Os megaeventos esportivos e o conflito entre o “velho” e o “novo” na preservação de estádios listados como patrimônio urbano: o caso do Maracanã
Os estádios olímpicos e os estádios onde foram disputadas as partidas finais da Copa do Mundo da FIFA são instalações esportivas singulares, que superam o desempenho de suas funções primárias e a natureza efêmera dos megaeventos em que foram empregados, se convertendo em símbolos das cidades onde estão inseridos. Consequentemente, alguns desses equipamentos foram reconhecidos e listados como patrimônio urbano. Contudo, ao mesmo tempo em que legitimou valores culturais, o arrolamento desses bens também trouxe um grande desafio: a preservação deles. Nesse contexto, o estádio do Maracanã, um dos mais reconhecidos do mundo no âmbito do futebol, constitui um objeto para farta análise crítica. Se, por um lado, ele representa um símbolo nacional e, sobretudo, do Rio de Janeiro, pelo outro, ele foi considerado obsoleto para sediar os megaeventos ambicionados pela cidade, sendo submetido à uma série de intervenções para receber o Campeonato Mundial de Clubes de 2000, os Jogos Pan-Americanos de 2007, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Levando em conta que o Maracanã é um bem tombado, tanto na esfera federal como na municipal, o caráter dessas intervenções é questionado pois, ao mesmo tempo em que promoveram sua modernização, descaracterizaram o estádio, o que ainda é matéria de um intenso debate no Brasil. Desse modo, o objetivo deste estudo consiste em identificar e compreender o processo de renovação do Maracanã, a partir da análise do conflito entre a padronização dos estádios empregado nos megaeventos esportivos e sua preservação enquanto patrimônio urbano na cidade do Rio de Janeiro.