“NASCEM OS NOVOS PROJETOS URBANOS”: UMA PESQUISA EXPLORATÓRIA DOS PIUs
Considerando a atual configuração do planejamento urbano na cidade de São Paulo e principalmente a disputa em busca do controle e direcionamento da política urbana, a presente pesquisa explora os diversos interesses que giram em torno dos Projetos de Intervenção Urbana (PIUs), bem como os seus possíveis efeitos no processo de redesenvolvimento urbano. Analisamos a emergência dos PIUs como uma nova etapa na trajetória do planejamento urbano no município de São Paulo, que aprofunda e proporciona maior discricionariedade e flexibilidade no financiamento, na intervenção física e na regulação do ambiente construído por meio do projeto urbano. Desta forma, exploramos a epistemologia dos PIUs – seus significados, limites e as novas oportunidades – à luz de seus objetivos formais, no sentido de proporcionar maior racionalidade instrumental-comunicativa ao projeto urbano, de um lado, e da trajetória contraditória, marcada pela seletividade socioespacial de experiências anteriores, de outro. Investigamos a trajetória do novo instrumento, principalmente para contribuir para a reflexão crítica sobre as novas agendas da política urbana, bem como a transformação da própria prática nas cidades brasileiras.
Com a finalidade de compreender as complexas dinâmicas socioespaciais envolvendo a atual configuração dos PIUs na cidade de São Paulo, realizamos uma pesquisa documental e levantamento de fontes em meios de comunicação especializados, entrevistas e sistematização dos processos de projetos em andamento.
A partir deste estudo exploratório conclui-se que há uma continuidade na política urbana do município baseada na seletividade espacial, onde o planejamento se dá a partir de territórios de exceção, e que por mais que tenham ocorrido mudanças contextuais e de agentes, ainda é um processo comandado e impulsionado por interesses privados. Em síntese, é possível afirmar que o PIU emerge de uma sequência de instrumentos baseados em lógicas permissivas, com a normalização da exceção, atrelado à generalização da urbanização urbanística como novo dispositivo no campo do planejamento, com um conflito incessante entre o interesse público e os interesses privados: um formato novo, baseado em uma lógica antiga.