Teletrabalho, plataformas digitais e suas repercussões entre Servidores Federais Técnicos Administrativos do Instituto Federal São Paulo lotados na Reitoria e Campos São Paulo
O teletrabalho é uma forma de trabalho remoto que permite realizar atividades profissionais à distância. No ano de 2020, com a pandemia da Convid-19, o Governo Federal brasileiro, acompanhando medidas adotadas em diferentes países, viabilizou a adesão ampla, entre servidores, ao trabalho na modalidade remota por meio do Programa de Gestão e Desempenho (PGD). A instituição do PGD fez-se acompanhada da criação de uma estrutura de implementação e de acompanhamento da produtividade laboral dos servidores, entre eles, aqueles lotados em Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Esse processo de adesão ao teletrabalho, ainda que necessário no contexto pandêmico, também suscitou tanto ao longo da pandemia como no período posterior importantes discussões em torno do potencial desta modalidade de trabalho na acentuação das distintas formas de precarização das condições e situações laborais. Tendo a adesão ao teletrabalho se convertido em realidade, muitas vezes reivindicada como capaz de dialogar com necessidades cotidianas de parcela dos servidores públicos, este estudo parte do seguinte questionamento: quais repercussões do avanço da plataformização do trabalho e do trabalho digital no serviço público brasileiro no contexto pandêmico e pós-pandêmico e seus desdobramentos tanto em relação a direitos historicamente conquistados pelos servidores federais como em relação à ampliação de formas de flexibilização e precarização da atividade laboral? Parte-se da hipótese de que embora a adesão ao teletrabalho dialogue com necessidades cotidianas de parcela dos servidores públicos, esta tende a potencializar formas de precarização do trabalho já presentes no serviço público federal e na atividade laboral dos/as Técnicos Administrativos dos IFES. Na busca por responder ao questionamento proposto, o estudo tem como objetivo principal investigar o processo de inserção e normatização do regime de teletrabalho no serviço público federal, observando a dinâmica de digitalização e plataformização das atividades laborais entre técnicos administrativos da Reitoria e Campus São Paulo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) e suas possíveis expressões no que os estudos do trabalho têm denominado como precarização do laboral. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa tem por fundamento a abordagem histórico-dialética. Trata-se, de um estudo de caso, de natureza explanatória (exploratória e descritiva), com desenvolvimento de pesquisa de campo e com uso de instrumentos da pesquisa qualitativa, delimitada temporalmente entre 2022-2024. Visando alcançar o objetivo proposto, a coleta de dados de pesquisa será desenvolvida a partir de fontes primárias e secundárias. As primárias serão obtidas por meio de entrevistas com servidores vinculados ao (PGD), que utilizam o teletrabalho. Essas entrevistas serão conduzidas com um roteiro de questões abertas visando obter uma compreensão aprofundada das implicações relacionadas à adesão ao teletrabalho na Instituição. A amostra será de tipo não-probabilística e baseada no método “bola de neve”. Já as secundárias serão compostas por fontes bibliográficas e documentais relacionadas à temática. A análise dos dados coletados pelas entrevistas será realizada por meio de categorias temáticas a fim de observar as condições e situações de desenvolvimento da atividade laboral em teletrabalho, sem perder de vista as especificidades relacionadas ao perfil dos entrevistados, às atividades profissionais desenvolvidas e aos marcadores de gênero.