CARTOGRAFIAS EM DISPUTA: ALTERNATIVAS AO PLANEJAMENTO URBANO
As cartografias sempre estiveram em disputa, entretanto, essas disputas se tornaram ainda mais evidentes a partir do alargamento do campo cartográfico, promovido inicialmente pelas cartografias sociais e ampliado posteriormente com a entrada das tecnologias digitais de mapeamento. Dentre as inúmeras disputas em torno cartografia, nas últimas duas décadas verificamos a emergência de ativismos cartográficos onde ativistas e pesquisadores produzem mapeamentos para denunciar violações de direitos, viabilizar redes de solidariedade e construir planos populares. Serão apresentadas ao longo dessa tese duas experiências de ativismos cartográficos, que são também registros de uma pesquisa-ação, onde o autor é sujeito ativo das experiências descritas. A hipótese central dessa pesquisa é de que: no interior de experiências de ativismos cartográficos se desenvolvem alternativas ao planejamento urbano. Para tanto, parte do pressuposto que não basta incorporar essas experiências cartográficas no modelo de planejamento urbano estatal vigente, mas que a elaboração e execução do planejamento nas cidades constituam-se como processo político pedagógico, no qual as técnicas de mapeamento estejam à disposição dos grupos que vivem ou atuam nos territórios, sempre respeitando a autonomia individual e coletiva, ou seja, a condição das pessoas decidirem sobre o destino do seu território. As experiências descritas proporcionam leituras territoriais que se contrapõem aos diagnósticos urbanísticos tradicionais, na maioria das vezes genéricos e descolados do território. Para tanto mobilizam escalas, conhecimentos e narrativas, que embora ignoradas pelos planos urbanísticos, são fundamentais para a configuração de planos populares e alternativas ao planejamento urbano.