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Dissertações |
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RAFAEL GANDARA D'AMICO
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Qual é o Marx de Foucault? Os usos de Marx por Foucault: neoliberalismo e contraconduta
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Orientador : CARLOS EDUARDO RIBEIRO
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Data: 26/02/2024
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D`AMICO, R.G., Qual é o Marx de Foucault? Os usos de Marx por Foucault e o diagnóstico do presente neoliberal.
O presente trabalho busca problematizar e desdobrar a afirmação de Michel Foucault em seu curso Nascimento da biopolítica, qual seja, que o neoliberalismo é algo diferente, que não é a sociedade retratada no Livro I do Capital, de Karl Marx. Recorrendo a essa passagem específica, o trabalho examina com mais exatidão qual é essa rejeição que Foucault faz de Marx no interior de seu curso Nascimento da biopolítica. Inicialmente, para tratar da questão, buscamos compreender se Foucault rejeita o marxismo, parcela dele, o Livro I do Capital ou parcela dele, Marx ou apenas parte de sua obra. Nesse primeiro momento, com apoio nos Ditos e escritos e nos cursos A sociedade punitiva e Em defesa da sociedade, avaliamos se, em alguma medida, Marx subsiste para Foucault. Em um segundo momento, a análise foca no lugar de Marx na análise foucaultiana do neoliberalismo. Em ambos os casos, o fio condutor da análise é a leitura que Foucault faz da noção de luta classes vindas de Marx e alguns marxistas, bem como quais são os limites dessa leitura. Ainda, nesse segundo momento, analisamos se a influência de Marx continua nos autores que se inspiram em Foucault para analisar o neoliberalismo. Por fim, com o ferramental acumulado no segundo momento do trabalho, tensionando com a chave de leitura vinda do próprio Foucault, assim como de alguns daqueles que chamamos de seus discípulos, pretendemos analisar de modo prospectivo como se desenrolam as contracondutas na sociedade neoliberal, como pode ocorrer essa luta contra os procedimentos estabelecidos para conduzir os outros.
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D`AMICO, R.G., Qual é o Marx de Foucault? Os usos de Marx por Foucault e o diagnóstico do presente neoliberal.
O presente trabalho busca problematizar e desdobrar a afirmação de Michel Foucault em seu curso Nascimento da biopolítica, qual seja, que o neoliberalismo é algo diferente, que não é a sociedade retratada no Livro I do Capital, de Karl Marx. Recorrendo a essa passagem específica, o trabalho examina com mais exatidão qual é essa rejeição que Foucault faz de Marx no interior de seu curso Nascimento da biopolítica. Inicialmente, para tratar da questão, buscamos compreender se Foucault rejeita o marxismo, parcela dele, o Livro I do Capital ou parcela dele, Marx ou apenas parte de sua obra. Nesse primeiro momento, com apoio nos Ditos e escritos e nos cursos A sociedade punitiva e Em defesa da sociedade, avaliamos se, em alguma medida, Marx subsiste para Foucault. Em um segundo momento, a análise foca no lugar de Marx na análise foucaultiana do neoliberalismo. Em ambos os casos, o fio condutor da análise é a leitura que Foucault faz da noção de luta classes vindas de Marx e alguns marxistas, bem como quais são os limites dessa leitura. Ainda, nesse segundo momento, analisamos se a influência de Marx continua nos autores que se inspiram em Foucault para analisar o neoliberalismo. Por fim, com o ferramental acumulado no segundo momento do trabalho, tensionando com a chave de leitura vinda do próprio Foucault, assim como de alguns daqueles que chamamos de seus discípulos, pretendemos analisar de modo prospectivo como se desenrolam as contracondutas na sociedade neoliberal, como pode ocorrer essa luta contra os procedimentos estabelecidos para conduzir os outros.
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PAULO RICARDO BARBOSA DE LIMA
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VIDA NOS TRILHOS : corpo, vida nua e sobrevivência a partir de Giorgio Agamben
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Orientador : CARLOS EDUARDO RIBEIRO
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Data: 27/02/2024
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A presente dissertação investiga como a vida nua se reinsere na contemporaneidade e como contribui para a análise das relações de cálculo e sobrevivência dos corpos. Utilizando a travessia ferroviária de milhões de trabalhadores que se deslocam cotidianamente entre a periferia e o centro da cidade de São Paulo, a pesquisa revisa o conceito de vida nua em Giorgio Agamben, especialmente no interior de seu projeto filosófico Homo Sacer, relacionando-o ao que o autor designa como paradigma biopolítico contemporâneo, isto é, aos campos de concentração e ao estado de exceção permanente, que se alastra pelas sociedades complexas do início deste século XXI. A hipótese é de que, se o corpo-máquina é produzido no contexto anátomo-político disciplinar e o corpo-espécie no contexto biopolítico, logo um novo tipo de corpo é requerido no contexto em que ambas as tecnologias se entrecruzam. Com efeito, nessa zona de indiferenciação em que as técnicas de individualização e os procedimentos totalizantes se tocam, emerge o corpo sobrevivo, como categoria política mais adequada para apreender as formas com que as vidas nuas são desigualmente expostas à extração de vitalidade e, consequentemente, ligadas à estrutura de reprodução da própria exceção. Em outras palavras, o processo de centralização da vida nua nos cálculos do poder se incumbe de fazer sobreviver um corpo em prontidão, que se põe à serviço do paradigma que o governa, internalizando assim as disciplinas, autodisciplinas, as tecnologias biopolíticas e de controle. Coagido por dentro e por fora, esse corpo é alocado por critérios racistas em verdadeiras zonas infernais de guerra que possibilitam uma maior extração de suas forças, fechando, assim, o horizonte da experiência.
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A presente dissertação investiga como a vida nua se reinsere na contemporaneidade e como contribui para a análise das relações de cálculo e sobrevivência dos corpos. Utilizando a travessia ferroviária de milhões de trabalhadores que se deslocam cotidianamente entre a periferia e o centro da cidade de São Paulo, a pesquisa revisa o conceito de vida nua em Giorgio Agamben, especialmente no interior de seu projeto filosófico Homo Sacer, relacionando-o ao que o autor designa como paradigma biopolítico contemporâneo, isto é, aos campos de concentração e ao estado de exceção permanente, que se alastra pelas sociedades complexas do início deste século XXI. A hipótese é de que, se o corpo-máquina é produzido no contexto anátomo-político disciplinar e o corpo-espécie no contexto biopolítico, logo um novo tipo de corpo é requerido no contexto em que ambas as tecnologias se entrecruzam. Com efeito, nessa zona de indiferenciação em que as técnicas de individualização e os procedimentos totalizantes se tocam, emerge o corpo sobrevivo, como categoria política mais adequada para apreender as formas com que as vidas nuas são desigualmente expostas à extração de vitalidade e, consequentemente, ligadas à estrutura de reprodução da própria exceção. Em outras palavras, o processo de centralização da vida nua nos cálculos do poder se incumbe de fazer sobreviver um corpo em prontidão, que se põe à serviço do paradigma que o governa, internalizando assim as disciplinas, autodisciplinas, as tecnologias biopolíticas e de controle. Coagido por dentro e por fora, esse corpo é alocado por critérios racistas em verdadeiras zonas infernais de guerra que possibilitam uma maior extração de suas forças, fechando, assim, o horizonte da experiência.
