedade intelectual entre países e regiões com objetivo de avaliar se estes fluxos são de fato apropriados pelos países do centro em detrimento dos países da periferia do sistema.