CONFLITOS NA MACROMETROPOLIZAÇÃO PAULISTA DAS ÁGUAS: a formação discursiva do conceito de risco (financeiro e ecológico) da crise de abastecimento de 2013-2015
Objetivo. Esta pesquisa intenta analisar as relações de poder que percorrem da crise de abastecimento de 2013-2015 à gestão financeirizada da SABESP. Trata-se de uma analítica do poder dos acontecimentos conflituosos na macrometropolização paulista das águas, por meio de análise do discurso foucaultiana do conceito de risco em face das vulnerabilidades climáticas e da crise de gestão dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário (SAEs). Metodologia.A formação discursiva do conceito de risco é o fio condutor de análise das práticas discursivas e não-discursivas entre os sujeitos envolvidos. Primeiro, as práticas serão analisadas como campos de batalhas próprios: as decisões de gestão do Sistema Cantareira; os Comitês de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí; os movimentos sociais; a imprensa; o sistema de justiça; e a prestação de contas da SABESP aos investidores. Segundo, serão analisadas as relações interdiscursivas com o objetivo de localizar os conflitos de ideias entorno dos enunciados que envolvem as acepções do conceito de risco. Terceiro, serão analisados os processos de transformações das práticas, de acordo com o que Michel Foucault denominou por análise extradiscursiva, a fim de analisar os jogos de dependência e de interdições discursivas (2013, p. 8-9; 1999b, p. 9). Em relação a cada campo de batalha, as práticas serão consideradas de acordo com os elementos da formação discursiva: objeto, sujeito, enunciado e domínio associado (FOUCAULT, 2008a, p. 35 e ss.). Problema. Como as condutas dos dirigentes da SABESP são conduzidas em face dos riscos em relação, de um lado, a crise de abastecimento de água durante os anos de 2013-2015 e, de outro, práticas são orientadas na relação com os investidores? Teoria.O marco teórico que possibilita esta discussão crítica se encontra na interface das agendas de pesquisa da Ecologia Política e da Financeirização que, segundo diversos matizes teóricos, vem confrontando as formas de privatização, de comercialização e de comoditização da água, como formas de normalização da gestão das coisas e das condutasque pressupõem a lógica de mercado na prestação de serviços públicos e a desconsideração de suas relações com a questão democrática e do poder político. Esta pesquisa dará atenção àquela produção teórica da Ecologia Política e da Financeirização que dialoga com as ideias sobre a “arte de governar” de Michel Foucault. O resultado desta pesquisase constitui na própria narrativa reflexiva da tese sobre como as formas concretas das estruturas e racionalidades de dominação do acesso aos SAEs são engendradas pelas sociedades no capitalismo da financeirização. A formação discursiva do conceito de risco, no contexto da financeirização dos SAEs na macrometropolização paulista das águas, possibilita analisar como as condutas dos dirigentes da SABESP são conduzidas em face dos riscos em relação, de um lado, a crise de abastecimento de água durante os anos de 2013-2015 e, de outro, práticas são orientadas na relação com os investidores.