“'TEM MAIS IGREJA DO QUE SUPERMERCADO': o surgimento de uma 'indústria religiosa' à luz da mercantilização de bens e serviços religiosos"
O presente trabalho tem como objetivo analisar se a comercialização de bens e serviços religiosos no Brasil desencadeia uma “indústria religiosa”. O capítulo aqui apresentado mergulha na história para entender as origens do fenômeno da comercialização de bens e serviços religiosos, utilizando os modos de produção como marco temporal, uma vez que foi observado que rupturas no sistema de produção significaram também rupturas e ascensões de instituições religiosas. A ideia de indústria religiosa é desenvolvida a partir da ideia de indústria cultural, que tem no sistema de produção capitalista o seu embasamento. Tem como hipótese que a ascensão do movimento neopentecostal e o desenvolvimento de uma teoria da prosperidade criam um ambiente ideal para se visualizar como instituições religiosas acabam se adaptando a esse sistema, sendo a Igreja Universal do Reino de Deus um exemplo desse processo. Partindo do pressuposto de que o objeto de pesquisa possui um caráter contraditório entre a prática e a doutrina, buscamos compreender as duas faces do problema, isto é, se por um lado há uma instituição cada vez mais capitalizada e secular, por outro essas instituições religiosas cumprem o papel do estado onde ele se faz ausente. Para os dois capítulos a serem desenvolvidos posteriormente, caberá uma análise das receitas dos templos religiosos no Brasil tendo como recorte temporal os anos de 2006 a 2018, esse período é justificado pelos registros de dados da Receita Federal datados a partir do ano de 2006. No último capítulo será realizada uma análise de um nicho específico dessa indústria, a indústria fonográfica gospel, com o mesmo recorte temporal do capítulo anterior.