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RENAN RODRIGUES GOMES
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Diálogo entre Herbert Marcuse e Paulo Freire: Uma Proposta de Libertação da Ideologia da Técnica a partir da “Pedagogia do Oprimido”
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Orientador : SILVIO RICARDO GOMES CARNEIRO
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Data: 27/02/2024
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Paulo Freire, em sua crítica à educação bancária em Pedagogia do Oprimido faz uma análise da educação tecnicista. Para tanto, o filósofo educador vai até a crítica à ideologia da sociedade industrial de Herbert Marcuse. Marcuse mostra que a razão técnica desenvolvida na modernidade converte o caráter reflexivo do pensamento em sua instrumentalidade. Ao assumir um ponto de vista universal, a finalidade da razão passa a ser o controle total da natureza e, por conseguinte, do meio social. Esse modo instrumental de pensar é quantitativo; toma formas ontológicas; e, abstraindo a realidade concreta do sujeito histórico, torna-se o modo dominante de pensar a realidade, ou melhor, é a forma ideológica do pensamento da sociedade capitalista do bem-estar social. Essa ideologia é exportada do Ocidente para ser imposta à consciência do oprimido e, como consequência, nega a humanidade e a construção da realidade pelos esfarrapados do mundo. A fim de combater essa ideologia que gera a opressão nas sociedades emergentes do “terceiro mundo”, questionamos como os textos “Homem Unidimensional” e “Eros e Civilização” de Herbert Marcuse podem nos ajudar a compreender as contradições de uma sociedade em trânsito que necessita a construção de uma pedagogia para o oprimido?
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Paulo Freire, em sua crítica à educação bancária em Pedagogia do Oprimido faz uma análise da educação tecnicista. Para tanto, o filósofo educador vai até a crítica à ideologia da sociedade industrial de Herbert Marcuse. Marcuse mostra que a razão técnica desenvolvida na modernidade converte o caráter reflexivo do pensamento em sua instrumentalidade. Ao assumir um ponto de vista universal, a finalidade da razão passa a ser o controle total da natureza e, por conseguinte, do meio social. Esse modo instrumental de pensar é quantitativo; toma formas ontológicas; e, abstraindo a realidade concreta do sujeito histórico, torna-se o modo dominante de pensar a realidade, ou melhor, é a forma ideológica do pensamento da sociedade capitalista do bem-estar social. Essa ideologia é exportada do Ocidente para ser imposta à consciência do oprimido e, como consequência, nega a humanidade e a construção da realidade pelos esfarrapados do mundo. A fim de combater essa ideologia que gera a opressão nas sociedades emergentes do “terceiro mundo”, questionamos como os textos “Homem Unidimensional” e “Eros e Civilização” de Herbert Marcuse podem nos ajudar a compreender as contradições de uma sociedade em trânsito que necessita a construção de uma pedagogia para o oprimido?
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ANA LUÍSA COUTINHO FIALHO
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O CINEMA EM GILLES DELEUZE E SUA CONEXÃO COM A FILOSOFIA BERGSONIANA
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Orientador : ANDRE LUIS LA SALVIA
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Data: 28/02/2024
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Em Cinema 1 – A Imagem-Movimento e Cinema 2 - A Imagem Tempo, Deleuze constrói sua filosofia a respeito do cinema tendo como ponto de partida a análise da filosofia bergsoniana. O conceito de movimento, presente em A Evolução Criadora, e de imagem, em Matéria e Memória, são peças-chave nesse processo, principalmente em Cinema 1, obra voltada ao cinema pré-guerra. A partir daí, outros conceitos bergsonianos serão utilizados com viés cinematográfico. Em Cinema 2, obra na qual Deleuze trata do cinema de vanguarda do pós-guerra, surge o conceito de imagem-tempo que se conecta com outras camadas do pensamento bergsoniano. Bergson, que conviveu com o cinema em seus primórdios (final do séc. XIX e início do séc. XX), faz menção a ele com uma concepção muito avessa àquela que a filosofia deleuziana viria a ter posteriormente. Apesar disso, sua crítica à maneira pela qual construímos nossa noção de movimento enquanto humanos acaba conectando-se diretamente ao cinema pós-montagem, fertilizando um solo riquíssimo de análises filosóficas sobre a sétima arte. Ao longo de quatro comentários a Bergson, Deleuze funde sua Filosofia do Cinema à filosofia bergsoniana e nos mostra grandes interlocuções possíveis entre a arte e a filosofia, até mesmo materializando um campo comum: a duração, que Bergson define enquanto conceito filosófico e que Deleuze mostra que está, de fato, representada no cinema. A presente pesquisa teve sua metodologia voltada à análise do material bibliográfico primário de ambos os autores bem como o estabelecimento de diálogos com outros pesquisadores que transpassaram a temática abordada.
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Em Cinema 1 – A Imagem-Movimento e Cinema 2 - A Imagem Tempo, Deleuze constrói sua filosofia a respeito do cinema tendo como ponto de partida a análise da filosofia bergsoniana. O conceito de movimento, presente em A Evolução Criadora, e de imagem, em Matéria e Memória, são peças-chave nesse processo, principalmente em Cinema 1, obra voltada ao cinema pré-guerra. A partir daí, outros conceitos bergsonianos serão utilizados com viés cinematográfico. Em Cinema 2, obra na qual Deleuze trata do cinema de vanguarda do pós-guerra, surge o conceito de imagem-tempo que se conecta com outras camadas do pensamento bergsoniano. Bergson, que conviveu com o cinema em seus primórdios (final do séc. XIX e início do séc. XX), faz menção a ele com uma concepção muito avessa àquela que a filosofia deleuziana viria a ter posteriormente. Apesar disso, sua crítica à maneira pela qual construímos nossa noção de movimento enquanto humanos acaba conectando-se diretamente ao cinema pós-montagem, fertilizando um solo riquíssimo de análises filosóficas sobre a sétima arte. Ao longo de quatro comentários a Bergson, Deleuze funde sua Filosofia do Cinema à filosofia bergsoniana e nos mostra grandes interlocuções possíveis entre a arte e a filosofia, até mesmo materializando um campo comum: a duração, que Bergson define enquanto conceito filosófico e que Deleuze mostra que está, de fato, representada no cinema. A presente pesquisa teve sua metodologia voltada à análise do material bibliográfico primário de ambos os autores bem como o estabelecimento de diálogos com outros pesquisadores que transpassaram a temática abordada.
