Ontologia e Libertação em Paulo Freire: análise das obras iniciais (1959-1969)
Esta dissertação de mestrado tem como objetivo discutir o ser ontológico de Paulo Freire segundo a dialética existente em suas obras produzidas no período de 1959 e 1969, além de refletir sobre a educação como instrumento catalisador deste ser. A libertação dos oprimidos torna-se uma reflexão que é veementemente recorrente neste texto, uma vez que libertar-se é princípio fundamente das transformações sociais necessárias à realidade dos oprimidos. O texto, portanto, perpassa pelas seguintes obras de Freire: Educação e Atualidade Brasileira (1959), Educação como Prática da Liberdade (1967) e Pedagogia do Oprimido (1969). Obras estas que aqui são consideradas como essenciais na reflexão do sujeito pensante, crítico e questionador frente ao seu antagônico ser cultural e histórico acomodado, conformado e condenado à involução que lhe é imposta. No campo da discussão, este texto está dividido em três capítulos que dissertam, no primeiro, sobre o que é a liberdade e a libertação para Freire, e nele discorreremos sobre diversas implicações inerentes ao processo de emancipação social e as consequências do seu usufruto, da sua conquista, do seu poder transformador; no segundo, sobre como a educação se coloca como instrumento da práxis, com a qual é possível discernir sobre o momento em que ela se coloca como ferramenta de transformação dos sujeitos e de como, em seguida, ela precisa tornar-se na ferramenta de manutenção desta transformação; trata-se da educação sendo discutida e compreendida no seu próprio ato, na concretude da sua relação com o educando; e, por fim, o terceiro apresentando a ação e a reflexão como viabilidade real para a libertação, uma vez que esta não acontece permanecendo apenas no campo da teoria e as ações, na mesma proporção, não alcançam qualquer resultado sem, antes, ter havido devida organização, reflexão e aprofundamento sobre o que se pretende executar. Álvaro Vieira Pinto aparece neste fundamento por reconhecermos seu fundamento teórico como uma base a muito do que Freire debateu em seus textos, especialmente Educação e Atualidade Brasileira, mas outros autores aqui se inserem na caminhada em discutir o oprimido e as suas complicações nunca sociedade que tem como sua principal herança a colonização, atentando-se à relação do opressor com o oprimido como sintomas desta sociedade. Enrique Dussel, Edward Said, Moacir Gadotti, Ivo Dickmann, Herbert Marcuse e José Eustáquio Romão, dentre tantos outros mais, aparecem no decorrer do corpo deste texto como suporte à nossa dissertação nos esclarecendo e nos auxiliando na construção do nosso pensamento.