O CONCEITO DE COLLECTIVE SELF-RELIANCE COMO UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO PARA OS PAÍSES DO SUL
A trajetória internacional do chamado Terceiro-Mundo é marcada pela luta contra todo o processo de exclusões e assimetrias do sistema capitalista global. Os modelos e estratégias utilizadas variaram historicamente, mas ao menos até a década de 1960, muitos países acabariam seguindo políticas vinculadas à chamada economia do desenvolvimento. Paralelamente, ainda que a experiência soviética servisse de exemplo como modelo de desenvolvimento não-capitalista, havia a percepção de que algumas das políticas adotadas na URSS não eram coerentes com a realidade dos países periféricos. Nesse sentido, o que se nota é a busca por estratégias alternativas de desenvolvimento, que não se vinculam nem ao capitalismo e nem ao socialismo soviético. O maoísmo, na China, pode ser visto como uma dessas tentativas, especialmente pela originalidade e valorização do campesinato como ator central do processo de desenvolvimento. Em África, O Socialismo Africano aparece como parte desse movimento. Uma de suas formulações mais importantes foi a criada por Julius Nyerere, que a partir da noção de ujamaa, cria uma estratégia de desenvolvimento conhecida como self-reliance, e que teria como componente central a satisfação das necessidades básicas da população e a luta contra a dependência externa, sob a forma de utilização das próprias forças que o país possuía. A perspectiva de Nyerere ganharia corpo na virada dos anos 1960 para os anos 1970, diante do agravamento da crise internacional. É nesse momento que se formula o conceito de collective self-reliance como uma estratégia de desenvolvimento para os países do Sul. Analisamos aqui a evolução desse debate