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LUIZ RENATO SEIXAS MAFFEI
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Imaginação e passividade em Espinosa
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Orientador : JOSE LUIZ BASTOS NEVES
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Data: 10/04/2024
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Sobre o tratamento que Espinosa dá à imaginação, tem sido frequente apontar a possibilidade de reabilitá-la enquanto virtude humana, em vista de um uso ativo e livre, como diferencial da Ética perante outras obras. De outro modo, esta pesquisa pretende investigar como os aspectos limitados e limitantes da imaginação também receberam um aporte conceitual na Ética. Para tanto, inicialmente será preciso distinguir o sentido em que se pode afirmar uma passividade da imaginação, referente à conformação das ideias inadequadas das afecções do corpo, cujas causas suplantam a nossa potência. Daqui seguirá um exame de como diferentes modos de imaginar podem ser relacionados à força das paixões, problema suscitado na leitura da Parte 4 da Ética.
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Sobre o tratamento que Espinosa dá à imaginação, tem sido frequente apontar a possibilidade de reabilitá-la enquanto virtude humana, em vista de um uso ativo e livre, como diferencial da Ética perante outras obras. De outro modo, esta pesquisa pretende investigar como os aspectos limitados e limitantes da imaginação também receberam um aporte conceitual na Ética. Para tanto, inicialmente será preciso distinguir o sentido em que se pode afirmar uma passividade da imaginação, referente à conformação das ideias inadequadas das afecções do corpo, cujas causas suplantam a nossa potência. Daqui seguirá um exame de como diferentes modos de imaginar podem ser relacionados à força das paixões, problema suscitado na leitura da Parte 4 da Ética.
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ULISSES ALBERTO PEREIRA
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O HOMEM BATAILLEANO
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Orientador : CARLOS EDUARDO RIBEIRO
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Data: 19/04/2024
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A presente pesquisa visa compreender o trabalho filosófico-literário de Georges Bataille. Para isso, partiremos da análise da antropogênese do autor para compreendermos a formação e os processos de humanização a partir da animalidade, incluindo a apreensão da técnica, a construção das ferramentas, a formação de uma comunidade e a criação dos interditos; também estudaremos as relações do homem com o interdito, a transgressão e as diferentes formas de erotismo. Em suma, trata-se de estudar os diversos conceitos propostos pelo autor e seus desdobramentos possíveis através da figura do homem batailleano.
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A presente pesquisa visa compreender o trabalho filosófico-literário de Georges Bataille. Para isso, partiremos da análise da antropogênese do autor para compreendermos a formação e os processos de humanização a partir da animalidade, incluindo a apreensão da técnica, a construção das ferramentas, a formação de uma comunidade e a criação dos interditos; também estudaremos as relações do homem com o interdito, a transgressão e as diferentes formas de erotismo. Em suma, trata-se de estudar os diversos conceitos propostos pelo autor e seus desdobramentos possíveis através da figura do homem batailleano.
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ALINE MICAELA DUQUE DA COSTA
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Ontologia e Libertação em Paulo Freire: análise das obras iniciais (1959-1969)
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Orientador : DANIEL PANSARELLI
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Data: 30/04/2024
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Esta dissertação de mestrado tem como objetivo discutir o ser ontológico de Paulo Freire segundo a dialética existente em suas obras produzidas no período de 1959 e 1969, além de refletir sobre a educação como instrumento catalisador deste ser. A libertação dos oprimidos torna-se uma reflexão que é veementemente recorrente neste texto, uma vez que libertar-se é princípio fundamente das transformações sociais necessárias à realidade dos oprimidos. O texto, portanto, perpassa pelas seguintes obras de Freire: Educação e Atualidade Brasileira (1959), Educação como Prática da Liberdade (1967) e Pedagogia do Oprimido (1969). Obras estas que aqui são consideradas como essenciais na reflexão do sujeito pensante, crítico e questionador frente ao seu antagônico ser cultural e histórico acomodado, conformado e condenado à involução que lhe é imposta. No campo da discussão, este texto está dividido em três capítulos que dissertam, no primeiro, sobre o que é a liberdade e a libertação para Freire, e nele discorreremos sobre diversas implicações inerentes ao processo de emancipação social e as consequências do seu usufruto, da sua conquista, do seu poder transformador; no segundo, sobre como a educação se coloca como instrumento da práxis, com a qual é possível discernir sobre o momento em que ela se coloca como ferramenta de transformação dos sujeitos e de como, em seguida, ela precisa tornar-se na ferramenta de manutenção desta transformação; trata-se da educação sendo discutida e compreendida no seu próprio ato, na concretude da sua relação com o educando; e, por fim, o terceiro apresentando a ação e a reflexão como viabilidade real para a libertação, uma vez que esta não acontece permanecendo apenas no campo da teoria e as ações, na mesma proporção, não alcançam qualquer resultado sem, antes, ter havido devida organização, reflexão e aprofundamento sobre o que se pretende executar. Álvaro Vieira Pinto aparece neste fundamento por reconhecermos seu fundamento teórico como uma base a muito do que Freire debateu em seus textos, especialmente Educação e Atualidade Brasileira, mas outros autores aqui se inserem na caminhada em discutir o oprimido e as suas complicações nunca sociedade que tem como sua principal herança a colonização, atentando-se à relação do opressor com o oprimido como sintomas desta sociedade. Enrique Dussel, Edward Said, Moacir Gadotti, Ivo Dickmann, Herbert Marcuse e José Eustáquio Romão, dentre tantos outros mais, aparecem no decorrer do corpo deste texto como suporte à nossa dissertação nos esclarecendo e nos auxiliando na construção do nosso pensamento.
