Além do princípio de desempenho: uma análise da influência da dialética hegeliana na crítica imanente de Marcuse em Eros e civilização
O objetivo desta pesquisa é compreender a influência de Hegel em Eros e Civilização, a partir de uma análise das concepções de dialética, negatividade e crítica imanente, tal como mobilizadas por Marcuse nessa obra com o intuito de pensar a superação do princípio de desempenho. A hipótese que orienta essa pesquisa é a de que o quadro de análise da dialética hegeliana é continuamente mobilizado pelo autor no percurso que o leva a Eros e civilização, - algo que pode ser observado na mobilização de elementos da dialética das categorias modais na transição entre as duas partes da obra - mesmo que o autor se afaste de Hegel em alguns pontos. O primeiro deles, já evidente em Razão e revolução, corresponde a uma inflexão materialista, mediada por Marx, que substitui o foco ontológico de Hegel pela tarefa da compreensão e engajamento na realidade social. O segundo, diz respeito à incorporação da dimensão pulsional na análise dessa realidade, via Freud, em Eros e civilização. Tendo isso em vista, este trabalho será realizado em duas etapas. Na primeira delas, o intuito é analisar o modelo de crítica imanente resultante do resgate que Marcuse faz de Hegel, mediado por Marx, no livro de 1941 e no prefácio de 1960. Em seguida, analisaremos de que modo esse modelo opera em Eros e Civilização.