Transformações na Estrutura Produtiva Industrial no Brasil: Globalização e Novo Imperialismo, 1980 a 2018
Este trabalho trata da desindustrialização brasileira no período de 1980 a 2018. Propõe oferecer uma interpretação deste fenômeno por meio de uma abordagem sistêmica, que caracteriza a Economia Política crítica como campo das Ciências Sociais. Para isso recorre às dimensões histórica, econômica, política e social relacionadas às transformações que sofreu a estrutura produtiva industrial brasileira nas duas décadas finais do século XX e nas duas primeiras décadas do século XXI. O marco temporal inicial desse estudo se deu pela sua dupla significação. O início dos anos 1980 é o período em que o neoliberalismo assume o protagonismo no centro do sistema capitalista mundial, por meio dos governos Thatcher (Reino Unido) e Reagan (EUA). Neste mesmo período o Brasil sucumbiu a uma crise econômica, com o colapso de sua dívida externa, que determinou o fim do seu processo de industrialização. A partir daí a indústria brasileira passou a apresentar indicadores da perda da sua importância relativa no produto agregado da economia e na pauta de comércio do Brasil com o resto do mundo. Ao mesmo tempo neste período, o capitalismo mundial, sob o ideário neoliberal, promoveu a liberalização e a desregulamentação dos fluxos de capitais internacionais, concorrendo para uma ampla reorganização espacial da produção. Isto teve impacto sobre a posição da indústria brasileira internacionalmente. Segundo François Chesnais a dominância do capital altamente concentrado em sua forma monetária, portadora de juros, que opera nos mercados financeiros mundiais, reproduz o fetiche do dinheiro, mas é totalmente dependente da mais-valia e da produção. O imperialismo contemporâneo se expressa por meio da globalização do capital, e suas operações estabelecem um sistema hierarquizado dos Estados, que determina a inserção de cada um no sistema produtivo capitalista mundial. Esta hierarquia estaria fundada na dominância da estrutura de mercado oligopólica e na concentração do capital monetário. A proposta aqui é verificar se é possível identificar elementos da subordinação do Brasil no sistema interestatal, investigando a prevalência das formas de mercado oligopólicas, seu grau de desnacionalização, e o grau de dependência macroeconômica do Brasil em relação ao fluxo de capitais externos. Apresentaremos uma revisão sobre a discussão a respeito da desindustrialização e detalharemos o referencial teórico sobre as novas formas do imperialismo e a globalização. Com a análise dos dados por intermédio da interação com o referencial teórico, apresentaremos novas questões, apontando o seu aprofundamento em investigações futuras.