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Esta dissertação de mestrado tem como objetivo discutir o ser ontológico de Paulo Freire segundo a dialética existente em suas obras produzidas no período de 1959 e 1969, além de refletir sobre a educação como instrumento catalisador deste ser. A libertação dos oprimidos torna-se uma reflexão que é veementemente recorrente neste texto, uma vez que libertar-se é princípio fundamente das transformações sociais necessárias à realidade dos oprimidos. O texto, portanto, perpassa pelas seguintes obras de Freire: Educação e Atualidade Brasileira (1959), Educação como Prática da Liberdade (1967) e Pedagogia do Oprimido (1969). Obras estas que aqui são consideradas como essenciais na reflexão do sujeito pensante, crítico e questionador frente ao seu antagônico ser cultural e histórico acomodado, conformado e condenado à involução que lhe é imposta. No campo da discussão, este texto está dividido em três capítulos que dissertam, no primeiro, sobre o que é a liberdade e a libertação para Freire, e nele discorreremos sobre diversas implicações inerentes ao processo de emancipação social e as consequências do seu usufruto, da sua conquista, do seu poder transformador; no segundo, sobre como a educação se coloca como instrumento da práxis, com a qual é possível discernir sobre o momento em que ela se coloca como ferramenta de transformação dos sujeitos e de como, em seguida, ela precisa tornar-se na ferramenta de manutenção desta transformação; trata-se da educação sendo discutida e compreendida no seu próprio ato, na concretude da sua relação com o educando; e, por fim, o terceiro apresentando a ação e a reflexão como viabilidade real para a libertação, uma vez que esta não acontece permanecendo apenas no campo da teoria e as ações, na mesma proporção, não alcançam qualquer resultado sem, antes, ter havido devida organização, reflexão e aprofundamento sobre o que se pretende executar. Álvaro Vieira Pinto aparece neste fundamento por reconhecermos seu fundamento teórico como uma base a muito do que Freire debateu em seus textos, especialmente Educação e Atualidade Brasileira, mas outros autores aqui se inserem na caminhada em discutir o oprimido e as suas complicações nunca sociedade que tem como sua principal herança a colonização, atentando-se à relação do opressor com o oprimido como sintomas desta sociedade. Enrique Dussel, Edward Said, Moacir Gadotti, Ivo Dickmann, Herbert Marcuse e José Eustáquio Romão, dentre tantos outros mais, aparecem no decorrer do corpo deste texto como suporte à nossa dissertação nos esclarecendo e nos auxiliando na construção do nosso pensamento.
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PEDRO HENRIQUE PEREIRA
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A GÊNESE HISTÓRICO-ONTOLÓGICA DO ESTRANHAMENTO PELA “MANIPULAÇÃO UNIVERSAL” SEGUNDO GYÖRGY LUKÁCS
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Orientador : FERNANDO COSTA MATTOS
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Data: 13/05/2024
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No segundo volume de ‘Para uma Ontologia do Ser social’, Lukács inicia o capítulo sobre o estranhamento caracterizando este como “um fenômeno exclusivamente histórico-social”, que assume “formas historicamente sempre diferentes”, a depender das especificidades do momento histórico, do modo de produção, da sociedade e da cultura em que ele ocorre. Entretanto, apesar das diferentes formas que o fenômeno do estranhamento assume, Lukács analisa que há uma essência substancial deste, que pode ser sintetizada na seguinte definição geral:
“o desenvolvimento das forças produtivas é necessariamente ao mesmo tempo o desenvolvimento das capacidades humanas. Contudo – e nesse ponto o problema do estranhamento vem concretamente à luz do dia –, o desenvolvimento das capacidades humanas não acarreta necessariamente um desenvolvimento da personalidade humana. Pelo contrário: justamente por meio do incremento das capacidades singulares ele pode deformar, rebaixar etc. a personalidade humana.”
Em outras palavras, o estranhamento pode ser definido como um fenômeno histórico-social que ocorre quando há um antagonismo entre o desenvolvimento das capacidades singulares dos indivíduos e o desenvolvimento de suas personalidades, de forma que o desenvolvimento das segundas é obstaculizado pelo desenvolvimento das primeiras.
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No segundo volume de ‘Para uma Ontologia do Ser social’, Lukács inicia o capítulo sobre o estranhamento caracterizando este como “um fenômeno exclusivamente histórico-social”, que assume “formas historicamente sempre diferentes”, a depender das especificidades do momento histórico, do modo de produção, da sociedade e da cultura em que ele ocorre. Entretanto, apesar das diferentes formas que o fenômeno do estranhamento assume, Lukács analisa que há uma essência substancial deste, que pode ser sintetizada na seguinte definição geral:
“o desenvolvimento das forças produtivas é necessariamente ao mesmo tempo o desenvolvimento das capacidades humanas. Contudo – e nesse ponto o problema do estranhamento vem concretamente à luz do dia –, o desenvolvimento das capacidades humanas não acarreta necessariamente um desenvolvimento da personalidade humana. Pelo contrário: justamente por meio do incremento das capacidades singulares ele pode deformar, rebaixar etc. a personalidade humana.”
Em outras palavras, o estranhamento pode ser definido como um fenômeno histórico-social que ocorre quando há um antagonismo entre o desenvolvimento das capacidades singulares dos indivíduos e o desenvolvimento de suas personalidades, de forma que o desenvolvimento das segundas é obstaculizado pelo desenvolvimento das primeiras.
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KLEBER SILVA BERNARDO
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O X DE XAI: Uma análise do conceito de explicação para Inteligência Artificial Explicável
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Orientador : RENATO RODRIGUES KINOUCHI
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Data: 27/05/2024
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O desenvolvimento da inteligência artificial está na vanguarda das pesquisas científicas e econômicas. Um dos tipos de inteligência artificial mais investigados atualmente é o da inteligência artificial explicável. Esse modelo pretende ser transparente, ou seja, o usuário compreende o processo de tomada de decisão da inteligência artificial. Esta pesquisa analisa o conceito de explicação no contexto da inteligência artificial explicável, uma vez que o conceito é amplamente utilizado na literatura da inteligência artificial, contudo, não é desenvolvida e ignora que há uma literatura sobre o tema em filosofia da ciência. Em particular, a abordagem unificacionista desenvolvida por Schurz é avaliada e defendida. Após uma apresentação da história e da parte teórica da inteligência artificial, segue-se uma discussão do unificacionismo em filosofia da ciência, para, finalmente, analisar o conceito de explicação, tal como debatido em filosofia da ciência, na inteligência artificial. Outros conceitos utilizados na literatura da inteligência artificial explicável, que estão presentes na filosofia, também são investigados, como a compreensão e a interpretação.
