Segundas residências e desigualdades na produção do espaço urbano litorâneo: análise e simulação de dinâmicas residenciais no município de Praia Grande (SP), Brasil.
As ocupações de segundas residências são altamente disseminadas ao longo das grandes aglomerações da costa brasileira. Mesmo com as controvérsias existentes, tal fenômeno é respaldado por características positivas no território, entre elas, benefícios para as economias regionais, estímulo ao valor patrimonial e cultural do território. Por outro lado, o fenômeno é questionado em virtude de acentuar o ritmo dos processos de especulação imobiliária e segregação espacial. A pesquisa objetiva compreender as dinâmicas do uso do solo, com ênfase nos espaços formais e informais de moradias e no impacto das segundas residências, na busca de aperfeiçoar estratégias de suporte ao planejamento territorial para tomada de decisão, por meio da modelagem e simulação computacional. A modelagem tem demonstrado grande potencialidade na análise das mudanças do uso do solo no espaço e tempo, sob a ótica de estruturar discussões, construir cenários, gerar hipóteses com fins a contribuir para os atuais desafios da agenda dos planejadores urbanos. A investigação dos padrões espaciais das transformações ocorridas no município de Praia Grande (SP) entre 2000 e 2010 e a construção dos cenários “tendencial” e “pessimista” resultaram em um prognóstico de continuidade no crescimento urbano baseado na segregação e exclusão social. Os resultados subsidiaram a construção, também, do cenário “otimista” como apoio à reflexão sobre as práticas de planejamento urbano por meio do seu zoneamento como visão propriamente dita. A pesquisa evidenciou que Praia Grande (SP), mesmo diante de processo de diminuição da representatividade das segundas residências, vem perdendo a oportunidade de fortalecer e incorporar à cidade a população mais vulnerável de baixa renda de forma mais justa e democrática.