A infraestrutura Verde como componente do saneamento (ambiental): uma análise sobre casos e recomendações para implementação no contexto brasileiro.
O modelo de desenvolvimento econômico global, experimentado desde o final do século XX, tem induzido dentre várias transformações, a uma contínua concentração populacional em áreas urbanas. O resultado dessas transformações se encontra nos níveis de degradação ambiental em patamares inéditos, potencializada pelo quadro de mudanças climáticas. Tal crise, tem desafiado a acadêmicos, gestores públicos e planejadores a rever conceitos e concepções forjadas pelo modernismo vigente na metade do século XX, especialmente em países desenvolvidos, superando a crença que os avanços tecnológicos de entrão traria conforto e desenvolvimento a todos. A busca de processos que tentam mediar as mudanças antrópicas causadas pela construção de cidades, com os processos ecológicos não é uma novidade: tem sido experimentado a séculos, mas ganhou força a partir do final dos anos 1990, especialmente nas cidades do Norte Global, através de um espectro amplo de movimentos, métodos e técnicas que, em comum, enaltecem uma radical ampliação da vegetação em meio urbano. Desses conceitos emergentes, a infraestrutura verde é o mais estudado e aplicado, traz a lógica da ecologia da paisagem para o meio urbano carregando em si as características da multifuncionalidade e da abordagem multiescalar, e por meio de um bom design, procura mediar processos que sempre estiveram em oposição. No entanto, este conceito ainda não é plenamente difundido pelos países do Sul Global, apesar de algumas experiências isoladas que têm demonstrado certas características peculiares ao que está sendo desenvolvido em relação ao Norte Global. Essas experiências registradas podem fornecer subsídios importantes para projetos e programas futuros, inclusive como sistema de apoio ou até mesmo como a própria infraestrutura de saneamento, especialmente no que tange os componentes de drenagem e esgotamento sanitário. Tendo como base esses pressupostos, esta pesquisa desenvolve a revisão teórica e conceitual do termo “infraestrutura verde” buscando entender o seu significado no Sul Global, especialmente na América Latina, ao mesmo tempo em que analisa com base nesse escopo teórico/metodológico, experiências em pequena escala que foram implantadas em cidades da região conhecida como Macrometrópole Paulista, no Estado de São Paulo, Brasil.