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O desenvolvimento da inteligência artificial está na vanguarda das pesquisas científicas e econômicas. Um dos tipos de inteligência artificial mais investigados atualmente é o da inteligência artificial explicável. Esse modelo pretende ser transparente, ou seja, o usuário compreende o processo de tomada de decisão da inteligência artificial. Esta pesquisa analisa o conceito de explicação no contexto da inteligência artificial explicável, uma vez que o conceito é amplamente utilizado na literatura da inteligência artificial, contudo, não é desenvolvida e ignora que há uma literatura sobre o tema em filosofia da ciência. Em particular, a abordagem unificacionista desenvolvida por Schurz é avaliada e defendida. Após uma apresentação da história e da parte teórica da inteligência artificial, segue-se uma discussão do unificacionismo em filosofia da ciência, para, finalmente, analisar o conceito de explicação, tal como debatido em filosofia da ciência, na inteligência artificial. Outros conceitos utilizados na literatura da inteligência artificial explicável, que estão presentes na filosofia, também são investigados, como a compreensão e a interpretação.
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VINICIUS PAIOLA DE OLIVEIRA
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Heidegger e o problema da animalidade: a tensão da fenomenologia hermenêutica com a circunscrição da vida
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Orientador : FERNANDO COSTA MATTOS
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Data: 27/06/2024
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Nesta dissertação discuto e mapeio o panorama compreensivo do animal como representante do modo de ser da vida no interior da filosofia de Martin Heidegger durante a década de 1920 do ponto de vista de seu método. Para fazer isso, recorro a uma perspectiva originada dos Estudos Animais como forma de situar a temática e suas questões mais pertinentes, particularmente no que tange a relacionalidade entre o humano e o animal. Embora usualmente o tema seja remetido ao curso de 1929/1930 – Os Conceitos Fundamentais da Metafísica – devido ao seu aprofundamento temático, provou-se oportuno seguir e radicalizar a indicação de Diana Aurenque de uma análise e enquadramento das questões prévias à preleção. Nesse sentido, o trabalho foi dividido em duas partes a fim de acompanhar o desenvolvimento metodológico do autor e, por meio dele, ganhar um fio condutor adequado para a análise da preleção. Nos primeiros dois capítulos, elaboro o procedimento utilizado pelo autor sob o nome da fenomenologia hermenêutica e sua aplicação para o caso do animal através de uma recuperação e comparação com os tratamentos análogos em duas de suas principais influências, Edmund Husserl e Wilhelm Dilthey. O resultado dessa primeira parte é a constatação de um pressuposto metodológico de transparência de si cuja transposição para o caso dos animais e do modo de ser da vida incorre em uma série de dificuldades que resultam da colisão com outros pressupostos da ontologia fundamental, em especial a noção de que o humano – indicado formalmente como Dasein – é o ente assinalado em relação a todos os outros. Isso permite a conquista de uma chave de leitura para a ameaça que o modo de ser do animal representa, em termos compreensivos, para a circunscrição do humano. A segunda parte se aproveita disso para ler a preleção de 1929/30 e meditar sobre o papel do animal no interior da comparação entre pedra, animal e humano e suas condições de acesso e descrição. Os capítulos que compõem esta parte apresentam análises mais detidas sobre as dificuldades e problemáticas propondo, por vezes, um estilo de escrita ensaístico. No terceiro capítulo procuro fazer um esboço e destacar o lugar central que o animal tem na argumentação do autor, enfatizando particularmente as dificuldades incorridas com a interpretação privativa e o fechamento do horizonte relacional entre humano e animal. No quarto capítulo avalio o giro etológico do autor para descrever os entes vivos através de um apoio das elaborações científicas e de que forma isso traz um paralelismo com o conceito de selvagem. No último capítulo trato a radicalização da leitura aristotélica do autor e de que forma isso conduz para uma elaboração da agência a partir de critérios "espirituais" e submete, assim, os animais à impossibilidade de agir.
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Nesta dissertação discuto e mapeio o panorama compreensivo do animal como representante do modo de ser da vida no interior da filosofia de Martin Heidegger durante a década de 1920 do ponto de vista de seu método. Para fazer isso, recorro a uma perspectiva originada dos Estudos Animais como forma de situar a temática e suas questões mais pertinentes, particularmente no que tange a relacionalidade entre o humano e o animal. Embora usualmente o tema seja remetido ao curso de 1929/1930 – Os Conceitos Fundamentais da Metafísica – devido ao seu aprofundamento temático, provou-se oportuno seguir e radicalizar a indicação de Diana Aurenque de uma análise e enquadramento das questões prévias à preleção. Nesse sentido, o trabalho foi dividido em duas partes a fim de acompanhar o desenvolvimento metodológico do autor e, por meio dele, ganhar um fio condutor adequado para a análise da preleção. Nos primeiros dois capítulos, elaboro o procedimento utilizado pelo autor sob o nome da fenomenologia hermenêutica e sua aplicação para o caso do animal através de uma recuperação e comparação com os tratamentos análogos em duas de suas principais influências, Edmund Husserl e Wilhelm Dilthey. O resultado dessa primeira parte é a constatação de um pressuposto metodológico de transparência de si cuja transposição para o caso dos animais e do modo de ser da vida incorre em uma série de dificuldades que resultam da colisão com outros pressupostos da ontologia fundamental, em especial a noção de que o humano – indicado formalmente como Dasein – é o ente assinalado em relação a todos os outros. Isso permite a conquista de uma chave de leitura para a ameaça que o modo de ser do animal representa, em termos compreensivos, para a circunscrição do humano. A segunda parte se aproveita disso para ler a preleção de 1929/30 e meditar sobre o papel do animal no interior da comparação entre pedra, animal e humano e suas condições de acesso e descrição. Os capítulos que compõem esta parte apresentam análises mais detidas sobre as dificuldades e problemáticas propondo, por vezes, um estilo de escrita ensaístico. No terceiro capítulo procuro fazer um esboço e destacar o lugar central que o animal tem na argumentação do autor, enfatizando particularmente as dificuldades incorridas com a interpretação privativa e o fechamento do horizonte relacional entre humano e animal. No quarto capítulo avalio o giro etológico do autor para descrever os entes vivos através de um apoio das elaborações científicas e de que forma isso traz um paralelismo com o conceito de selvagem. No último capítulo trato a radicalização da leitura aristotélica do autor e de que forma isso conduz para uma elaboração da agência a partir de critérios "espirituais" e submete, assim, os animais à impossibilidade de agir.
