A filosofia política de Charles Taylor em diálogo com o liberalismo igualitário
Esta dissertação busca analisar o diálogo entre a filosofia política de Charles Taylor e a corrente política do liberalismo igualitário, através dos escritos filosóficos de John Rawls e Will Kymlicka. Partindo do conceito de identidade desenvolvido por Taylor, mostraremos como a ação ética é colocada contra um pano de fundo de valores construídos historicamente por meio da comunidade, com o auxílio da linguagem e dos valores atrelados ao vocabulário que a comunidade cria, de maneira que se torne necessário pensar a ética de um ponto de vista não universalista. A partir daí, iniciaremos o diálogo com os escritos e reflexões de Rawls e Kymlicka, onde nosso foco de pesquisa serão as críticas e concordâncias que Taylor possui em relação aos pensamentos dos autores. Analisaremos as aproximações que os três autores possuem em referência à descrição ontológica social, demonstrando que os mesmos concordam sobre a impossibilidade de um fundamento ontológico social atomista. Em seguida, verificaremos os afastamentos que surgem a partir das propostas éticas dos autores, onde Taylor defende uma ética que coloca em evidência o caráter participativo e não universal das respostas aos dilemas éticos, enquanto Rawls defende uma concepção de ética que destaca os indivíduos e suas liberdades, bem como a necessidade de processos decisórios que garantam a neutralidade do Estado. Por sua vez, Kymlicka procura destacar o respeito às liberdades individuais, flexibilizando, no entanto, a neutralidade do Estado visando a promoção da igualdade entre diferentes grupos sociais, sem deixar de colocar ênfase nos processos decisórios. Dessa forma, culminaremos na análise dos principais fatores de legitimação das decisões políticas para os autores, onde Taylor coloca maior destaque na produção de soluções participativas que não sejam restritas a métodos e princípios liberais previamente estabelecidos, enquanto os autores liberais igualitários enxergam a legitimação justamente nos processos previamente estabelecidos com base em princípios liberais, sendo que Kymlicka tem maior preocupação com um processo que leve em conta reivindicações individuais e comunitárias. A partir daí, retomaremos com maior cuidado apenas os escritos de Taylor para que possamos verificar como o autor interpreta conceitos liberais caros à sociedade moderna — liberdade, esfera pública, sociedade civil — de uma perspectiva republicana, buscando, desta forma, concatenar as raízes históricas do liberalismo e do republicanismo na modernidade.