TAY, a robô feminizada fascista: um estudo de caso e a contribuição da crítica feminista da tecnologia.
O objetivo desta dissertação de mestrado é refletir de maneira social e filosófica sobre o caso da robô feminizada fascista e colocar este caso como ponto de partida para discussões sobre a tecnologia e a sociedade. A expressão “robô feminizada fascista” refere-se a um software de simulação de diálogo chamado “TAY”, construído com persona feminizada pela empresa Microsoft em março de 2016. Em menos de um dia de atividade pública, o dispositivo saiu do controle corporativo e foi cooptado por grupos políticos que exploraram de forma estratégica as propriedades de aprendizado da máquina. Como resultado desses esforços específicos, o software disseminou conteúdos racistas, antissemitas, misóginos, eleitorais e de cunho sexual explícito na rede social Twitter. Para pensar sobre as implicações sociais da tecnologia, a dissertação se divide em três momentos: no primeiro, busco construir uma narrativa reflexiva dos fatos, informada por outros relatos e por materiais de imprensa da época; no segundo momento, coloco ideias que surgem desta interpretação do caso, centradas na hipótese filosófica e social da não neutralidade da tecnociência; no terceiro momento, desenvolvo essa hipótese a partir da sociologia da tecnologia e do tecnofeminismo tal como articulados nos trabalhos de Judy Wajcman. Enquanto a dissertação assume e aspira a um caráter interdisciplinar, ela também pretende exercitar o olhar crítico e historicamente informado com relação ao mundo contemporâneo. Assim, este trabalho pretende mostrar a importância da reflexão sobre os objetos tecnológicos concretos a partir das epistemologias feministas.