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ERIK VINICIUS TORRANO DO ESPÍRITO SANTO
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A filosofia política de Charles Taylor em diálogo com o liberalismo igualitário
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Orientador : FERNANDO COSTA MATTOS
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Data: 21/08/2024
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Esta dissertação busca analisar o diálogo entre a filosofia política de Charles Taylor e a corrente política do liberalismo igualitário, através dos escritos filosóficos de John Rawls e Will Kymlicka. Partindo do conceito de identidade desenvolvido por Taylor, mostraremos como a ação ética é colocada contra um pano de fundo de valores construídos historicamente por meio da comunidade, com o auxílio da linguagem e dos valores atrelados ao vocabulário que a comunidade cria, de maneira que se torne necessário pensar a ética de um ponto de vista não universalista. A partir daí, iniciaremos o diálogo com os escritos e reflexões de Rawls e Kymlicka, onde nosso foco de pesquisa serão as críticas e concordâncias que Taylor possui em relação aos pensamentos dos autores. Analisaremos as aproximações que os três autores possuem em referência à descrição ontológica social, demonstrando que os mesmos concordam sobre a impossibilidade de um fundamento ontológico social atomista. Em seguida, verificaremos os afastamentos que surgem a partir das propostas éticas dos autores, onde Taylor defende uma ética que coloca em evidência o caráter participativo e não universal das respostas aos dilemas éticos, enquanto Rawls defende uma concepção de ética que destaca os indivíduos e suas liberdades, bem como a necessidade de processos decisórios que garantam a neutralidade do Estado. Por sua vez, Kymlicka procura destacar o respeito às liberdades individuais, flexibilizando, no entanto, a neutralidade do Estado visando a promoção da igualdade entre diferentes grupos sociais, sem deixar de colocar ênfase nos processos decisórios. Dessa forma, culminaremos na análise dos principais fatores de legitimação das decisões políticas para os autores, onde Taylor coloca maior destaque na produção de soluções participativas que não sejam restritas a métodos e princípios liberais previamente estabelecidos, enquanto os autores liberais igualitários enxergam a legitimação justamente nos processos previamente estabelecidos com base em princípios liberais, sendo que Kymlicka tem maior preocupação com um processo que leve em conta reivindicações individuais e comunitárias. A partir daí, retomaremos com maior cuidado apenas os escritos de Taylor para que possamos verificar como o autor interpreta conceitos liberais caros à sociedade moderna — liberdade, esfera pública, sociedade civil — de uma perspectiva republicana, buscando, desta forma, concatenar as raízes históricas do liberalismo e do republicanismo na modernidade.
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Esta dissertação busca analisar o diálogo entre a filosofia política de Charles Taylor e a corrente política do liberalismo igualitário, através dos escritos filosóficos de John Rawls e Will Kymlicka. Partindo do conceito de identidade desenvolvido por Taylor, mostraremos como a ação ética é colocada contra um pano de fundo de valores construídos historicamente por meio da comunidade, com o auxílio da linguagem e dos valores atrelados ao vocabulário que a comunidade cria, de maneira que se torne necessário pensar a ética de um ponto de vista não universalista. A partir daí, iniciaremos o diálogo com os escritos e reflexões de Rawls e Kymlicka, onde nosso foco de pesquisa serão as críticas e concordâncias que Taylor possui em relação aos pensamentos dos autores. Analisaremos as aproximações que os três autores possuem em referência à descrição ontológica social, demonstrando que os mesmos concordam sobre a impossibilidade de um fundamento ontológico social atomista. Em seguida, verificaremos os afastamentos que surgem a partir das propostas éticas dos autores, onde Taylor defende uma ética que coloca em evidência o caráter participativo e não universal das respostas aos dilemas éticos, enquanto Rawls defende uma concepção de ética que destaca os indivíduos e suas liberdades, bem como a necessidade de processos decisórios que garantam a neutralidade do Estado. Por sua vez, Kymlicka procura destacar o respeito às liberdades individuais, flexibilizando, no entanto, a neutralidade do Estado visando a promoção da igualdade entre diferentes grupos sociais, sem deixar de colocar ênfase nos processos decisórios. Dessa forma, culminaremos na análise dos principais fatores de legitimação das decisões políticas para os autores, onde Taylor coloca maior destaque na produção de soluções participativas que não sejam restritas a métodos e princípios liberais previamente estabelecidos, enquanto os autores liberais igualitários enxergam a legitimação justamente nos processos previamente estabelecidos com base em princípios liberais, sendo que Kymlicka tem maior preocupação com um processo que leve em conta reivindicações individuais e comunitárias. A partir daí, retomaremos com maior cuidado apenas os escritos de Taylor para que possamos verificar como o autor interpreta conceitos liberais caros à sociedade moderna — liberdade, esfera pública, sociedade civil — de uma perspectiva republicana, buscando, desta forma, concatenar as raízes históricas do liberalismo e do republicanismo na modernidade.
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RAFAEL DE OLIVEIRA GONÇALVES
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Paulo Freire e a diretividade: uma análise das obras de 1959 a 1968
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Orientador : DANIEL PANSARELLI
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Data: 21/08/2024
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Pretende-se, neste estudo, analisar o trajeto teórico de Paulo Freire em suas obras de 1959 a 1968, com ênfase nas discussões em torno da “diretividade” ou “não-diretividade” do processo educativo. O autor, nos anos de 1990, definiu que toda prática educativa, seja autoritária ou democrática, possui um elemento diretivo (de direção) por parte do educador. Quando, porém, essa diretividade passa a restringir a competência criativa, formuladora e questionadora do educando, ela se transforma em manipulação e autoritarismo. No entanto, o percurso que o levou a este entendimento apresenta reflexões que são fundamentadas não só em diferentes fontes teóricas, mas em uma práxis, que o induziu a formulações e reformulações constantes. Se em Educação e Atualidade Brasileira (1959), influenciado pelo nacionalismo-desenvolvimentista do Instituto Superior de Estudos Brasileiros, Freire apresenta uma tese irrefletidamente diretiva, em Educação Como Prática da Liberdade (1965), por sua vez, sob influência do personalismo, da filosofia existencialista e de grupos católicos influenciados por ideais não-diretivas, ele passa a problematizar essa mesma diretividade. Esta problematização se aprofunda em Pedagogia do Oprimido (1968), porém, com contornos originais dentro de um novo quadro teórico (marxista). A questão, então, se volta para o problema da “propaganda libertadora” promovida por lideranças revolucionárias que “depositam” a crença da liberdade nos oprimidos, isto é, lançam mão de técnicas domesticadoras visando à libertação.
