QUEREM ME TIRAR DA MINHA CASA! O papel de grupos acadêmicos nos processos de resistências às remoções forçadas na cidade contemporânea
Nos últimos anos temos observado o aumento do número de grupos acadêmicos que têm atuado junto a grupos ameaçados de remoção por meio de projetos de extensão ou de pesquisa-ação. Esses grupos têm trabalhado no sentido de compor redes de resistência e solidariedade às famílias atingidas e operam a partir da mobilização de instrumentos do planejamento urbano convencional e contra-hegemônico, com o propósito de construir contra-narrativas de luta por uma permanência qualificada dessas famílias. Nesse sentido, a pesquisa tem como objetivo analisar criticamente o papel dos grupos acadêmicos nos processos de luta pela resistência de famílias ameaçadas de remoção, questionando como esses grupos operam e qual sua contribuição nesses processos. Para isso, a tese utilizou a abordagem metodológica da pesquisa-ação e dos princípios da educação popular, por meio da análise de três casos selecionados, nos quais a autora acompanhou nos últimos anos. A análise sobre as três experiências mostra que mobilizar instrumentos do planejamento não impede, necessariamente, que remoções aconteçam, mas contribui para alcançar vitórias parciais fundamentais. Além disso, possibilita que a construção de instrumentos de luta não se resuma a discussão sobre a produção do espaço urbano, mas também sobre a construção de autonomia e de empoderamento, propondo outras formas de pensar e intervir na cidade. Por fim, nota-se que esses processos transformam também os próprios grupos acadêmicos que, ao acompanhar e intervir com postura engajada, terminam, não apenas afetando, mas também sendo afetados e tensionando o papel da própria universidade.