O Ciclo Hidrossocial como Ferramenta de Análise: O Caso da Tríplice Fronteira (Mato Grosso do Sul - Paraná - São Paulo)
A relação entre água e o planejamento regional no Brasil estreitou-se a partir da década de 1940, sob a atuação do Estado nos planos de desenvolvimento regional. Neste contexto, a área da tríplice fronteira estadual do Mato Grosso do Sul – Paraná – São Paulo, conformado pelos rios Paraná e Paranapanema, passou a ser incluído nos planos de desenvolvimento regional a partir da década de 1950, acarretando, nas décadas seguintes, a implantação de duas usinas hidrelétricas na região: a UHE Porto Primavera e UHE Rosana. Sob a perspectiva da Ecologia Política, este trabalho tem por objetivo analisar as reconfigurações das dinâmicas territoriais na tríplice fronteira a partir da construção da UHE Porto Primavera (1979-1998), estabelecendo a água como o elemento central e estrutural da análise, a partir do conceito do ciclo hidrossocial. O ciclo hidrossocial enquanto alternativa ao conceito do ciclo hidrológico, parte do princípio de que o ser humano intervém no ciclo da água, em uma relação de coprodução com outros agentes – humano e não-humano – do ciclo, em um processo contínuo de metabolização da água. Desta forma, é proposto um sistema de análise com objetivo de captura do ciclo hidrossocial no tempo/espaço nos estudos de caso. A sua aplicação no caso da tríplice fronteira (MS-PR-SP) demonstra que estabelecer a água como o elemento central e condutor da análise, possibilitou sintetizar uma narrativa dos principais processos de reconfigurações das dinâmicas que estão intimamente relacionados, imbricados, associados na produção da água e do território.