O ESTADO NAS TEORIAS DESENVOLVIMENTISTAS E DEPENDENTISTAS LATINO-AMERICANAS
Dentro da discussão do desenvolvimento (ou a sua ausência) na América Latina destacam-se duas contribuições teóricas que exerceram grande impacto no debate local sobre o tema: o desenvolvimentismo (ou estruturalismo) da CEPAL e as teorias da dependência, produzidos entre os anos 1950-1980. Partindo do reconhecimento que a problemática do desenvolvimento, abordada na produção literária desenvolvimentista e dependentista latino-americana, refletia mais sobre a dimensão econômica do assunto, deixando uma lacuna a respeito da dimensão política, e, consequentemente, da questão do Estado, nós nos propusemos a examinar a concepção de Estado adotada por essas escolas do pensamento. De maneira geral, cabe perguntar: o que os estruturalistas e os dependentistas entendem por Estado? Qual o conceito de Estado que está arraigado nas suas análises sobre a dinâmica econômica e social da América Latina? Existem elementos da estrutura do Estado que se modificam nos países periféricos/dependentes dessa região? De maneira a delimitar a vasta bibliografia disponível dentro dessas perspectivas, nós elegemos um representante de cada escola/vertente do pensamento latino-americano, utilizando o critério de selecionar obras e autores que dialogavam entre si ou se referenciavam. Foram estes: Raúl Prebisch, Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto, e Ruy Mauro Marini. Com vista a fundamentar teoricamente nossa investigação, revisamos as teorias do Estado de Hobbes, Locke e Rousseau, Weber, Marx, Lênin e Poulantzas.