Feminismo ao Sul da Fronteira: implicações entre neoliberalismo e feminismo popular
Este trabalho parte da emergência de movimentos de mulheres que se voltam contrariamente aos aspectos do avanço neoliberal, constituindo uma onda de grandes manifestações feministas no contexto do sul global e ampliando os chamados Feminismos do Sul. Dada a amplitude do termo “Feminismo do Sul”, que abarca tanto os movimentos africanos, o mundo árabe, o contexto indiano, os feminismos do extremo oriente ou mesmo as experiências do “feminismo latino-americano”, este último que exigiria uma análise de redes ativistas desde Ciudad Juárez no México até Ushuaia na Argentina, toma-se, aqui, em específico, o feminismo que se desenvolveu no Cone Sul e na interligação e integração entre as redes brasileiras, argentinas e chilenas, países nos quais se produziram movimentos síncronos de contestação, influenciando-se mutuamente no desdobrar da denominada quarta onda feminista. Busca-se, para tanto, saber como se estabelecem as conexões, as especificidades e as pautas de uma parte do feminismo sulamericano, que tem sido lida sob o rótulo de “feminismo popular”. A análise será feita considerando as experiência das seguintes organizações: Marcha Mundial das Mulheres, no Brasil, Ni Una Menos, na Argentina e Las Tesis, no Chile. Do ponto de vista metodológico, serão feitas análises de publicações oficiais dos movimentos estudados, encontrados em periódicos, portais digitais, além de seus manifestos. Serão realizadas ainda entrevistas semi-estruturadas com integrantes dessas organizações em que se busca por em diálogo demandas, posicionamentos e experiências, visando identificar traços em comum e especificidades que demarcam os feminismos sulamericanos. Busca-se, a partir da análise sistemática dos materiais estudados e das entrevistas transcritas, a demarcação da organização, seus posicionamentos e suas demandas.