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Pretende-se, neste estudo, analisar o trajeto teórico de Paulo Freire em suas obras de 1959 a 1968, com ênfase nas discussões em torno da “diretividade” ou “não-diretividade” do processo educativo. O autor, nos anos de 1990, definiu que toda prática educativa, seja autoritária ou democrática, possui um elemento diretivo (de direção) por parte do educador. Quando, porém, essa diretividade passa a restringir a competência criativa, formuladora e questionadora do educando, ela se transforma em manipulação e autoritarismo. No entanto, o percurso que o levou a este entendimento apresenta reflexões que são fundamentadas não só em diferentes fontes teóricas, mas em uma práxis, que o induziu a formulações e reformulações constantes. Se em Educação e Atualidade Brasileira (1959), influenciado pelo nacionalismo-desenvolvimentista do Instituto Superior de Estudos Brasileiros, Freire apresenta uma tese irrefletidamente diretiva, em Educação Como Prática da Liberdade (1965), por sua vez, sob influência do personalismo, da filosofia existencialista e de grupos católicos influenciados por ideais não-diretivas, ele passa a problematizar essa mesma diretividade. Esta problematização se aprofunda em Pedagogia do Oprimido (1968), porém, com contornos originais dentro de um novo quadro teórico (marxista). A questão, então, se volta para o problema da “propaganda libertadora” promovida por lideranças revolucionárias que “depositam” a crença da liberdade nos oprimidos, isto é, lançam mão de técnicas domesticadoras visando à libertação.
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WALLACE TAVARES ALVES SÁ
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A RELAÇÃO ENTRE A FILOSOFIA E A RELIGIÃO EM DE VERA RELIGIONE DE AGOSTINHO
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Orientador : CRISTIANE NEGREIROS ABBUD AYOUB
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Data: 15/10/2024
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De vera religione, apesar de relevante para a obra agostiniana como um todo, ainda não apresenta expressiva quantidade de estudos acadêmicos em língua portuguesa, o que motiva a presente pesquisa. Nessa obra, Agostinho de Hipona apresenta uma conceituação de filosofia a partir do conceito de religião (cristã). Em meio a diversas filosofias e diversas religiões, Agostinho oferece a Romaniano alguns critérios para que se identifique e se diferencie a “verdadeira filosofia” e, entre eles, que ela seja “verdadeira religião”. “Verdadeira” religião não por simples associação com a “verdadeira” filosofia (entendida por ele, etimologicamente, como “amor à sabedoria”), mas por ambas serem a mesma mesma: a religião (cristã). Toda filosofia (verdadeira) é religião (cristã) e a religião cristã é filosofia. Ou seja, não existe oposição entre filosofia e essa religião. O que existe é completude. Nas falsas religiões, e portanto nas falsas filosofias, não há coesão nem coerência entre filosofia e religião. Elas prometem a sabedoria e a felicidade ao homem, mas não podem dar-lhes o que prometem, pois dependem dessa incoerência. Entretanto, isso não impede Agostinho de reconhecera a utilidade da filosofia grega, pois esta visa desenvolver a ratio, que é fundamental para a fé.
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De vera religione, apesar de relevante para a obra agostiniana como um todo, ainda não apresenta expressiva quantidade de estudos acadêmicos em língua portuguesa, o que motiva a presente pesquisa. Nessa obra, Agostinho de Hipona apresenta uma conceituação de filosofia a partir do conceito de religião (cristã). Em meio a diversas filosofias e diversas religiões, Agostinho oferece a Romaniano alguns critérios para que se identifique e se diferencie a “verdadeira filosofia” e, entre eles, que ela seja “verdadeira religião”. “Verdadeira” religião não por simples associação com a “verdadeira” filosofia (entendida por ele, etimologicamente, como “amor à sabedoria”), mas por ambas serem a mesma mesma: a religião (cristã). Toda filosofia (verdadeira) é religião (cristã) e a religião cristã é filosofia. Ou seja, não existe oposição entre filosofia e essa religião. O que existe é completude. Nas falsas religiões, e portanto nas falsas filosofias, não há coesão nem coerência entre filosofia e religião. Elas prometem a sabedoria e a felicidade ao homem, mas não podem dar-lhes o que prometem, pois dependem dessa incoerência. Entretanto, isso não impede Agostinho de reconhecera a utilidade da filosofia grega, pois esta visa desenvolver a ratio, que é fundamental para a fé.
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SANDINO PATRIOTA DE ALMEIDA COELHO
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Para uma filosofia do signo ideológico: uma introdução ao pensamento de Valentin Volóchinov.
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Data: 20/12/2024
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A análise conjunta dos textos produzidos por Valentin Nikoláievitch Volóchinov - no período em que este trabalhou como pesquisador e professor do Instituto de História Comparada das Literaturas e Línguas do Ocidente e do Oriente (ILIAZV) - é uma oportunidade para a reconsideração de várias problemas importantes da filosofia da linguagem, a partir da concepção do Signo linguístico enquanto um ente ideológico. Buscamos, através deste trabalho, fazer a identificação de um vocabulário de seu pensamento, indicando onde e como seus principais conceitos aparecem e como estão relacionados no interior da totalidade da obra, construindo coerência e progressão. Buscamos, ainda, fazer a descrição geral do contexto de produção de sua obra estabelecendo as ligações epistemológicas que lhes são próprias e procurando estabelecer os limites e as potencialidades de sua crítica e de sua fundamentação teórica, no que diz respeito à tradição marxista em filosofia e à escola do neokantismo, principais correntes teóricas que influenciaram sua produção.
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A análise conjunta dos textos produzidos por Valentin Nikoláievitch Volóchinov - no período em que este trabalhou como pesquisador e professor do Instituto de História Comparada das Literaturas e Línguas do Ocidente e do Oriente (ILIAZV) - é uma oportunidade para a reconsideração de várias problemas importantes da filosofia da linguagem, a partir da concepção do Signo linguístico enquanto um ente ideológico. Buscamos, através deste trabalho, fazer a identificação de um vocabulário de seu pensamento, indicando onde e como seus principais conceitos aparecem e como estão relacionados no interior da totalidade da obra, construindo coerência e progressão. Buscamos, ainda, fazer a descrição geral do contexto de produção de sua obra estabelecendo as ligações epistemológicas que lhes são próprias e procurando estabelecer os limites e as potencialidades de sua crítica e de sua fundamentação teórica, no que diz respeito à tradição marxista em filosofia e à escola do neokantismo, principais correntes teóricas que influenciaram sua produção.
