Modelos financeiros para o planejamento em tempos de austeridade
As experiências de financeirização dos mais diversos setores da vida moderna se mostram como uma tendência nos últimos anos, e, no contexto do planejamento territorial e urbano, essa situação não é diferente. Seja na implantação de grandes projetos urbanos, utilizando-se de fundos e títulos para capitalização de empreendimentos, seja na criação de operações urbanas consorciadas, de novos projetos de intervenção urbana e de empresas públicas de securitização, seja ainda nas concessões de terrenos para habitação social ou nas privatizações de sistemas de infraestrutura, parecem onipresentes as iniciativas de remodelar e reestruturar o espaço do século XXI por meio de instrumentos financeiros. Há uma confluência de projetos apontando a necessidade de soluções colaborativas, mas que, frente a uma busca por “austeridade”, acabam assumindo uma linguagem financeirizada de remodelagem do espaço, colocando em xeque a própria capacidade de atuação do planejador em detrimento da viabilidade do lucro e da especulação. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é coletar, levantar, sistematizar e investigar experiências de financeirização desde as suas origens, a fim de que, no exercício de sua sistematização, seja possível entender melhor suas dinâmicas e tendências.