A contribuição das cohousing para o desenvolvimento urbano: contradições, desafios e pontencialidades
A presente pesquisa tem como objetivo analisar as cohousings, comunidades intencionais colaborativas, e busca responder às seguintes questões de investigação: a cohousing enquanto proposta de produção coletiva de habitação é um caminho para a “desmercantilização” da moradia? Em que medida esse modelo de moradia materializa-se em experiências concretas? Pretende-se ampliar e aprofundar o debate acadêmico sobre o tema, fornecer contribuição relevante aos grupos em formação para constituição de projetos de cohousing, especialmente no Brasil, bem como a diferentes segmentos profissionais. Visa-se também estimular ações propositivas e novos arranjos diante da problemática da habitação. A partir de uma revisão da literatura, associada a uma análise documental, é contextualizado o surgimento das cohousings no panorama habitacional da década 60, na Europa e na América Latina. Em um segundo momento, problematiza-se como as comunidades inserem-se no mercado contemporâneo da habitação, dialogam com a questão dos bens comuns e abordam a temática da sustentabilidade socioambiental no cenário neoliberal. Por fim, é apresentado um panorama de como o conceito e o modelo vêm se desenvolvendo na última década na América Latina e, em maior destaque, no Brasil. Para os casos brasileiros foi realizada pesquisa empírica por meio de entrevistas semiestruturadas. São ainda apresentadas experiências que sinalizam alternativas no campo da habitação, em especial a comunidade de La Borda, na Espanha, e a Vila ConViver, no Brasil. Isto posto, infere-se que a desmercantilização da habitação por meio das cohousings não é possível de forma integral. No caso brasileiro, visto que o ordenamento jurídico está voltado à defesa da propriedade individual o desafio é ainda maior, sendo este um dos principais entraves para a transformação da cultura habitacional. Entretanto, mesmo com as contradições e desafios apresentados, a arquitetura social de uma cohousing é sua maior valia e, portanto, seu potencial está nas práticas do fazer-comum enquanto obra coletiva e no resgate de princípios e valores constantemente destruídos pela mercantilização praticada pelo neoliberalismo.