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EUCLIDES ANDRÉ MANCE
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A Categoria de Libertação em Karl Marx
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Orientador : DANIEL PANSARELLI
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Data: 21/11/2024
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A tese trata da categoria de libertação (Befreiung) nos textos originais de Karl Marx, em passagens selecionadas nos 43 volumes em alemão da MEW – Karl Marx, Friedrich Engels, Werke (Berlim: Dietz Verlag), publicados até junho de 2023. Essas passagens foram cotejadas, conforme o caso, com os respectivos originais em inglês, publicados na MECW – Marx & Engels Collected Works (Londres: Lawrence & Wishart), ou em francês, inglês e alemão publicados na MEGA² – Marx-Engels Gesamtausgabe (Berlim: Akademie Verlag e Dietz Verlag Berlin). A pesquisa investigou todas as ocorrências do radical composto “befrei-” no conjunto da MEW, identificando a articulação recorrente de termos com significado de libertação com alguns outros em particular. A partir disso, foi gerado um mapeamento lógico das categorias primárias e secundárias relacionadas à libertação. O estudo sistematizou os conteúdos das passagens principais, conectando-os entre si, e explicitou diferentes extensões e compreensões dessa categoria em seu emprego por Marx no conjunto de sua obra. A pesquisa mostrou que a categoria de libertação é central na trajetória da elaboração do autor e que a sua articulação recorrente e consistente com outras categorias primárias e secundárias confere unidade e coerência ao seu pensamento ao tratar da libertação em áreas diversas, sob distintos aspectos; a pesquisa possibilitou, especialmente, conectar de modo orgânico o conjunto dessas elaborações por suas próprias interfaces analíticas e estratégicas. Posto que toda libertação requer os meios de sua realização, cuja produção está socialmente condicionada, tem-se por consequência a impossibilidade da autolibertação dos indivíduos isoladamente; por outra parte, dado o caráter contraditório das sociedades de classe, é igualmente impossível a libertação de todos os seres humanos em conjunto, de uma só vez. Para o autor, a supressão da privação dos meios necessários à realização das liberdades de todos e de cada qual é efetivada, progressivamente, com a livre associação comunal dos trabalhadores que, apropriando-se das forças produtivas, libertam o seu potencial na criação abundante de meios de produção e de consumo para o atendimento das necessidades das comunidades humanas, contando com as capacidades de cada qual em proveito do livre desenvolvimento das individualidades de todos. Em sua abordagem, o mesmo movimento intrínseco de expropriação capitalista, gerador de monopólios, segue operando nessa última fase, em que a produção cooperativada, libertando o potencial das forças produtivas, avança progressivamente na expropriação dos expropriadores, atendendo a volumes crescentes de demandas sociais com a reprodução ampliada do valor econômico. Ocorre assim a libertação do valor, do trabalho e da indústria, em movimento histórico similar ao do fenecimento do sistema feudal e ao surgimento do capitalismo, porém agora na transição do sistema capitalista ao sistema comunal, mediado pelo socialismo como fase intermédia. Nesse movimento tem-se, progressivamente, a abolição do mercado e do Estado, por serem mediadores da alienação econômica e política das comunidades humanas; e, em seu lugar, firma-se o poder público (öffentliche Gewalt) não-estatal, assentado no poder econômico e social dessas comunidades (Gemeinwesen), onde se realiza efetivamente a universalidade da natureza humana comunal. Desse modo, a libertação das forças produtivas, com o desenvolvimento científico e tecnológico aplicado à economia, não somente avança na libertação do tempo humano de trabalho, isto é, na expansão do tempo livre (freie Zeit) para todos, como consolida as bases materiais para a realização das liberdades individuais e públicas, asseguradas por novas formações sociais de natureza democrática, organizadas livremente, que superam a contradição entre as classes sociais e conduzem à abolição destas.
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A tese trata da categoria de libertação (Befreiung) nos textos originais de Karl Marx, em passagens selecionadas nos 43 volumes em alemão da MEW – Karl Marx, Friedrich Engels, Werke (Berlim: Dietz Verlag), publicados até junho de 2023. Essas passagens foram cotejadas, conforme o caso, com os respectivos originais em inglês, publicados na MECW – Marx & Engels Collected Works (Londres: Lawrence & Wishart), ou em francês, inglês e alemão publicados na MEGA² – Marx-Engels Gesamtausgabe (Berlim: Akademie Verlag e Dietz Verlag Berlin). A pesquisa investigou todas as ocorrências do radical composto “befrei-” no conjunto da MEW, identificando a articulação recorrente de termos com significado de libertação com alguns outros em particular. A partir disso, foi gerado um mapeamento lógico das categorias primárias e secundárias relacionadas à libertação. O estudo sistematizou os conteúdos das passagens principais, conectando-os entre si, e explicitou diferentes extensões e compreensões dessa categoria em seu emprego por Marx no conjunto de sua obra. A pesquisa mostrou que a categoria de libertação é central na trajetória da elaboração do autor e que a sua articulação recorrente e consistente com outras categorias primárias e secundárias confere unidade e coerência ao seu pensamento ao tratar da libertação em áreas diversas, sob distintos aspectos; a pesquisa possibilitou, especialmente, conectar de modo orgânico o conjunto dessas elaborações por suas próprias interfaces analíticas e estratégicas. Posto que toda libertação requer os meios de sua realização, cuja produção está socialmente condicionada, tem-se por consequência a impossibilidade da autolibertação dos indivíduos isoladamente; por outra parte, dado o caráter contraditório das sociedades de classe, é igualmente impossível a libertação de todos os seres humanos em conjunto, de uma só vez. Para o autor, a supressão da privação dos meios necessários à realização das liberdades de todos e de cada qual é efetivada, progressivamente, com a livre associação comunal dos trabalhadores que, apropriando-se das forças produtivas, libertam o seu potencial na criação abundante de meios de produção e de consumo para o atendimento das necessidades das comunidades humanas, contando com as capacidades de cada qual em proveito do livre desenvolvimento das individualidades de todos. Em sua abordagem, o mesmo movimento intrínseco de expropriação capitalista, gerador de monopólios, segue operando nessa última fase, em que a produção cooperativada, libertando o potencial das forças produtivas, avança progressivamente na expropriação dos expropriadores, atendendo a volumes crescentes de demandas sociais com a reprodução ampliada do valor econômico. Ocorre assim a libertação do valor, do trabalho e da indústria, em movimento histórico similar ao do fenecimento do sistema feudal e ao surgimento do capitalismo, porém agora na transição do sistema capitalista ao sistema comunal, mediado pelo socialismo como fase intermédia. Nesse movimento tem-se, progressivamente, a abolição do mercado e do Estado, por serem mediadores da alienação econômica e política das comunidades humanas; e, em seu lugar, firma-se o poder público (öffentliche Gewalt) não-estatal, assentado no poder econômico e social dessas comunidades (Gemeinwesen), onde se realiza efetivamente a universalidade da natureza humana comunal. Desse modo, a libertação das forças produtivas, com o desenvolvimento científico e tecnológico aplicado à economia, não somente avança na libertação do tempo humano de trabalho, isto é, na expansão do tempo livre (freie Zeit) para todos, como consolida as bases materiais para a realização das liberdades individuais e públicas, asseguradas por novas formações sociais de natureza democrática, organizadas livremente, que superam a contradição entre as classes sociais e conduzem à abolição destas.
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